Ricardo Salgado quebrou o
silêncio. E está zangado
10/11/2014 / SÓNIA
SIMÕES / OBSERVADOR
Informações que a auditoria forense da Deloitte estaria terminada esta
semana levam o ex-presidente do BES a falar em "julgamento público".
O banqueiro diz que ainda vai prestar esclarecimentos.
Ricardo Salgado
quebrou o silêncio que prometeu manter até conhecer as conclusões da auditoria
forense às contas do Banco Espírito Santo para dizer que está a ser vítima de
uma “tentativa de julgamento público”.
O ex-presidente
do BES enviou um comunicado a afirmar que 48 horas antes de a SIC avançar com
algumas conclusões da auditoria, tinha sido contactado pela Deloitte para uma
reunião de esclarecimentos que devia ser realizada durante esta semana.
Salgado diz que
foi contactado sexta-feira “no contexto do processo de auditoria em curso que
está a ser conduzido pelo Banco de Portugal e CMVM ao Banco Espírito Santo com
a colaboração da Deloitte”. O objetivo seria “clarificar alguma informação
recolhida no âmbito da referida auditoria, e obter informação adicional”. A própria
consultora terá mostrado preferência em agendar o encontro para o “final” desta
semana.
“Perante esta
factualidade, e sem ter existido qualquer contraditório por parte do Dr.
Ricardo Salgado (e, presume-se, de outros visados) parece evidente que estamos,
uma vez mais, perante uma desleal e inusitada tentativa de se fazer um
julgamento público e mediático, com motivações predeterminadas e preanunciadas,
com vista ao condicionamento da opinião pública e, eventualmente, da própria
Comissão Parlamentar de Inquérito”, refere o comunicado enviado pela assessoria
de imprensa de Ricardo Salgado.
A SIC avançou
este domingo que a auditoria estaria “praticamente fechada e pronta para o
governador do Banco de Portugal levar ao arranque da comissão parlamentar de inquérito”,
a 17 de novembro.
Segundo avançou a
SIC – e conseguiu confirmar o Observador – a Deloitte não conseguiu identificar
o destinatário final das muitas centenas de milhões de euros que saíram do BES
nos últimos dias da gestão de Ricardo Salgado, depois de o banqueiro ter saída
marcada e ainda antes de Vítor Bento ter assumido o lugar de presidente
executivo.
A auditoria
concentrou-se particularmente nos 1,5 mil milhões de euros que as contas do
primeiro semestre de 2014 identificaram como perdas adicionais e que elevaram
os prejuízos do banco ao valor histórico de 3,6 mil milhões de euros,
precipitando a resolução.
Os peritos
localizaram as ordens de transferência dentro do BES, o que permitirá a Carlos
Costa enviar dados concretos para o Ministério Público dentro de alguns dias,
quando os trabalhos da auditora e do Banco de Portugal estiverem concluídos. A
hipótese que se levanta nesta fase é de prática de atos ruinosos, que colocaram
em causa os rácios de solvabilidade do BES.
Uma hipótese que
Ricardo Salgado considera, para já “uma desleal e inusitada tentativa de se
fazer um julgamento público e mediático”.
Ricardo Salgado
também foi chamado a prestar declarações no âmbito da comissão de inquérito,
cujo início está agendado para dia 17 de novembro.
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