quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Governo vende por mil milhões a Caixa Seguros à chinesa Fosun.Grupo chinês interessado nas seguradoras da CGD encara outros investimentos em Portugal.


Chineses já estão na energia e no negócio das águas em Portugal
"Toda a gente me tem dito que Portugal é um país seguro e receptivo ao investimento chinês", afirmou o vice-presidente e director executivo do Fosun.
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Hummm … EDP, REN, Sector das ÁGUAS ... e … agora … CAIXA SEGUROS/VISTOS “GOLD” …
Portugal está a tornar-se numa porta de entrada do “investimento” chinês na Europa, "fase" mais sofisticada do que a primeira fase de avalanches de “quinquilharias” …
António Sérgio Rosa de Carvalho
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Venda da Caixa Seguros

“Dando de barato que a privatização dos seguros da Caixa era uma necessidade, o que não é uma evidência, é fundamental que o governo explique agora em pormenor as razões da opção por um grupo chinês em detrimento de outro ligado a capitais fundamentalmente americanos. Recorde-se que houve uma influente agência de rating, a Moody's, que considerou que a Fosun não tinha condições para ganhar. Agora que está feito o negócio, ao menos que se conheçam os seus fundamentos em detalhe.”
Por Por Eduardo Oliveira Silva in “Notas Soltas”

publicado em 11 Jan 2014 in (jornal) i online



Governo vende por mil milhões a Caixa Seguros à chinesa Fosun
CRISTINA FERREIRA 09/01/2014 – in Público

A Fosun pagou mil milhões de euros por 30% do mercado segurador português (Fidelidade e Multicare) e vai desenvolver uma parceira estratégica com a CGD, que mantém 15% da Caixa Seguros
O Governo escolheu a sociedade de capital risco chinesa Fosun International (Xangai, com ligação a Hong Kong) para adquirir 80% da Caixa Seguros (podendo ir até 85% se os trabalhadores não comprarem as acções que lhes estão reservadas).

O negócio, envolvendo um terço do mercado segurador português, foi de mil milhões de euros, mas o encaixe total ascende a quase 1209 milhões de euros, em resultado da distribuição prévia de dividendos de 208,9 milhões de euros. Esta é a terceira privatização realizada pelo actual executivo liderado por Pedro Passos Coelho a ser entregue a investidores chineses (Caixa Seguros, EDP, REN) e que no conjunto já renderam ao Estado cerca de quatro mil milhões de euros. 

A oferta da Fosun afastou a entregue pelo fundo de private equity norte-americano Apollo, também seleccionado pelo Governo para disputar a fase final do concurso de venda directa da maioria do capital da Caixa Seguros (nomeadamente a Fidelidade, Multicare, Seguros de Saúde, Cares e Companhia de Seguros).

“O Conselho de Ministros seleccionou a proposta da Fosun, em especial no que reporta ao encaixe financeiro, ao projecto estratégico, à minimização das condicionantes jurídicas e ao contributo para a preservação da unidade estratégica do grupo segurador", disse o secretário de Estado das Finanças, Manuel Rodrigues, no final da reunião desta quinta-feira, que aprovou a operação.

O Governo explicou que a proposta da Fosun “dominou claramente” quer em termos de valores (mais de 200 milhões da proposta concorrente) quer de condições, mas não esclareceu quais as vantagens estratégicas para o Estado português resultantes da entrega de 30% do mercado segurador nacional ao grupo chinês. Os responsáveis do Ministério das Finanças lembraram, ainda, que a Fosun “é um dos maiores grupos privados chineses”, para além de ter experiência no sector segurador, sendo, nomeadamente, parceiro da norte-americana Prudencial. O secretário de Estado garantiu ainda que o grupo chinês tencionan expandir as operações da Caixa Seguros na China e em outros mercados asiáticos.

A escolha da Fosun, em detrimento da Apollo, foi também reforçada pelas “posições unânimes dos assessores da privatização, a Caixa BI e o JP Morgan, e pelo parecer favorável da comissão especial de acompanhamento das privatizações."

Para as Finanças a proposta da Fosun deu maiores garantias de sustentabilidade comprometendo-se o grupo a ficar na Caixa Seguros por um período superior (pelo menos 10 anos) aos quatro anos exigidos, algo que os norte-americanos não admitiam. O Governo continua a justificar a venda da Caixa Seguros como sendo fruto de uma imposição da troika, ainda que este seja um ponto que não consta do memorando (que é conhecido) assinado com a UE/BCE/FMI. Em todo o caso, o produto da privatização destinar-se-á, garantem as autoridades, a recapitalizar o banco do Estado.

Outra das condições que pesou na decisão de privatizar a Caixa Seguros a favor da Fosun deveu-se ao facto de este grupo, ao contrário do que pretendia a Apollo, não ter excluído da negociação a Caixa Poupança (seguros de capitalização), com cerca de três mil milhões de divida pública portuguesa .

Os chineses mostraram-se também mais flexíveis a ser parceiros da CGD na Caixa Seguros, dado que o banco público português se manterá, com uma posição de 15%, no capital da holding que será dominada pelos chineses. Recorde-se que uma das imposições do contrato que esteve a ser negociado dava ao adquirente da Caixa Seguros (e ao vendedor, a CGD) exclusividade mútua, por 25 anos, na comercialização dos produtos da Fidelidade, aos balcões do banco estatal. 
 

A venda da Caixa Seguros à Fosun, por mil milhões de euros (valor sujeito a ajustamento decorrente de variação patrimonial das várias seguradoras da Caixa Seguros), possibilitou ao Governo anunciar um encaixe total resultante das várias privatizações (Caixa Seguros, EDP, REN, CTT, Ana) de 8,1 mil milhões de euros. Isto, apesar do encaixe da venda da Caixa Seguros se destinar a reforçar os rácios do banco estatal, o vendedor.


Grupo chinês interessado nas seguradoras da CGD encara outros investimentos em Portugal
LUSA 19/12/2013 – in Público

"Toda a gente me tem dito que Portugal é um país seguro e receptivo ao investimento chinês", afirmou o vice-presidente e director executivo do Fosun.
O grupo chinês Fosun, um dos dois candidatos à privatização das seguradoras da Caixa Geral de Depósitos, manifestou-se nesta quinta-feira "interessado noutras oportunidades de investimento em Portugal", nomeadamente nas áreas do turismo e saúde.

"Toda a gente me tem dito que Portugal é um país seguro e receptivo ao investimento chinês", afirmou à agência Lusa em Pequim o vice-presidente e director executivo (CEO) do grupo, Liang Xinjun.

Liang Xinjun referia-se aos contactos com responsáveis da China Three Gorges e de outras grandes empresas chinesas que nos últimos dois anos investiram em Portugal.

"Sentimo-nos muito confortáveis com Portugal por causa de Macau. Portugal manteve uma relação muito boa com o Governo e o povo da China", disse.

Considerado um dos maiores e mais lucrativos consórcios privados da China, o Fosun Group tem participações em dezenas de empresas de vários ramos, chinesas e internacionais, entre as quais o Club Mediterranee.

Uma das operações mais mediáticas do grupo, consumada esta semana, foi a compra de uma conhecida torre de escritórios de Nova Iorque, a One Chase Manhattan Plaza, por 725 milhões de dólares.

Na passada segunda-feira, o Fosun Group tornou-se também um dos candidatos à privatização das três seguradoras da Caixa Geral de Depósitos (Fidelidade, Multicare e Cares), competindo com os norte-americanos da Apollo Management International.

Naquela que é a sua primeira entrevista a um órgão de comunicação português, Liang Xinjun disse que o grupo fez "uma oferta bastante atractiva", mas não precisou o montante envolvido.

"Será o nosso maior investimento de sempre na área dos seguros", afirmou.

O Fosun Group é accionista de três companhias de seguros, entre as quais a PeakRe, de Hong Kong, na qual detêm 85% do capital.

Em declarações à Lusa, Liang Xinjun realçou também que o grupo Fosun tem "grande experiência em questões relacionadas com reestruturação de empresas estatais", tendo já participado em 18 processos do género.

"É uma experiência que pode ajudar as empresas portuguesas (...) Podemos, de facto, acrescentar valor à Caixa-Seguros", disse.

Liang Xinjun disse estar "confiante" quanto ao sucesso da proposta do Fosun Group e congratulou-se com "a boa comunicação" que tem tido com o Governo português e com os responsáveis por este processo de privatização.

"Estamos dispostos a investir muito mais em Portugal. Há muito boas empresas, serviços e produtos em Portugal", afirmou.

"Esperamos ganhar, mas mesmo se não ganharmos, continuaremos a acompanhar de perto outras oportunidades de investimento em Portugal", acrescentou.

O Fosun Group é também um dos principais accionistas da maior agência de viagens da China, um país que deverá tornar-se este ano o primeiro emissor mundial de turistas (cerca de 100 milhões).

"Podemos encorajar mais turistas chineses a visitar Portugal", referiu.

Sediado em Xangai, a maior e mais cosmopolita chinesa, o Fosun Group detem igualmente participações em empresas das áreas da saúde, farmácia, cuidados com a terceira idade, distribuição, joalharia e media: "Temos interesse em todas as indústrias ligadas ao estilo de vida da classe média".

"Dentro de cinco a oito anos, 30 a 35% da população chinesa (cerca de 400 milhões) pertencerão à classe média. Será a maior classe média do mundo", salientou.

Liang Xinjun, 45 anos, formado em biotecnologia, foi um dos fundadores do Fosun Group, juntamente com o presidente, Guo Guangchang, e os outros membros do núcleo dirigente do consórcio, incluindo o outro vice-presidente, Wang Qunbin, que foi a Lisboa entregar a proposta para a privatização da Caixa-Seguros.


"Começámos em 1992 com 4.000 dólares. Hoje, os nossos activos valem 29.000 milhões de dólares", disse Liang Xinjun.

No final do Conselho de Ministros, o secretário de Estado das Finanças, Manuel Rodrigues, não respondeu, no entanto, à questão sobre o peso crescente dos investimentos chineses em Portugal.

"Até integrar o Governo, Manuel Rodrigues acumulou as funções de vice-presidente do PSD com as de professor da AESE - Escola de Direção e Negócios, instituição dirigida por membros e uma das obras cooperativas do Opus Dei Portugal. Professor de Economia e Finanças, Manuel Rodrigues tirou também o seu MBA noutra estrutura do Opus Dei: o IESE Business School da Universidade de Navarra. Além disso, no último mês de setembro, Manuel Rodrigues assumiu o cargo de diretor-geral da sociedade de capital de risco da AESE, a Naves, funções que deixou a 26 de outubro para integrar o Governo, tal como consta da declaração de rendimentos entregue no Tribunal Constitucional a 21 de dezembro."
In DN “Opus Dei nas finanças do Governo e com força na banca”
por Rui Pedro Antunes 27 janeiro 2013


“Em 2013, mais de €272 milhões foram investidos em imobiliário através dos Golden Visa, um volume que vai permitir quase duplicar o total de investimento imobiliário em Portugal em 2013.
O balanço para um ano de funcionamento desta medida é, assim, bastante positivo, e, de acordo com Paulo Portas numa declaração à Lusa, prova que “Portugal está de volta ao 'GPS' dos países em que é interessante investir". Para o director geral da consultora imobiliária CBRE, Francisco Horta e Costa,“esta é somente a ponta do iceberg”. O especialista acredita que este valor será multiplicado, quer por via do investimento realizado por particulares, mas também através “do interesse que esta legislação está a gerar em promotores imobiliários oriundos de países como a China e que querem desenvolver projectos de habitação ou turismo residencial no nosso país, para depois venderem o produto acabado aos seus conterrâneos”.”
Turistas chineses já são quase 100 milhões e o mundo agradece
Roubaram o título de turistas n.º 1 do mundo aos americanos e já lhes chamam "porta-moedas ambulantes", tanto é o dinheiro que gastam.

(…)De uma forma muito diplomática, Wei Xiao, da Federação Mundial de Cidades de Turismo, disse ao Observer que os chineses correm o risco de se tornar “os novos americanos” – os turistas menos desejados pela arrogância e, muitas vezes, ignorância. Wei diz que os turistas chineses têm que ter cuidado com o seu comportamento e devem respeitar mais os costumes dos países que visitam.

Para evitar problemas, o Governo chinês já editou um livro, de 64 páginas, com conselhos aos turistas. Diz coisas como esta: não roubar os coletes salva-vida dos aviões; não levar mais do que se pode comer ao pequeno-almoço, não secar roupa nos candeeiros dos hotéis. Mas tem havido queixas, sobretudo na Europa, por exemplo sobre o excesso de barulho dos chineses nos monumentos ou o desrespeito pelas filas de espera. Em Lausanne, na Suíça, os cidadãos levaram o protesto contra os chineses às autoridades quando, numa ocasião, os 120 autocarros que os transportavam pararam, quase em simultâneo, nas mesmas lojas de luxo, entupindo o trânsito. Em França, um grupo de casais em lua-de-mel foi expulso de um campo de alfazema, por pisarem a plantação em busca do melhor lugar para uma fotografia. No Egipto, no Verão passado, um rapaz causou enorme indignação ao gravar o seu nome num templo de Luxor.
In Público

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