quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

É da praxe, por Luís Rainha


É da praxe
Por Luís Rainha
publicado em 22 Jan 2014 in (jornal) i online

Na Lusófona há meninos trajados como abutres que impedem colegas seus de falar com jornalistas. Nem quero saber se as mortes do Meco se ficaram a dever a um ritual idiota de humilhação e vassalagem; escolho deprimir-me antes com esta omertà manhosa que visa encobrir a vergonha, exorcizar a culpa, proteger a amada "tradição".

Mas fazem bem, os meninos das capitas grotescas. Fazem bem em acalentar as praxes universitárias. Elas são, afinal, a melhor formação a que os nossos filhos se podem sujeitar; treino para viver num país em que a obediência redime, a cabeça baixa salva e a submissão leva à vitória.

Como na tropa, as praxes preparam para o campo de batalha. E para a obediência cega aos mais graduados. Mesmo que as ordens venham de alguém que só tem a sua burrice, a capacidade de chumbar resmas de anos como galões. Passando no teste, as vítimas poderão um dia, oh suprema felicidade!, vir a oprimir os seus próprios recrutas.


Os meninos que mais aprendem com desfiles em trajes menores e excrementos besuntados na cara ficam prontos para altos voos. Prontos, por exemplo, para serem deputados de um partido que os obriga a votar de forma abjecta, contra a sua consciência. E nem sentem vergonha: proclamam ridículas declarações de voto com o ar contrito de soldados que se sacrificaram pelo bem do pelotão. Eles não queriam, ela até fugiu na hora H... mas nenhum ousa abandonar o "grupo" que os pôs a votar contra a decência que neles ainda sobrevive. Foram bem treinados

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