Metro de Lisboa. Orçamento para
despedimentos quase triplica em 2015
Por Filipe Paiva
Cardoso
publicado em 10
Nov 2014 in
(Jornal) i online
Transportadora avança ainda com venda de edifícios para encaixar 13
milhões. Sede executiva, na Av. Barbosa du Bocage, entre os bens a alienar
AMetropolitano de Lisboa aumentou substancialmente as verbas para financiar
despedimentos e rescisões em 2015, ano em que vai aplicar mais do que tudo o
que gastou no período compreendido entre 2010 e 2014 a reduzir pessoal.
Se nestes cinco
anos a empresa gastou um total de 6,8 milhões em rescisões/cessações de
contratos, só em 2015 a
transportadora estima gastar sete milhões a reduzir o quadro de pessoal. Olhando
para o corrente ano, os valores para 2015 representam uma subida de 180%: para 2014 a Metro colocou de lado
2,5 milhões para despedimentos, segundo o OE2014, verba que para 2015 sobe até
aos sete milhões, já segundo os quadros referentes à empresa presentes na
proposta deOrçamento do Estado para 2015.
Entre 2010 e
2013, data do último exercício completo desta transportadora lisboeta, o quadro
de pessoal activo da empresa recuou 13,2%, de 1672 trabalhadores para 1450. Oano
da dieta mais agressiva coincidiu com a chegada da troika e do novo governo
PSD/CDS, com a Metro a emagrecer os quadros em 82 pessoas na parte final de
2011. Nesse ano, e segundo os relatórios e contas desta empresa pública, foram
gastos 660 mil euros em rescisões – para um custo médio de oito mil euros por
trabalhador dispensado. Nos anos seguintes o custo por rescisão foi sempre a
subir, com os 65 trabalhadores que perderam o emprego na Metro em 2012 a custarem 10,1 mil
euros cada – custo total de 660 mil euros. No ano passado os custos
dispararam:foram cortados 74 postos de trabalho, o que implicou uma despesa
total de 2,9 milhões de euros com indemnizações – mais de 40 mil euros por cada
rescisão/cessação. Para 2014 ainda não existem números oficiais, nem a Metro
quis avançar detalhes ao i. Já sobre quantos trabalhadores estão em risco de
perder o emprego no próximo ano, a empresa também nada adiantou. “O Orçamento
do Estado ainda não está aprovado pelo que consideramos prematuro fazer
comentários sobre o orçamento da Metropolitano de Lisboa, que se insere no
Orçamento do Estado”, disse a empresa em resposta às perguntas do i.
Além do
alargamento do orçamento para rescisões na Metro, e em termos de pessoal, a
empresa pública conta no próximo ano poupar 32% no pagamento de horas extra –
de 175 mil para 119 mil euros –, reduzindo também as verbas para subsídios como
os de prevenção, trabalho nocturno e de turno, que caem 8%, 10% e 12%,
respectivamente, para uma poupança global de 213 mil euros. AMetro de Lisboa
vai ainda cortar nas despesas com outro tipo de encargos, como a vigilância e
segurança e a limpeza e higiene (ver texto ao lado).
Venda de
património Em 2015 o governo inscreveu no OE que vai avançar a “concessão da
operação de algumas empresas de transportes à iniciativa privada” em 2015,
usando este argumento para justificar os cortes nas indemnizações
compensatórias das empresas públicas. Mas não vão ser os privados a suprir as
necessidades financeiras da Metro deLisboa, sendo isso que se conclui pelo
plano de venda de edifícios que a transportadora conta avançar no próximo ano
para aumentar as receitas próprias.
Segundo os mapas
que acompanham a proposta de Orçamento do Estado para 2015, a Metro deLisboa vai
avançar com a venda de parte do seu património no próximo ano, contando
encaixar 12,75 milhões de euros com a venda de edifícios, incluindo pelo menos
a sua sede executiva, na Av. Barbosa du Bocage. A empresa não quis adiantar ao
i pormenores sobre os bens a vender, justificando no entanto a redução de
algumas despesas no próximo ano com o facto da Metro deLisboa “ter diminuído as
instalações dos seus serviços centrais, concentrando muitos dos seus serviços”,
referindo-se às poupanças previstas em termos de despesas com segurança e
vigilância.
Segundo o
relatório que acompanha o OE2015, a Metro de Lisboa vai ser a empresa pública
mais castigada em termos de indemnizações compensatórias, passando de um
encaixe de 32 milhões de euros para apenas dois milhões (-94%), de 2014 para
2015. Esta evolução justificará, mesmo que em parte, a necessidade de avançar
com alienações.
Sem comentários:
Enviar um comentário