Solidariedade
social
Contratos suspeitos na
Misericórdia de Lisboa originam inquérito interno
Por José António
Cerejo / 9-11-2014 / PÚBLICO
Empresas ligadas a um conhecido militante do PSD ganharam peso entre os
fornecedores da Santa Casa. Algumas vendem, ao mesmo tempo, serviços de
telecomunicações, fraldas descartáveis e mobiliário
A Misericórdia de
Lisboa adjudicou, desde 2012, pelo menos 18 contratos públicos, num valor
próximo dos dois milhões de euros, a um conjunto de dez empresas quase todas
acabadas de constituir.
Todas elas eram
estreantes enquanto fornecedoras da instituição e todas elas pertencem a
pessoas que têm participações cruzadas nessas e noutras empresas,
frequentemente sediadas nos mesmos locais. Em muitos daqueles contratos,
geralmente resultantes de ajustes directos, as únicas firmas convidadas a
apresentar propostas integram um grupo mais alargado de duas dezenas de
sociedades pertencentes às mesmas pessoas, e algumas não têm qualquer
actividade conhecida.
A administração
da Misericórdia, depois de confrontada pelo PÚBLICO com estes factos, há três
semanas, mandou abrir um inquérito interno e instituiu regras mais apertadas
para a aquisição de bens e serviços e para a adjudicação de empreitadas.
As situações
identificadas pelo PÚBLICO, a partir das informações obrigatoriamente
publicadas em bases de dados oficiais, abrangem uma parcela muito reduzida das
compras da Misericórdia. Desconhece-se, no entanto, se são apenas a expressão
de práticas mais generalizadas.
O que não
surpreenderia numa casa cujas estruturas intermédias e superiores são ocupadas,
há décadas, por sucessivas camadas de clientelas dos diferentes partidos que
têm governado o país e, consequentemente, a Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa (SCML). Isto, porque o provedor e os restantes membros da mesa (o órgão
que administra a instituição) são nomeados pelo governo.
Empresa sem alvará
Significativa é a
adjudicação, no Verão do ano passado, de uma obra de 125 mil euros destinada a
reabilitar os 160 m2
da cobertura de uma moradia, em Carcavelos, onde a Misericórdia tem um lar para
crianças. Na ficha de publicitação do contrato, disponível no portal Base da
Internet, diz-se que se tratou de um ajuste directo entregue à empresa Brick 4
You. O espaço destinado à identificação das empresas convidadas a apresentar
propostas está em branco.
De facto, o
Código dos Contratos Públicos não obriga, quando se trata de ajustes directos,
à consulta de mais do que um fornecedor, mas o recurso a essa prática é
geralmente recomendado e é seguido por muitas entidades sujeitas às regras da
contratação pública, como sucede com a SCML. Neste caso, apesar de tal não
constar da ficha publicada, o processo arquivado na instituição indica que
foram convidadas cinco empresas.
Três delas têm
sede na zona de Leiria e a sua actividade habitual circunscreve-se aos
concelhos limítrofes. A quarta está praticamente inactiva e tinha visto o seu
alvará, obrigatório para a realização daquele tipo de obra, ser cancelado no
ano anterior, pelo Instituto da Construção e do Mobiliário (INCI), por não ter
sido pedida a sua revalidação. A quinta, a Atena Construções, tinha sido criada
um mês e meio antes de o seu nome ser incluído na lista das empresas a
convidar, a 7 de Junho. Nessa data, contudo, a sociedade, com sede no Cartaxo,
não possuía qualquer alvará, nem tinha qualquer actividade.
A sua proposta
foi a única apresentada, sendo certo que à data da entrega continuava a não ser
detentora de alvará. No dia 7 de Agosto foi registada a mudança do seu nome. A
palavra Atena desapareceu (para não se confundir com a principal empresa do
grupo), e a nova firma passou a chamar-se Brick 4 You, mantendo os mesmos
sócios. A 14 de Agosto, o INCI emitiu um alvará em seu nome. O quadro de
pessoal da empresa era formado por apenas um técnico a meio tempo.
Vinte dias
depois, o contrato de empreitada foi assinado com a Misericórdia e a cobertura,
que se encontrava em "razoável estado de conservação", segundo um
levantamento feito por consultores externos, foi arranjada no Inverno passado.
"Eticamente inaceitável"
Um ano antes, em
Abril de 2012, um outro contrato chama a atenção entre os cerca de 600, com um
valor global próximo dos 170 milhões de euros, que a SCML celebrou e que foram
publicados nos três anos que Santana Lopes leva de mandato. Trata-se de um
contrato de 23 mil euros entregue por ajuste directo, em Abril de 2012, à firma
Axentel - Comunicações. Objecto: ajudar a SCML na "qualificação e
descrição técnica dos materiais necessários à abertura da Unidade de Cuidados
Continuados da Aldeia de Juso", no concelho de Cascais.
Passados dois
meses, a mesma empresa especializada em telecomunicações foi convidada pela
Misericórdia a apresentar uma proposta para fornecer mobiliário para fins
médicos, aparelhos para fisioterapia, cadeiras de rodas e outros materiais do
género para equipar a mesma unidade de cuidados continuados. No início desse
ano, o seu objecto social tinha sido alterado por forma a contemplar negócios
deste tipo.
Além da Axentel
foram convidadas mais duas empresas: a Segmentglobo e a Elísio Paulo &
Azevedo. A primeira tem sede na Herdade de Montalvo, um condomínio de luxo
situado perto da Comporta, e um dos seus dois sócios, Afonso Viola, é também
dono da Axentel. O outro sócio é Fernando Catarino Narciso, um engenheiro
reformado da Portugal Telecom, figura destacada dos TSD (Trabalhadores Sociais
Democratas) e do PSD de Lisboa.
A Elísio Paulo
& Azevedo está sedeada em Vila Nova de Gaia, trabalha em canalizações e ar
condicionado e garantiu ao PÚBLICO nunca ter sido convidada pela Misericórdia
de Lisboa.
As duas únicas
empresas que apresentaram propostas, a Axentel e a Segmentglobo, tinham assim
um sócio em comum: Afonso Viola. O negócio foi entregue à Axentel, cuja sede se
situa em Lisboa, no Largo João Vaz, tal como muitas das empresas ligadas às
mesmas pessoas. O valor da adjudicação, por ajuste directo, foi de 188.388
euros e o contrato foi outorgado a 11 de Julho - um dia depois da inauguração
da unidade de cuidados continuados que recebeu o nome da antiga provedora Maria
José Nogueira Pinto.
No dia seguinte
foi publicado um decreto que adapta o Código dos Contratos Públicos às
directivas da União Europeia e ao memorando de entendimento com a troika,
assinado um ano antes. A nova lei, que entrou em vigor no mês seguinte, fez
descer de 200 mil para 75 mil euros o valor máximo autorizado nos ajustes
directos para aquisição de bens e serviços.
Através do seu
Departamento de Comunicação, a SCML diz que "cumpriu
escrupulosamente" a lei em vigor e que o convite à empresa de Gaia
constitui "um lapso dos serviços, dadas as suas áreas de actividade".
Já quanto ao
facto de ter adjudicado o mobiliário à empresa que fez o levantamento das
necessidades, a SCML admite que "não considera eticamente aceitável"
tal situação, mas insiste em que "a lei foi respeitada".
Um autarca do PS
O abertura da
Unidade de Cuidados Continuados da Aldeia de Juso exigia, porém, mais
mobiliário do que aquele que foi comprado à Axentel a 11 de Julho de 2012. Uma
vez que a lei não permitia ajustes directos de valor superior a 200 mil euros,
a Misericórdia decidiu desencadear vários procedimentos.
Foi assim que,
logo a 17 de Julho, já com o novo máximo dos ajustes directos publicado, mas
ainda não em vigor, a instituição contratou um segundo fornecimento de
mobiliário por 134.467 euros. Foram convidadas três empresas e foram
apresentadas duas propostas. Aquela que não respondeu, a Meditrónica, vendia
equipamentos electrónicos de precisão e foi dissolvida meses depois.
As outras duas, a
Sweetindex e a Pratikemergente, têm algumas coisas em comum. Um dos donos da
primeira é Afonso Viola, o patrão da Axentel. O outro é o director-geral de
algumas das suas empresas, Davide Amado - um jovem dirigente do PS de Lisboa,
que preside à Junta de Freguesia de Alcântara desde o ano passado. A
Pratikemergente (agora designada Med Oportunity) pertence a Fernando Catarino
(sócio de Viola em várias empresas) e a Isabel Duarte, a médica com quem
Catarino é casado. Isabel Duarte, por sua vez, é gerente, embora não seja
sócia, de uma outra firma fornecedora da SCML, a Pratikenigma, também detida
por Afonso Viola e sediada no Largo João Vaz.
No caso desta
segunda encomenda de mobiliário para a Aldeia de Juso, a adjudicação foi feita
à Pratikemergente.
Para a mesma
unidade de saúde, uma outra empresa de Afonso Viola, a Atena T, forneceu ainda
uma rede de Internet sem fios no valor de 15.980 euros, que lhe foi adjudicada
por ajuste directo em 2013, depois de terem sido consultadas algumas dezenas de
firmas.
Nos últimos dois
anos, Afonso Viola, por um lado, e Fernando Catarino e a mulher, por outro,
criaram uma série de outras empresas dedicadas sobretudo ao negócios dos
medicamentos e dos equipamentos médicos, entre as quais a Décadavanguarda, a
Growingpower, a Cherrystage, a Pratikodisseia, a Orbitalnature, a Countryjungle
e a Galaxyellow. Esta última, tal como as outras seis, ainda não tem
adjudicações de entidades públicas no portal Base, mas já foi consultada pela
SCML. Os sócios são Viola e Catarino.
Sempre os mesmos
Embora incluam
alguns contratos na área da construção civil e das telecomunicações propostos
por diferentes departamentos da instituição, os negócios dos dois empresários
com a Misericórdia concentram-se nos serviços de saúde - dependentes da
administradora Helena Lopes da Costa, antiga deputada do PSD.
Surpreendente é
um contrato firmado com a Axentel, por ajuste directo, com vista ao
fornecimento de fraldas descartáveis e pensos para incontinentes. O preço pago
foi de 138.894 euros e foi convidada, segundo o portal, apenas aquela empresa.
Questionada sobre
o assunto, visto que o contrato data de Abril de 2013, oito meses depois de
estar em vigor o limite de 75.000 euros para os ajustes directos, a SCML
respondeu que houve vários lapsos e problemas técnicos na introdução dos dados
no portal e que, na verdade, o contrato em causa resulta de um concurso público
em que participaram várias empresas e não de um ajuste directo.
Entre os
contratos para a área da saúde destaca-se também uma compra de "material
de consumo clínico" no valor de 49.350 euros feita no ano passado à
Pratikenigma - a empresa de Afonso Viola que é gerida por Isabel Duarte. Além
da escolhida foram convidadas mais duas: a Junglefusion e a Usynorma.
A primeira é
propriedade de Catarino, em sociedade com um filho, e também forneceu à SCML,
no ano passado e por ajuste directo sem outros convidados, produtos de higiene
e conforto no valor 48.271 euros. A segunda pertence à Axentel, de Afonso Viola
e a uma sócia, e não tem quaisquer contratos publicados.
Mais importantes,
em termos financeiros, são os três contratos atribuídos, no ano passado,
através de concursos públicos à Medoportunity e à Segmetglobo. A primeira,
propriedade de Fernando Catarino e da mulher, conseguiu vender 135.760 euros em
próteses auditivas, num concurso em que participaram mais três fornecedores. Um
deles era a Gallaxyellow, de Viola e Catarino.
Um dos outros
concursos, relativo a material de consumo clínico, tinha um valor global de
821.379 euros. A adjudicação foi feita por lotes a um conjunto de dez empresas,
cabendo 103.023 euros ao consórcio formado pela Medoportunity e pela
Segmentglobo.
O terceiro foi
ganho pela mesma Segmentglobo. Destinava-se
a fornecer próteses dentárias, mas, ao contrário do que sucedeu com as
próteses auditivas, não surgiu mais nenhum concorrente. O preço base era de
394.000 euros e a firma de Viola e Catarino
conseguiu a adjudicação com uma proposta de 387.911 euros.
Empresa dissolvida à pressa
A seguir à
Axentel, que celebrou com a SCML, desde Dezembro de 2011, quatro contratos no
valor global de 355.940 euros, a Atena T foi segunda empresa deste grupo que
mais vendeu à instituição, com um total de 352.940 euros. O primeiro dos seis
contratos efectuados, todos por ajuste directo, prende-se com a instalação da
televisão digital terrestre e foi assinado em Fevereiro de 2012 por 143.459
euros. No portal Base não há referência à existência de convites a outras
empresas.
Os restantes
contratos da Atena T prendem-se com aparelhos de ar condicionado para duas
unidades de saúde, equipamentos de cozinha, redes de Internet sem fios e obras
de remodelação. Neste caso trata-se de uma obra de 119.889 euros realizada em
2013 na sede da SCML. O portal Base não identifica mais nenhum convidado, mas a
Misericórdia diz que convidou outras três empresas. Duas têm sede em Leiria e a
outra, a Telhado Solar, pertence também a Afonso Viola. Ao contrário do que foi
publicado, a SCML diz que houve mais um lapso e que a obra foi adjudicada não à Atena T, mas a um consórcio
formado por esta e pela Telhado Solar.
Embora esteja
centrada na área da saúde, a actividade deste conjunto de empresas estende-se a
outros ramos como os consumíveis de informática. Em Setembro do ano passado, a
Followscents vendeu 26.826 euros de produtos deste género para diversos
serviços de saúde da Santa Casa. O portal Base diz que só foi convidada a
Followscents, mas a SCML afirma que se trata de também de um lapso, uma vez que
foram convidadas mais duas firmas já aqui referidas, a Pratikenigma e a
Usynorma, e que todas responderam.
Ambas estão
ligadas, como já se disse, a Afonso Viola e, indirectamente, a Fernando
Catarino.
E a Followscents
pertence a quem? A Fernando Catarino e a Davide Amado, o autarca socialista de
Alcântara. Melhor dizendo: pertencia. No
dia 17 do mês passado, 24 horas depois de o PÚBLICO ter falado com os dois
sócios, a empresa inscreveu no registo comercial a venda da quota de Davide
Amado a Fernando Catarino. E cinco dias depois registou a sua dissolução.
Criada em
Novembro de 2012, a
Followscents não tem publicado, como muitas destas sociedades, qualquer outro
contrato com entidades públicas além daquele que firmou com a SCML.
Uma outra empresa
de Fernando Catarino, a Positivesboço, detida em conjunto com um filho, não
teve até agora qualquer negócio com a Santa Casa, mas o único contrato que se
lhe conhece foi assinado com a Junta de Freguesia de Alcântara.
O objecto da
empresa é a reparação de passeios e foi para isso que Davide Amado a contratou
por 9500 euros, pouco depois de ser eleito, em Setembro do ano passado, e de a
firma ser constituída, no fim de Outubro. "O engenheiro Catarino, que eu
conhecia há bastantes anos, disse-me que tinha uma empresa nessa área. Pedi-lhe
uma proposta com preços, achei aceitável e foi-lhe adjudicado um trabalho
urgente para uma necessidade que havia."
Davide Amado
escusou-se a falar sobre o caso da Followscents, por isso ter a ver com a sua
actividade profissional, mas quanto à Positivesboço adiantou que a junta não
voltou a contratá-la. "Foi uma coisa que aconteceu logo no início do
mandato. A junta não tinha um departamento de compras e tínhamos de fazer as
coisas da forma mais célere possível", justificou o autarca.
O PÚBLICO tentou
ouvir Fernando Catarino e Afonso Viola, mas nenhum deles se mostrou disponível.
Santana Lopes disse ao PÚBLICO que mandou suspender todos os procedimentos de
aquisição que estavam em curso com estas empresas.
Uma casa com muita política e
muitas clientela
Por José António
Cerejo / 9-11-2014 / PÚBLICO
A história não é de agora. A instalação de redes de influência com origem
nas relações partidárias e de amizade dos dirigentes da Misericórdia é uma
prática antiga, que aos olhos de alguns se tornou mais notória desde que
Santana Lopes se tornou provedor, em 2011.
A contabilidade,
porém, não é fácil de fazer. E não faltam nomes e casos recordados pelos que
apontam o dedo aos anteriores provedores, desde Maria José Nogueira Pinto, para
não ir mais longe, até ao socialista Rui Cunha, que deixou a casa em 2011.
Há sempre maridos
e mulheres, filhos, sobrinhos, correligionários políticos, normalmente gente
que entra a prazo e acaba por ficar nos quadros. E sempre engrossando as hostes
de uns e de outros, e por vezes as prateleiras onde parte deles fica à espera
que o Governo mude.
No mandato actual
destacam-se as equipas trazidas pelo provedor e
por Helena Lopes da Costa. Nenhum deles nega o facto de se ter rodeado
de pessoas da sua confiança, algo que consideram normal e necessário. Mas ambos
apontam nomes de responsáveis por si nomeados, ou reconduzidos, com os quais
nada têm a ver em termos políticos ou pessoais.
No caso de
Santana Lopes, sobre cujas contratações o PÚBLICO já se debruçou anteriormente,
avultam os seus antigos colaboradores nas câmaras da Figueira da Foz e de
Lisboa. Quanto à primeira, um dos casos mais notado é o do ex-líder local do
PSD Lídio Lopes, que o provedor trouxe para a Santa Casa para se ocupar da área
da Segurança.
O antigo vereador
da Figueira - que tem um caso na Justiça por causa de uma licenciatura cuja
autenticidade oferece dúvidas - veio tomar conta dos transportes e da logística
e é hoje subdirector da Qualidade e Inovação. Uma das suas iniciativas foi o
aluguer, que Santana Lopes garante não ter qualquer irregularidade do ponto de
vista formal, a uma empresa da Figueira, a Gesfrota, de um sistema de
localização por GPS para 140 viaturas (por 63.304 euros).
O principal dono
da empresa aparece em vários documentos públicos como sendo um dos seis
accionistas de uma outra sociedade anónima da Figueira que se dedica a um outro
ramo de negócio e cuja assembleia geral é presidida por Santana Lopes. O actual
provedor assegurou, porém, ao PÚBLICO que nunca conheceu o empresário em
questão e que, segundo lhe foi dito pelos actuais accionistas, o mesmo teve em
tempos uma pequena participação na sociedade, mas já a vendeu há muitos anos.
Um outra área em
que o provedor foi recrutar alguns dos seus colaboradores é a das suas relações
profissionais e partidárias. O nome mais próximo é o de Paulo Calado,
ex-vereador do PSD em Setúbal, que é sócio da sociedade de advogados Global
Lawyers, criada por Santana. Na Direcção de Aprovisionamento, logo abaixo de
Irene Nunes Barata, seu antigo braço direito na Câmara de Lisboa, foi colocada
uma jovem jurista irmã de uma sócia do provedor em duas empresas de consultoria
por ele criadas, uma delas com sede em Moçambique.
Trata-se de Carla
Neto, cuja irmã, Vânia Neto, casada com Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara
de Santarém (PSD), é sócia de Santana na Link Think e na Link Think Moçambique.
No caso de Helena
Lopes da Costa, vários dos seus colaboradores têm ligações ao PSD de Oeiras,
cuja assembleia de secção ela própria dirige. Sara Santos, uma jurista que já
foi vereadora do PSD em Lisboa, é casada com Ângelo Pereira, o presidente da
comissão política dos sociais-democratas de Oeiras.
Nuno Custódio,
vogal do mesmo órgão e ex-assessor da Câmara de Oeiras, é o director da unidade
de aprovisionamento do Hospital Ortopédico de Santana. Sónia Oliveira, também
vogal da comissão política de Oeiras, foi nomeada assessora da direcção da
Escola de Saúde do Alcoitão. Igualmente colocada no Hospital de Santana, como
directora financeira, foi Dora Ramos, uma economista casada com João
Montenegro, assessor de Passos Coelho. Helena Lopes da Costa garantiu ao
PÚBLICO que não convidou ninguém para a Misericórdia por razões políticas.
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