Já se pode conhecer o Convento de
São Pedro de Alcântara
08 Novembro 2014
OBSERVADOR
Sara Otto Coelho
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Sob a capela
estão as ossadas dos vários Marqueses de Marialva que ali foram sendo
sepultados ao longo da história
© André Correia
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É a primeira vez
que a Santa Casa da Misericórdia decide abrir o edifício do século XVII ao
público em geral. E com entrada gratuita para um património que vale a pena ser
visitado.
É pela Rua de São
Pedro de Alcântara, em Lisboa, que milhares de pessoas circulam diariamente
entre o Príncipe Real e o Bairro Alto. Turistas e lisboetas não deixam de tirar
uma foto no Miradouro, nem de visitar o Museu de São Roque. No caminho, todas
passavam ao lado de um tesouro chamado Convento de São Pedro de Alcântara, que
apenas se abria esporadicamente a alguns grupos. Mas isso mudou esta semana. A
Santa Casa da Misericórdia decidiu abrir, pela primeira vez, a construção do
século XVII ao público em geral.
Os azulejos
contam a vida de São Pedro de Alcântara
© André Correia
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Na igreja,
construída em 1681, sobressaem os altares em talha dourada com iconografia
franciscana e pinturas da época joanina vindas do Convento de Mafra no período
do pós-terramoto de 1755, nomeadamente “A Coroação da Virgem”, do pintor
francês Pierre Antoine Quillard e “A Pregação de S. João Baptista”, de Pedro
Alexandrino de Carvalho, provavelmente encomendados pelo rei D. João V. A
igreja não tem órgão. Foi levado para a igreja de São Roque em 1843.
Capela dos
Lencastres
O centro
representa o brasão de armas de D. Veríssimo
© André Correia
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© André Correia
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Em 1870 foram
feitas obras de restauro. É daí que resulta o teto, pintado em trompe l’oeil
pelo pintor francês Pierre Bordes em 1878, e um desafio para os olhos. No
altar-mor, de influência rococó em talha dourada, sobressai a pintura “O
Extâse”, de São Pedro de Alcântara, do séc. XVII, atribuída ao pintor Bento
Coelho da Silveira.
Nas paredes da
igreja encontram-se painéis de azulejos do século XVIII, em moldura de efeito
barroco, que representam cenas da vida de São Pedro de Alcântara. Para além de
estarem em excelente estado de conservação, trata-se do conjunto mais completo
em Portugal sobre a vida do santo.
Longe da vista
fica a roda dos expostos, onde no passado as pessoas deixavam as crianças
anonimamente a cargo das misericórdias, e o Parlatório, construído já no século
XIX, ou as esculturas que relatam a morte de São Francisco de Assis. As
camaratas do piso de cima também estão encerradas às visitas livres. É por isso
que as visitas guiadas aos fins de semana são aconselháveis. Durante cerca de
uma hora, é possível ver e saber mais sobre a história e o património do
Convento, a troco de 2,50 euros.
Um Convento em
honra da independência de Portugal face a Espanha
A construção do
templo, dedicado ao santo castelhano São Pedro de Alcântara, remonta ao século
XVII, anterior ao terramoto de 1755. Quase 100 anos antes, em 1665, o primeiro
marquês de Marialva e conde de Cantanhede fez um voto de fundar um Convento
dedicado a São Pedro de Alcântara, caso os portugueses vencessem os espanhóis
na Batalha de Montes Claros, pela independência de Portugal. Ainda hoje, sob a
capela, estão as ossadas dos vários Marqueses de Marialva que ali foram sendo
sepultados ao longo da história.
O terramoto
abalou o Convento, o que levou a obras de restauro. Foi-lhe acrescentado mais
um piso, paredes mais altas e uma sala superior, projetada por Manuel da Maia,
que passou a permitir a entrada de luz natural.
Mas a “joia da
coroa” do Convento é a Capela dos Lencastres, construída em 1690 ao lado da
igreja e que se mantém original, por não ter sido atingida pelo terramoto. Foi
construída em memória de D. Veríssimo de Lencastre, Cardeal de Lisboa, e é lá
que continua sepultado.
As paredes estão
decoradas com mármores embutidos de influência italiana, de várias cores.
Apenas o teto está pintado com frescos da época áurea do brutesco nacional, de
finais do século XVII. Foi Francisco Pais quem o pintou. No altar,
originalmente dedicado aos mártires de Lisboa – Veríssimo, Máxima e Júlia –
podem admirar-se colunas em mármore típicas do barroco italiano. No centro do
altar, o brasão de armas de D. Veríssimo salta à vista.
O Convento de São
Pedro de Alcântara foi entregue à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, por
decreto de D. Pedro, Duque de Bragança, ex-imperador do Brasil, a 31 de
Dezembro de 1833, devido à Extinção das Ordens Religiosas decretada pelos
Liberais. Nas últimas décadas foi ocupado pela Comunidade Religiosa Feminina da
Congregação de Maria, que recolhia jovens carenciadas.
Na visita que o
Observador fez em abril, ainda não estava prevista a abertura ao público e o
destino a dar a alguns espaços ainda estava a ser equacionado. O centro
documental já abriu, mas a hipótese de abrir um restaurante, cafetarias, lojas
e salas para conferências ainda está a ser estudada.
Horários:
Visitas livres
Outubro a Março: de terça-feira a domingo, das 10h00 às 18h00. Segunda-feira
das 14h00 às 18h00
Abril a Setembro:
terça-feira a domingo, das 10h00 às 19h00. Segunda-feira das 14h00 às 19h00.
Quinta-feira das 10h00 às 20h00.
Visitas guiadas
Sexta-feira: 11h30 em francês, 15h00 em inglês
Sábado: 15h00 e
16h30 em português
Duram cerca de
uma hora, podem ser agendadas em vários idiomas e integram também o Coro-alto,
com vista privilegiada sobre a capela, e a Sacristia. O preço dos bilhetes é de
2,50 euros por pessoa. Máximo de 20 pessoas por grupo.
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