Justiça suspende inquérito por
corrupção a Sarkozy
Ex-Presidente continua a ser suspeito de corrupção e tráfico de
influências, mas investigação fica “congelada”
João Manuel Rocha
/ 25-9-2014 / PÚBLICO
A Justiça
francesa suspendeu o inquérito por suspeita de corrupção que está a fazer ao
ex-Presidente Nicolas Sarkozy até que sejam apreciados os pedidos de nulidade
de escutas telefónicas apresentados pelo político e pelo seu advogado.
A decisão foi
tomada na terça-feira e noticiada ontem pela AFP. A suspensão das investigações
pode prolongar-se durante meses, até que o tribunal de recurso se pronuncie
sobre os pedidos de Sarkozy e do seu advogado, Thierry Herzog, igualmente
indiciado. Ambos contestam a legalidade das escutas que levaram a que fossem
constituídos arguidos, alegando que escutar um advogado e o seu cliente é uma
violação de segredo profissional.
Sarkozy continua
a ser suspeito de “corrupção activa”, “tráfico de influências” e “violação do
segredo de justiça”, mas a investigação — uma das várias que incidem sobre
acontecimentos dos seus anos de presidência — fica “congelada”. O caso levou,
em Julho deste ano, à constituição do ex-Presidente como arguido, por alegada
tentativa de obter informações sobre processos em que estava a ser investigado.
Os juízes que
investigam este dossier têm procurado apurar se Sarkozy tentou, com o seu
advogado, saber junto de um alto magistrado, Gilbert Azibert, que também é
arguido no caso, informações sob segredo de justiça relativas a um dos
processos em que é visado — o alegado financiamento irregular da campanha presidencial
de 2007 por Liliane Bettencourt, herdeira da L’Oréal. Em troca teria sido
prometido ao magistrado um prestigiado cargo no Mónaco.
Querem também
esclarecer se o então Presidente foi informado que estava sob escuta num
inquérito a suspeitas de financiamento ilegal à sua eleição pelo o ditador
líbio Muammar Khadafi morto entretanto.
Ainda que a
suspensão do inquérito das escutas seja uma boa notícia para Sarkozy, o
ex-Presidente não tem motivos para estar tranquilo. São vários os casos que
podem vir a obrigá-lo a prestar contas à Justiça — das facturas falsas na
campanha das presidenciais de 2012; ao chamado “escândalo Tapie”, em que é
suspeito de ter feito pressão sobre a então ministra da Economia, Christine
Lagarde, actual directora-geral do Fundo Monetário Internacional, para que
fosse feita uma arbitragem num conflito que opunha o empresário Bernard Tapie
ao Banco Crédit Lyonnais sobre a venda da empresa Adidas. Em Julho de 2008,
Tapie recebeu 403 milhões de euros do Estado francês, a título de indemnização.
No domingo,
Sarkozy disse não ter praticado qualquer irregularidade nos casos que correm na
Justiça em que o seu nome é citado. Apesar do cenário aparentemente sombrio, na
sexta-feira, Sarkozy, Presidente de 2007 a 2012, anunciou a intenção de se
candidatar à presidência do seu partido, a UMP, de centro-direita, em Novembro.
No horizonte pode estar uma candidatura às
presidenciais de 2017.
Sem comentários:
Enviar um comentário