O Triunfo e o elogio da Mediocridade Calculista.
Pobre Infante ! Pobre Portugal !
OVOODOCORVO
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Durão Barroso diz que
condecoração prova que fez a escolha “correcta”
Presidente distinguiu com a Ordem
do Infante Dom Henrique a “natureza extraordinária” do contributo do
ex-presidente da Comissão Europeia, que “muito beneficiou” Portugal. Durão
emocionou-se
Rita Brandão
Guerra / 4 nov 2014 / PÚBLICO
“No Portugal contemporâneo não encontramos outro político português que
tenha obtido tão grande relevo e influência na cena internacional”, disse
Cavaco Silva
Foi com uma
colecção de “rasgados elogios” que o Presidente da República condecorou ontem
Durão Barroso pelos dez anos de trabalho desenvolvido na presidência da
Comissão Europeia, que “muito beneficiou” Portugal.
Cavaco Silva
condecorou Durão Barroso com o colar da Ordem Infante Dom Henrique
Cavaco Silva não
poupou nos adjectivos e Durão Barroso respondeu com “emoção” à “generosidade”
das palavras do chefe de Estado. E com um assinalável balanço, passados dez
anos: “Foi correcta a decisão que tive que tomar em 2004” . Durão Barroso
referia-se assim ao pedido de demissão de primeiro-ministro que então dirigiu
ao Presidente Jorge Sampaio antes de rumar a Bruxelas.
A atribuição do
colar da Ordem Infante Dom Henrique justifica-se porque Durão Barroso
“mobilizou apoios”, “abriu portas”, contribuiu para o “desenvolvimento”
económico e social da nação. Enfim, “muito beneficiou” o país”.
A cerimónia, que
durou pouco mais de 30 minutos, no Palácio de Belém, em Lisboa, teve na
primeira fila o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, vários membros actual
do Governo — com os ministros do CDS em peso —, a família de Durão Barroso e
alguns convidados, como a ex-ministra Manuela Ferreira Leite. Cavaco Silva, de
gravata azul clara e fato azul-escuro, justificou a elevada distinção com o
trabalho desenvolvido por Durão Barroso na União Europeia. Uma tarefa, ao longo
de dez anos, que “muito ajudou Portugal”.
“Uma justíssima
homenagem” ao cidadão português que ocupou o “cargo internacional mais elevado
alguma vez exercido por um português”, afirmou Cavaco Silva. “No Portugal
contemporâneo não encontramos outro político português que tenha obtido tão
grande relevo e influência na cena internacional”, completou o Presidente. Cavaco
Silva, além de ter testemunhado “rasgados elogios” feitos a Durão Barroso nos
contactos que teve enquanto Presidente da República, acompanhou de perto o seu
trabalho e “o papel decisivo” que desempenhou, nomeadamente nas crises
económicas que a Europa enfrentou na última década.
Antes de Durão
Barroso, igualmente de fato azul-escuro e gravata a condizer, ter tido
oportunidade de agradecer a homenagem, Cavaco Silva sublinhou, repetidas vezes,
o “contributo” dado por Durão, esse “grande impulsionador do modelo de
governação” da União Europeia. “Portugal muito beneficiou de ter à frente da
Comissão Europeia um português, conhecedor da realidade portuguesa, conhecedor
do mundo e com o prestígio de Durão Barroso”, disse, acrescentando que teve
sempre uma “cuidadosa atenção” aos problemas do país.
A “natureza
extraordinária e a relevância dos serviços prestados” a Portugal é tão
assinalável, que o Presidente deseja que outros sigam as pegadas do agora
ex-presidente da Comissão Europeia: “Faço votos para que, no futuro, outros
portugueses possam ajudar tanto Portugal como fez o dr. Durão Barroso”,
terminou o Presidente.
E foi com embargo
na voz e “emoção” que Durão Barroso respondeu aos elogios dirigidos pelo
Presidente. “Faltam-me as palavras para dizer como me sensibiliza o seu gesto e
as palavras generosas que acabou de proferir”, começou por afirmar, já
emocionado. A frase mais política da sua intervenção viria passados uns
minutos, quando afirmou que a distinção recebida significa o “reconhecimento”
do seu país ao trabalho de “grande complexidade” que desenvolveu: “E também que
foi correcta a decisão que tive que tomar em 2004” .
Foi também em
Belém, e sob o olhar atento do primeiro-ministro, embora sem a presença do
vice-primeiro-ministro, Paulo Portas – que está em viagem oficial a Cuba – que
Durão defendeu “mais investimento privado, mas também público, para resolver o
maior problema, que é o desemprego”. Mas, acredita, não se pode pedir à União
Europeia que resolva os problemas que são da competência de cada
Estados-membro.
Durão dissertou
depois sobre a década que passou em Bruxelas e sobre a União Europeia que,
“apesar da crise ou até talvez por causa da crise”, viu reforçadas as suas
competências. Reconheceu com “gratidão” o apoio da mulher Margarida para “um
desafio excepcional” vivido entre a crise das dívidas soberanas, o alargamento
de 15 para 28 Estados-membros, mas também uma crise “económica, social e
política de confiança dos cidadãos no projecto europeu”.
Como legado da
sua década europeia, e ainda antes da tradicional fotografia de “família” selar
o momento, Durão Barroso afirmou: “Esteve sempre em mim, ao longo destes dez
anos, a convicção que estava também a executar um programa português (...) Defendi
o interesse de Portugal porque não via nele qualquer contradição com o
interesse europeu.”
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