Só uma pergunta : É este autor, o Lauro António, o mesmo ? É
mesmo o Lauro António, o “homem do cinema” ?
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Uma "loja de chineses"
Por Lauro António
publicado em 17 Jan 2014 in (jornal) i online
Voltemos às salas de cinema que fecham pelo país, sobretudo
na capital. Agora "o caso do dia" são as antigas salas do Londres,
sitas na Av. De Roma, que fecharam há tempos por falta de público, e cujo
espaço parece ter sido agora alugado para uma "loja de chineses".
Ora bem. Só lamento o desaparecimento de salas de
espectáculos cuja arquitectura tenha sido marcante (e já se foram o Éden, o
Império, o antigo Monumental, o velho Alvalade...) ou cuja memória cinéfila
fosse particularmente estimulante (e já lá vão, sem grande alvoroço público, o
Estúdio do Império, o Satélite, o Apolo 70 - que eu dirigi - ou o Quarteto, do
Pedro Bandeira Freire, entre outros). O Londres? Não o vejo encaixar-se em
nenhuma dessas categorias. Era uma boa sala de espectáculos, como o foram o
Star, o Roma, o Castil, o Estúdio 444, e tantas outras. Vi lá dezenas de muito
bons filmes, como vi filmes medíocres e pretensiosos. A estrutura era
interessante, mas igual a muitas outras. Não tinha público, não dava lucro,
fechou.
Querem que a Câmara de Lisboa faça dali um espaço cultural,
para quê? Mais um elefante branco a povoar as avenidas novas? Sempre que fecha
um cinema ou um teatro a CML tem de comprar e abrir ali um novo espaço
cultural? Não existem já suficientes espaços culturais em Lisboa? Parece-me bem
que sim. O que é preciso é público para alimentar os que já existem e boas
programações.
Quanto às salas comerciais, são um negócio. As que dão
lucro, sobrevivem, as que dão prejuízo, encerram. É a lei do mercado. Neste
caso, nem vejo nada de particularmente ofensivo.
Compreendo, porém, a irritação contra a loja de chineses, e
não é racista, não. É uma irritação "política". Custa-me ver o nosso
país ser vendido a retalho aos chineses, não por serem chineses, mas por serem
o que são, uma economia capitalista selvagem, mascarada de comunista. O pior de
dois mundos. Com uma agressiva imagem colonialista, de quem, à socapa, se vai
assenhoreando do mundo. De resto, restaurante chinês, japonês, tailandês,
mexicano ou brasileiro, tanto me faz. Eu, cá por mim, prefiro bolinhos de
bacalhau, sardinha assada e cozido à portuguesa. Não, não é chauvinismo: também
gosto de feijoada à brasileira ou pato lacado. Gosto bem de tapas à espanhola
ou de um MacDonald's uma vez por outra, ou mesmo de um KFC. Escreve à
sexta-feira
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