Raquel Varela / Facebook / https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=10203336185020448&id=1085430783&pnref=story
“Um largo número
de comentadores e pessoas com exposição pública estão a transformar um alegado
caso de corrupção do ex primeiro-ministro de Portugal num debate sobre a
justiça. O que diz muito sobre a relação das pessoas com o poder - com o poder
que acham que vai estar nas mãos do PS. Mais assustador do que prender um ex
primeiro-ministro com a televisão às costas - o que é errado - é ver a relação
que as pessoas têm com o poder e de como estão dispostas a usar todo o tipo de
argumentos para salvar politicamente um partido, o PS, que está a caminho do
poder. Pertenço aos que acham que o PS destruiu este país com medidas legais e
que consistem em anos e anos de usar o orçamento público para negócios privados
(na Banca, na erosão salarial, nas PPPs, na Parque Escolar...). O mesmo
Sócrates que, só para pegar um exemplo, entre literalmente centenas, pelos
legalíssimos Orçamentos de Estado, deu de uma só vez 2 mil milhões de euros de
benefícios fiscais às grandes empresas, e da outra retirou o abono de família
aos que ganhavam mais de...628 euros por mês. Também faço parte dos que pensam
que com os partidos que temos, os do Governo e os da pálida oposição, nada vai
mudar. Não porque são todos iguais, são todos diferentes aliás, mas porque têm
em comum um pacto de regime com uma democracia representativa que deixou de
representar a larga maioria da população, que devia ser mobilizada, por estes
mesmos partidos, para formas de democracia directa nos locais de trabalho,
moradia, nos serviços públicos - a politica ou é a arte de todos se envolverem
na vida politica ou é a profissionalização de uma casta de gente sem
imaginação. Ainda assim não defendo uma TV em cima de um detido mas neste
momento acho muito mais importante não usar isso para ocultar a vergonha
infindável que é a gestão dos dinheiros públicos neste país, e acho ainda mais
importante lembrar que este taticismo mostra que há muita gente que não quer
mudar de política - quer mudar de partido no Governo.”
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