SIS
Maçons nas secretas: registo de
interesses público abre guerra no PSD
Deputada Teresa Leal Coelho acusa Fernando Negrão, presidente da Comissão
de Direitos, de contornar decisão dos partidos para evitar a publicação do
registo de interesses dos dirigentes das secretas.
DAVID DINIS /
OBSERVADOR / 16-11-2014
A publicação dos
registos de interesses dos diretores das secretas – incluindo a resposta destes
à questão sobre se pertencem a alguma associação secreta, como a maçonaria,
está a aquecer os ânimos no Parlamento. E até dentro do PSD. Depois de a
maioria dos partidos ter decidido pela publicação destas declarações, seguindo
a lei que foi aprovada no plenário, as reservas da presidente do Parlamento e,
agora, do presidente da Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias, Fernando
Negrão (PSD), levam a um novo impasse: os diretores do SIEDM, SIS e SIED já
estão no Parlamento, mas fechados no gabinete de Assunção Esteves, sem acesso
aos próprios deputados.
Em declarações ao
Observador, a deputada e vice-presidente do PSD, Teresa Leal Coelho, acusa
Fernando Negrão de ter “um posicionamento alinhado com o PS”, o único partido
que votou contra a publicitação, tentando contornar uma decisão maioritária na
Comissão de abrir os documentos ao público – permitindo saber quem pertence ou
não a associações secretas.
“Nós, PSD, vamos
manter-nos firmes na nossa intenção e requerer a vinda para a Comissão dos
registos de interesses”, diz a deputada.
O caso conta-se
numa breve cronologia.
Primeiro, veio a
lei: os partidos, esquerda incluída, votaram pela obrigação dos diretores das
secretas de publicarem estes registos de interesses, à semelhança, por exemplo,
do que é obrigatório para os deputados.
Quando a lei foi
promulgada, a Presidente do Parlamento (Assunção Esteves, também do PSD)
escreveu uma carta à Comissão dizendo que a sua interpretação era que a lei não
permitia a publicação direta, apenas a entrega dos documentos na AR. Mais
tarde, explicou que isso seria possível se fosse acrescentada uma norma na lei
para permitir essa publicação.
O assunto voltou
a ser discutido, assim, na Comissão, e a maioria dos partidos disse interpretar
a legislação de outra forma. Para PSD, CDS, PCP e Bloco, bastaria a lei, tal
como estava, para que a publicação fosse possível. O PS contestou, alegando que
isso faria do regime das secretas algo mais aprofundado do que é aplicado aos
partidos. E daí, a maioria mostrou-se favorável a alargar o regime aplicado aos
deputados.
No entendimento
da deputada do PSD, Fernando Negrão ficou de fazer o devido reporte à
presidente da Assembleia da República.
Ora, nessa carta,
a que o Observador teve acesso, Negrão não diz isso.
“Conforme deliberação unânime da
comissão, remete-se cópia da parte da ata relativa à discussão acerca dessa
mesma carta. Quanto à eventual alteração legislativa, a Comissão fica a
aguardar que a mesma surja por iniciativa dos deputados”.
Leal Coelho
promete não desistir. “Isto não reflete a posição maioritária”, diz ao Observador.
Quanto a Fernando
Negrão, disse esta tarde ao Observador que aguarda “uma iniciativa dos
partidos. Seja uma iniciativa legislativa ou um requerimento”, que fixe a
interpretação da legislação que permita a distribuição pública dos registos.
“Como presidente da Comissão não posso ir além do meu mandato. O que ficou
decidido na reunião foi o que eu enviei à Presidente da Assembleia”, diz o
social-democrata.
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