quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Aos leitores do i, por Luís Rosa


Aos leitores do i
Por Luís Rosa
publicado em 4 Set 2014 in (jornal) i online

Acreditamos numa luta diária por histórias que sejam úteis e próximas de si
Como Joseph Pulitzer, o criador do jornalismo moderno, sempre defendeu, contar uma boa história de forma sucinta, clara e precisa através de texto e imagens continua a ser a base do êxito de qualquer projecto editorial. Não é preciso complicar - essa é a chave do bom jornalismo. A causa da crise do negócio dos media não tem só a ver com a queda de receitas. Tem também a ver com um jornalismo fechado e hermético, que pensa em tudo menos na razão da sua existência: os leitores. São estes que compõem a audiência - e é a audiência que traz receitas que fazem a sustentabilidade dos projectos editoriais. Estes têm de ter sempre os leitores no centro das suas preocupações.

Por isso decidimos hoje colocar um cidadão comum na nossa capa. O jornalismo deve ter como missão servir e escutar a comunidade que serve.

É bom recordar estas evidências no dia em que se inicia uma nova fase do jornal i. Temos um novo accionista (o grupo Newshold), entra em funções uma nova direcção por mim liderada e da qual fará parte o Luís Osório como director-adjunto e estamos em pleno processo de mudança para novas instalações. É um tempo de mudança e evolução no i - mas não de ruptura. É ainda uma oportunidade para a nossa equipa melhorar os produtos que oferecemos diariamente aos nossos leitores. O principal objectivo da nova direcção é precisamente esse: incrementar a competitividade da marca i, aumentar a nossa audiência e tornar a nossa marca mais influente no mercado de papel, online, nas plataformas móveis e nas redes sociais.

Como? Apostando na diferenciação do i face aos concorrentes e transformando-o num produto mais estruturado, mais focado, com as principais áreas editoriais perfeitamente identificadas para os leitores, e também com canais de distribuição de conteúdos que tenham a mesma importância para a nossa equipa redactorial.

A edição de papel do i, premiada anualmente por organizações internacionais, é essencial para esta direcção - tal como os conteúdos online. Não podemos, contudo, ignorar uma realidade do presente - e não do futuro, como muitas vezes é apresentada: a maioria dos consumidores de informação estão no online. Nunca se consumiu tanta informação como hoje - e tudo por causa do online. A proliferação dos computadores e das plataformas móveis aumentou o consumo de notícias, reportagens, entrevistas ou opinião. Isto é, o jornalismo deveria estar mais forte que nunca. Mas não está. E não está porque nós, jornalistas, ainda não conseguimos pensar e produzir conteúdos específicos para os canais de distribuição electrónicos. Mas temos de conseguir. É por isso que o online terá tanta importância para a nossa equipa como a edição de papel.

O projecto editorial da nova direcção do i, que vai ser construído com a nossa equipa nas próximas semanas, não terá subjacente qualquer espécie de projecto ideológico ou político. Os perfis dos dois directores assentam no pluralismo. Acreditamos que o jornal deve reflectir os diversos pontos de vista da sociedade portuguesa. Mas deve reflecti-los de forma coerente do ponto de vista jornalístico. Não pode defender uma coisa e o seu contrário. Acreditamos que o jornal pode e deve crescer pelo equilíbrio das suas posições. Não acreditamos em projectos editoriais que reflictam essencialmente os extremos da sociedade. Acreditamos numa luta diária por histórias que sejam úteis e próximas dos nossos leitores. Não acreditamos em lutas políticas travestidas de pretenso jornalismo. A independência editorial que marca o i vai ser um rosto cada vez mais forte do nosso projecto.


A batalha pela concretização destes objectivos será difícil e intensa, mas não falta energia e força para dirimi-la por uma razão: contamos com a redacção mais talentosa da imprensa portuguesa. Os jornalistas do i são abnegados, combativos, obcecados e lutadores por tudo o que tenha a ver consigo: o leitor do i. Será para si que vamos trabalhar.

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