Barreto Xavier quer avançar com
obras no Palácio da Ajuda
Por Alexandra
Prado Coelho / 9-11-2014 / PÚBLICO
O projecto de remate da fachada inacabada do Palácio da Ajuda, em Lisboa,
vai finalmente avançar, disse a Secretaria de Estado da Cultura (SEC) ao
Expresso.
Para António
Lamas, trata-se de uma "óptima notícia", porque, na sua opinião, esse
é um dos elementos fundamentais para a revitalização do eixo Belém-Ajuda.
O PÚBLICO
contactou o gabinete do secretário de Estado, Jorge Barreto Xavier, para saber
quem é o arquitecto responsável pelo projecto e quando é que está previsto que
as obras tenham início, mas não obteve respostas em tempo útil até ao fecho
desta edição. Segundo o Expresso, Barreto Xavier pretende utilizar os 4,4
milhões de euros do seguro das jóias da Coroa, roubadas em 2002 quando saíram
de Portugal para uma exposição na Holanda.
Em 2008, o Estado
português recebeu da seguradora uma indemnização no valor de 6 milhões de euros
- valor parcialmente usado para, em 2007, comprar, por 1,5 milhões, um quadro
do pintor veneziano Giovanni Tiepolo. Está
também prevista a instalação no palácio das restantes jóias da Coroa
portuguesa, para que possam ser vistas pelo público.
Já em Agosto de
2012, o então director-geral do Património, Elísio Summavielle, anunciara ao
PÚBLICO que o remate da ala poente do palácio iria acontecer durante o ano de 2013. A proposta
arquitectónica então em cima da mesa tinha a assinatura do arquitecto Vasco
Massapina, entretanto falecido, e era bastante menos ambiciosa do que as duas
anteriores, a de Gonçalo Byrne (apresentada nos anos 90) e da de João Carlos
Santos (de 2011).
Na altura,
Summavielle explicou que o projecto de Massapina não previa a "conclusão
do palácio", ao contrário das outras duas. "O que pedimos a Massapina
foi que desenhasse algo minimal, que assumisse o inacabado e que consolidasse a
ruína, absolutamente caótica do ponto de vista visual." Estava ainda
prevista a consolidação da fachada nascente, a conservação da caixilharia, a
intervenção no torreão sul, a revisão das coberturas e ainda trabalhos nas
cozinhas, que tinham sido encerradas em Abril de 2012 por falta de condições. Quando
Summavielle, e o então secretário de Estado, Francisco José Viegas, deixaram os
cargos, em Outubro desse ano, o projecto, no valor de meio milhão de euros,
estava pronto e esperava apenas a luz verde do Ministério das Finanças.
O projecto
inicial, do arquitecto Gonçalo Byrne, tinha sido encomendado nos anos 1990 por
António Lamas, que sobre ele diz agora ao PÚBLICO: "Era um projecto
lindíssimo. Problemas? As barracas da Guarda Nacional Republicana, a própria
Calçada da Ajuda... Toda aquela zona nos foi imposta pelos franceses. Parou
tudo com as Invasões Francesas. Durante 14 anos foram-se construindo barracas:
para os operários, para os criados que ficaram... Toda a fragmentação daquela zona
da Ajuda se dá quando a corte está no Brasil. O D. João VI ainda pediu desenhos
e tomou decisões a partir do Brasil, mas aquilo já não teve efeito nenhum. E
assim ficou. Depois, desde os anos 1960 houve tentativas de remate do palácio. Na
altura contei seis projectos, até o arquitecto Raul Lino tentou." O
projecto de Byrne já incluía a ideia de um museu da ourivesaria, onde a grande
estrela seriam as jóias da Coroa. com Lucinda Canelas e Vanessa Rato
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