Imagem / Despacho/ Pedido de Informações: Publicado por Carlos Moura-Carvalho in Avenida de Roma /
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Câmara de Lisboa contra transformação do Cinema Londres numa loja de produtos chineses
O vereador do Urbanismo pede
ao Governo que interceda a favor da preservação do espaço
INÊS BOAVENTURA
28/01/2014 – in Público
O vereador Manuel Salgado afirma que uma alteração de uso do
espaço, na Avenida de Roma, seria "uma perda cultural grave" para a
cidade.
A Câmara de Lisboa considera que a alteração de uso do
antigo Cinema Londres, na Avenida de Roma, seria “uma perda cultural grave”
para a cidade e defende que o Governo não deve conceder ao proprietário a
autorização necessária para que o espaço se transforme numa loja de produtos
chineses.
A legislação em vigor estipula que a afectação de recintos
de cinema a actividades de natureza diferente “carece de autorização do membro
do governo responsável pela área da cultura”. O Decreto-Lei n.º 227/06 define
ainda que essa autorização deve ser recusada “quando o desaparecimento” da sala
“se traduza numa perda cultural grave para a localidade ou região”.
O vereador do Urbanismo e da Reabilitação Urbana adianta ao
PÚBLICO que a Câmara de Lisboa considera que é esse o caso do Londres. Manuel
Salgado acrescenta que, em coerência com essa posição, é seu entender que o
Secretário de Estado da Cultura não deverá conceder a referida autorização, sem
a qual os serviços municipais não poderão aprovar uma alteração de uso.
Segundo o assessor de imprensa de Jorge Barreto Xavier, até
ao momento “não foi submetido qualquer pedido de afectação a actividade diversa
e, por conseguinte, não existe uma avaliação prévia das condições de afectação
ou de outras envolventes a ser apreciadas, sendo assim prematuro avançar
qualquer elemento”.
O vereador frisa que as obras em curso no antigo cinema, com
vista à sua transformação numa loja de produtos chineses, são interiores e não
implicam a estrutura do imóvel, pelo que estão isentas de licenciamento
municipal. Manuel Salgado diz pois que a Câmara de Lisboa não tem qualquer
possibilidade de embargar os trabalhos, ao abrigo do Regime Jurídico de
Urbanização e Edificação, como solicitou o Movimento de Comerciantes da Avenida
Guerra Junqueiro, Praça de Londres e Avenida de Roma.
Ainda assim, o autarca afirma que seria “um absurdo” os
proprietários do Londres levarem até ao fim as obras, dado que o espaço está
sujeito a uma licença de utilização que apenas permite o seu funcionamento como
cinema.
Manuel Salgado diz que esta quarta-feira alertou o dono do
Londres, através de um ofício, para os condicionalismos referidos. Ao fim da
tarde, um dos co-proprietários do antigo cinema e representante dos outros
cinco disse ao PÚBLICO que não tinha recebido qualquer informação da Câmara de
Lisboa e acrescentou não ter conhecimento de que fosse necessária uma
autorização do Governo para que o local deixasse de funcionar como cinema.
Se assim fosse, defende, “os proprietários teriam de se
sujeitar e esperar que aparecesse alguém para o mesmo uso, possivelmente com
uma renda ‘simbólica’ e em condições negociais altamente prejudiciais”. O que,
alega, constituiria “uma grave e infundada limitação ao direito de propriedade
e à livre disposição dos bens”.
O representante dos donos do Londres sublinha ainda o novo
arrendatário do imóvel “já investiu dezenas de milhar de euros nas obras e nas
rendas”.
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