Santana acusa Marcelo de fazer tudo para derrubar o
Governo
MELISSA LOPES 24/01/2014 - 18:49
Pedro Santana Lopes diz que
Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa andam sempre à guerra com os governos
do seu partido e considera isso um "fenómeno estranho" e um
"problema de consciência".
O ex-primeiro ministro, Pedro Santana Lopes, apontou esta
sexta-feira na sua página pessoal do facebook, críticas ao comportamento que
Marcelo Rebelo de Sousa tem tido para com os governos da sua cor política (PSD)
- Cavaco Silva, Durão Barroso, Francisco Balsemão, Sá Carneiro, além do seu
próprio Governo.
Pode ler-se na página de facebook de Santana Lopes: “E
quanto a Marcelo? Não é verdade que critica constantemente o Governo de Passos
Coelho, fez tudo para deitar abaixo o meu governo, criticou violentamente Durão
Barroso - de quem é hoje grande adversário -, nunca foi próximo de Cavaco
Silva, criticou muito Francisco Balsemão de quem foi ministro e, com Sá
Carneiro, nem vale a pena falar?”
A mensagem, em tom interrogativo, sugere que o professor
Marcelo condiciona negativamente a governação do PSD, através das sucessivas
críticas feitas no espaço de comentário dominical, agora na TVI.
Esta reacção surge na semana em que Marcelo Rebelo de Sousa se afastou de uma
eventual candidatura presidencial, por
ter considerado que Pedro Passos Coelho o excluiu desse papel, quando o
primeiro-ministro apresentou o perfil ideal do próximo Presidente da República
(PR).
Na segunda-feira passada, no espaço de comentário no Correio
da Manhã TV, Santana defendeu que é importante discutir as funções de um
Presidente da República, antes de se começar a discutir nomes de candidatos. E
sublinhou que Marcelo “enfiou objectivamente a carapuça”.
“Se ele [Marcelo] considera que se lhe aplica a história do
catavento e do mediatismo”, está a presumir que seria um “Presidente
interventor”, e não um “Presidente mais parlamentar”, como definiu Passos
Coelho. E remata: “Nós já não estamos à espera de presidentes surpresa, tipo
ovo de Páscoa”, por isso defende que o centro da questão são as funções do
próximo Presidente da República, e não quem será candidato.
Para o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Marcelo não
tinha de enfiar a carapuça porque, defende, um Presidente não depende do apoio
do partido: “Esse é um erro enorme”, reforçou.
Santana, que admite que não ser candidato, não “enfiou a
carapuça”, considera-se, aliás, um “defensor” do partido e não um crítico.
Referiu-se ainda a Marcelo e a Marques Mendes como exemplos de dois
ex-presidentes do PSD que “andam sempre à guerra com os governos”: “Há aqui um
conjunto de pessoas que se especializaram, acham que é fashion e que compensa
dizer mal do sector político onde se integram”. Santana considera a situação
como um “fenómeno estranho” e um hipotético “problema de consciência”.
Pedro Santana Lopes, que tinha sido nomeado
primeiro-ministro em 2004 pelo então presidente da República Jorge Sampaio (na
sequência da demissão de Durão Barroso), considerou já na altura que os
comentários do professor influenciaram de um modo negativo a sua curta
governação. Passados oito meses, o mesmo PR que chamou Santana ao Governo
acabaria por dissolver a Assembleia e convocar eleições legislativas.
Sem comentários:
Enviar um comentário