Filha do presidente do Instituto Nacional de Registos e Notariado tem empresa com cinco sócios, dois deles chineses. Um dos vários objetivos da empresa Golden Vista é vender imóveis.
|
PJ investiga empresas de
familiares dos arguidos
Filha do presidente do Instituto Nacional de Registos e Notariado tem
empresa com cinco sócios, dois deles chineses. Um dos vários objetivos da
empresa Golden Vista é vender imóveis.
SÓNIA SIMÕES /
14-11-2014 / OBSERVADOR
A empresa da
filha do presidente do Instituto de Registos e Notariado (IRN) está a ser
investigada no âmbito do processo que culminou esta quinta-feira com 11 detidos
por suspeitas de corrupção, peculato e branqueamento de capitais na atribuição
de vistos Gold. Ana Luísa Figueiredo tem cinco sócios, dois deles chineses.
Entre os 11
detidos, que serão esta sexta-feira presentes a tribunal, está o próprio
António Figueiredo, presidente do IRN, a sua mulher que é secretária geral da Justiça,
e o diretor geral do Serviço e Estrangeiros e Fronteiras. Suspeita-se que
tenham facilitado a atribuição de vistos e que tenham obtido dividendos por
isso.
Segundo o jornal
Público, a empresa de Ana Luísa Figueiredo, a Golden Vista Europe é uma das
investigadas no âmbito do processo. Segundo informações sobre empresas
disponibilizadas no Portal da Justiça, foi criada em outubro de 2013 com um
objeto social bastante diverso: “compra e venda de imóveis e revenda dos
adquiridos para esse fim, arrendamento de imóveis, gestão e administração de
condomínios, prestação de serviços de documentação”. Pode ainda dedicar-se à
exploração de de unidades hoteleiras e turísticas, à organização de eventos e à
comercialização de mármores, granitos e rochas ornamentais. Mais. A Golden
Vista Europe presta serviços de formação e até desenvolve atividades
agropecuárias, florestais e piscatórias.
António
Figueiredo garantiu ao jornal Público, quando em junho se soube que estava a
ser investigado, que a empresa sediada em Cascais não teve qualquer atividade
desde que foi criada em outubro. Já o sócio-gerente Carlos Oliveira confirmou,
na altura, que a firma fora constituída para vender imóveis, aproveitando a lei
dos vistos Gold, mas que nunca conseguiu fazer qualquer negócio.
Além de Ana Luísa
(que tem uma quota de 20% da empresa) e de Carlos Oliveira , a Golden Vista
Europe tem como sócios-gerentes dois cidadãos chineses – Zhu Baoe, com
residência na sede da empresa, na Quinta da Bicuda, em Cascais e que está
ligado a uma outra empresa de investimentos imobiliários, a Pyramidpearl, e
Shengrong Lu que reside nas ilhas Baleares, João Miguel Duarte Martins e Tiago
Luís Santos Oliveira.
De acordo com o
Jornal de Notícias, filha de António e que não chegou a ser detida, esta quinta-feira,
como indicavam as primeiras informações postas a circular. Foi sócia fundadora
da suspeita Golden Vista Europa, posição a que terá entretanto renunciado. Os
órgãos sociais da empresa foram alterados duas semanas depois da sua criação. E
são os únicos atos registados no site do Ministério da Justiça.
O ministro da
Administração Interna, Miguel Macedo, e o antigo líder do PSD e comentador
político Luís Marques Mendes, são também sócios de Ana Luísa Oliveira
Figueiredo noutra empresa, a JMF – Projects & Business. Num comunicado
enviado pelas 20h30 de quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República fez
questão de sublinhar, no entanto, que não há qualquer “membro do governo”
suspeito neste processo. Mas há altos cargos da Administração Pública.
O Diário de
Notícias diz que foi no gabinete de Miguel Macedo que investigadores da Unidade
Nacional de Combate à Corrupção da PJ procuraram um documento que estava
prestes a despachar: a nomeação de um oficial de ligação do Serviço e
Estrangeiros e Fronteiras para a China.
O Jornal de
Notícias diz, aliás, que quando Miguel Macedo percebeu as ligações que tinha
aos suspeitos sob investigação, quis demitir-se. Mas o Primeiro Ministro,
Passos Coelho, impediu que o fizesse.
À TSF, o
dirigente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, disse considera que
não haverá necessidade de alterar a lei que permite a atribuição de vistos
Gold, mas a aplicação da legislação deverá ser mais cautelosa. “Foi uma bomba
atómica que eu recebi (…). Custa-me a crer que um diretor do SEF possa estar
implicado neste processo”, disse, considerando que a comunidade chinesa não
sairá beliscada.
Sem comentários:
Enviar um comentário