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Proprietários atacam Rui Moreira
por "declarações e ameaças ilegais e antidemocráticas"
INÊS BOAVENTURA
20/09/2014 - PÚBLICO
A Confederação de Proprietários e a Associação Lisbonense de Proprietários
avisam o autarca do Porto que pode contar com "uma infinidade de litígios
judiciais".
O autarca do
Porto admitiu fazer expropriações para salvar lojas ameaçadas pelo aumento das
rendas
Estruturas
representativas dos proprietários dizem ter recebido “com total repúdio” aquilo
que consideram ser “declarações e ameaças ilegais e antidemocráticas” do
presidente da Câmara do Porto, que avisou estar disposto a avançar com
expropriações para salvar lojas ameaçadas pelo aumento das rendas.
Num comunicado
conjunto, a Confederação de Proprietários e a Associação Lisbonense de
Proprietários atacam Rui Moreira por sugerir “um regresso ao congelamento das
rendas” e “expropriações selvagens, ao estilo do Estado Novo”. As duas
estruturas associativas sublinham ainda que “os proprietários imobiliários não
se deixam intimidar por ameaças” e deixam um aviso ao autarca: “As suas
ameaças, a concretizarem-se, arrastarão a câmara a que preside para uma
infinidade de litígios judiciais”.
Os proprietários
aproveitam também para “esclarecer” Rui Moreira, a quem explicam que “as
expropriações de que fala, nos termos constitucionais democráticos actuais e
não da ditadura, só se podem fazer mediante o pagamento de justa indemnização e
depois de ser demonstrada a utilidade pública do bem”. Face a isso, diz-se no
comunicado que “os proprietários imobiliários estranham que a situação
financeira da Câmara do Porto esteja tão favorável que possa pagar os custos da
expropriação”.
As polémicas
declarações do autarca foram proferidas na sexta-feira, na abertura de uma
conferência destinada a assinalar o 10.º aniversário da Porto Vivo - Sociedade
de Reabilitação Urbana. “Se porventura pensarem que vão expulsar [cafés e lojas
históricas] resistentes da cidade, saibam que a Câmara do Porto utilizará todos
os recursos legais ao seu alcance para o impedir. Para sermos claros, no Estado
Novo usavam-se expropriações por essa razão”, afirmou o autarca na ocasião.
Nessa
conferência, Rui Moreira defendeu também que a actualização das rendas era
“razoável e útil”, mas não a qualquer preço.
No seu
comunicado, a Confederação de Proprietários e a Associação Lisbonense de
Proprietários sustentam que “se existe um grande responsável pela descaracterização
e degradação do património dos centros urbanos, nomeadamente de muitos dos seus
estabelecimentos comerciais históricos, é o congelamento das rendas durante
mais de cem anos”, ao qual acusam o autarca do Porto de pretender regressar.
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