ACP diz que limitar circulação de
carros no centro de Lisboa "é pura demagogia"
Na opinião de Carlos Barbosa, os maiores poluidores na cidade de Lisboa são
os transportes públicos
Por Agência Lusa
publicado em 19
Set 2014
O presidente do
Automóvel Clube de Portugal (ACP) considerou hoje que a intenção da Câmara de
Lisboa de limitar a circulação de carros no centro da cidade é “pura demagogia”
e só demostra desconhecimento pelo parque automóvel.
Em declarações à
agência Lusa sobre a intenção da autarquia de implementar a terceira fase de
Zonas de Emissões Reduzidas (ZER) em novembro, limitando a circulação de carros
anteriores a 2000 e a 1996, consoante as zonas, no centro e na baixa da cidade,
Carlos Barbosa, disse que é “um disparate completo”.
“A Câmara
Municipal de Lisboa vai ter grandes dificuldades em avançar, porque não tem
noção do que é o parque automóvel em Portugal. Não só vão deixar os táxis andar
(são mais antigos do que isso, 2000 ou 1996), como muita gente não conseguiu
trocar de carro devido à crise vai continuar a não conseguir trocar de
veículo”, explicou.
O mesmo
responsável lembrou que há uns anos atrás, os portugueses trocavam de carro em
média de cinco em cinco anos e agora passou a ser de 14 em 14 anos.
“Há muitos carros
que estão em bom estado, apesar de serem velhos, mas as pessoas não os trocam
porque não têm dinheiro para os trocar. Portanto, a câmara não tem a noção do
parque automóvel que entra e sai de Lisboa todos os dias”, constatou.
Na opinião de
Carlos Barbosa, os maiores poluidores na cidade de Lisboa são os transportes
públicos.
“Poluem mais do
que todos os carros que circulam em Lisboa. Portanto, esta intenção de António
Costa é demagogia pura e por querer meter pontos de agenda”, sublinhou.
O presidente do
ACP considerou, ironizando, que, se a intenção autarca de Lisboa é proteger o
ambiente, pode começar por cortar as árvores na Avenida da Liberdade.
“Por exemplo,
fez-se aquela obra na rotundo do Marquês de Pombal sem pés nem cabeça e a
poluição passou toda para a Avenida Almirante Reis e para o Príncipe Real. Agora,
o trânsito está praticamente igual e continua a haver poluição na Avenida da
Liberdade”, vincou.
Caso a proposta
seja aprovada pelo executivo municipal, na zona 1 (do Marquês de Pombal à
Baixa), só poderão circular veículos posteriores a 2000, enquanto na zona 2 (definida
pelos limites Avenida de Ceuta, Eixo Norte-Sul, avenidas das Forças Armadas,
dos Estados Unidos, Marechal António Spínola, Santo Condestável e Infante D.
Henrique), apenas terão permissão de circular os carros posteriores a 1996.
Esta circulação é
condicionada das 07:00 às 21:00, à exceção dos veículos históricos, residentes
e táxis, e vai manter-se na terceira fase, que já estava prevista para o início
do ano.
O objetivo é
“desincentivar os percursos pendulares para o centro da cidade”, apelando à
utilização dos transportes públicos.
Para garantir que
as medidas são respeitadas, em outubro, uma equipa mista constituida pela
Polícia Municipal e pela Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade
Nova de Lisboa vai fazer ações de monitorização e fiscalização.
Nas declarações à
Lusa, o presidente do ACP disse não acreditar numa monitorização pela Polícia
Municipal, pois “esta não funciona” e as equipas das universidades são
teóricas.
“A meu ver, isto
tudo tem a ver com a campanha eleitoral de António Costa para as primárias do
PS, para mostrar serviço. Em termos de mobilidade não fez nada nos últimos
anos”, concluiu.
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