Prédio da Rua da
Graça 14 onde têm sede várais empresas ligadas à Octapharma
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Arguido dos vistos dourados está
ligado à multinacional em que Sócrates trabalha
JOSÉ ANTÓNIO
CEREJO 23/11/2014 – PÚBLICO
Um sócio de Marques Mendes
envolvido no caso dos vistos dourados tem numerosas laços com a Octapharma e
também é sócio de um genro de Almeida Santos.
Um dos arguidos
no processo dos vistos dourados que esta semana abalou o país tem estreitas
ligações à empresa farmacêutica para a qual José Sócrates trabalha desde o ano
passado.
Jaime Couto Alves
integrou há alguns anos os quadros da Octapharma Brasil, uma filial da
multinacional suiça de que o ex-primeiro ministro é agora consultor. Além disso
é administrador de um empresa farmacêutica que faz parte de um grupo controlado
por Joaquim Paulo Lalanda e Castro, que dirige a Octapharma em Portugal.
O empresário, que
é conhecido apenas como Paulo Castro e é o responsável pela área de marketing
na empresa mãe do grupo Octapharma — a Octapharma AG com sede na Suiça —,
chegou a ser apontado como um dos três detidos no âmbito do processo que levou
Sócrates à prisão, mas a sua detenção não se confirmou. Para lá das várias
empresas farmacêuticas a que está ligado, Paulo Castro é o administrador único
da imobiliária Convida.
Esta sociedade
anónima, detida a 100% pela Ruby Capital Corporation, uma offshore baseada nas
Ilhas Virgens Britânicas cujos proprietários não são conhecidos, tem sede num
edifício anexo a um condomínio privado situado na Rua da Graça 14, em Lisboa, e
é proprietária, há vários anos, de um apartamento no edifício Heron Castilho,
no qual José Sócrates e a mãe também compraram casa em 1998.
O apartamento da
Convida está arrendado desde 2004
a Luís Cunha Ribeiro, presidente da Administração
Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, uma entidade, como outras pelas
quais o médico passou, que se encontra entre os grandes clientes da Octapharma,
sobretudo nas suas vendas de plasma e outros produtos derivados do sangue.
A contratação de
Sócrates, por indicação de Paulo Castro, como presidente do Conselho Consultivo
desta multinacional para a América Latina, surgiu numa altura em que a sua
filial brasileira estava a ser investigada por alegadas fraudes no âmbito do
chamado processo dos “Vampiros do Sangue”.
Entre os
envolvidos neste caso, que tem a ver com a venda de derivados de sangue aos
serviços de saúde brasileiros, encontra-se precisamente Paulo Castro, em nome
do qual o juiz da 13ª Vara Federal Criminal, de Brasília, mandou passar, em
Junho do ano passado, uma carta rogatória para o mesmo ser ouvido em Portugal.
Paulo Castro é
também gerente da Xcellentis, uma empresa de publicidade igualmente sediada na
Rua da Graça 14, cujo capital pertence em 99,8% à Pars - uma sociedade anónima
que comercializa produtos farmacêuticos e tem Jaime Couto Alves como
administrador único. Os restantes 0,2% são detidos pelo médico Luis Barros
Figueiredo, que é sócio de Jaime Couto Alves numa outra empresa.
A Xcellentis, por
sua vez, é dona, em sociedade com o médico Nelson Sousa Pereira, que detém uma
pequena quota, da Intelligente Life Solutions, uma outra firma especializada na
comercialização de material da área da saúde e sedeada no Porto. Esta empresa
tem como gerentes Paulo Castro e Nelson Sousa Pereira e as suas vendas
atingiram no ano passado o montante de 3,3 milhões de euros.
Na Rua da Graça
14 funciona igualmente a Dynamicaspharma, uma farmacêutica de que é
administrador único Paulo Castro e que é propriedade da Ruby Capital Corporation,
a dona da imobiliária Convida.
Além das suas
ligações à Octapahrma e à Pars, Jaime Couto Alves é sócio de Ana Luisa
Figueiredo e de Luis Marques Mendes na consultora JMF, da qual o ex-ministro
Miguel Macedo também foi sócio até entrar para o Governo. Ana Luisa Figueredo é
filha de António Figueiredo, o ex-director do Instituto de Registos e Notariado
e principal suspeito no caso dos vistos dourados. Tal como Jaime Couto Alves,
foi detida na semana passada e é arguida nesse processo.
Jaime Couto
Alves, que foi também sócio de Luis Marques Mendes na Gironnapp, uma firma de
Fafe que comercializa fraldas descartáveis, partilha com João Miguel Silveira
Botelho, antigo dirigente nacional do PSD e administrador da Fundação
Champallimaud, e com o médico Manuel Dias de Magalhães, as quotas da Ecosíntese
- uma prestadora de serviços da área da saúde actualmente sem actividade.
O mesmo
empresário é ainda sócio de Manuel Dias de Magalhães na consultora MPM, que
contrata médicos para trabalharem no Serviço Nacional de Saúde. Manuel Dias de
Magalhães é um conhecido cardiologista que é director clínico do Hospital da
Cruz Vermelha e é genro de Almeida Santos, antigo presidente do Partido
Socialista.
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