EDITORIAL
Um respaldo político ao Banco de
Portugal
DIRECÇÃO
EDITORIAL 15/09/2014 / PÚBLICO
O Governo veio
reconhecer nas Grandes Opções do Plano que a crise no BES irá ter um impacto
negativo no crédito, no investimento e, logo, no crescimento da economia. Mas o
caso BES, além de estragos económicos, poderá ter repercussões políticas. Este
fim-de-semana, na rentrée do CDS-PP, Paulo Portas fez alguns reparos indirectos
ao papel do Banco de Portugal, dizendo que o partido luta “há muitos anos” por
uma supervisão eficiente. Já Passos Coelho foi mais claro, mas apontou num
sentido diametralmente oposto. Teceu rasgados elogios ao governador do Banco de
Portugal pelo seu papel no caso BES, acrescentando que o supervisor “teve 100%
de apoio do Governo”. Com estas palavras o primeiro-ministro dá um respaldo
político às decisões que têm sido tomadas por Carlos Costa. Mas também se
coloca numa posição em que se alguma coisa correr mal será chamado a responder
politicamente.
Bruxelas defende venda rápida do
Novo Banco
LUSA 15/09/2014 -
14:22
Comissão sugere que a alienação poderá ser feita em partes.
A Comissão
Europeia defende que o Novo Banco deve ser vendido o mais rapidamente possível
e que a alienação do banco pode ser feita em partes a vários interessados.
"De forma a
ser viável, [o Novo Banco] deve ser vendido e integrado num banco que seja
capaz de continuar as suas actividades de maneira viável", disse hoje o
porta-voz do comissário da Concorrência, Joaquín Almunia, na conferência de
imprensa diária da Comissão Europeia.
Já
posteriormente, em resposta escrita à Lusa, a Comissão Europeia acrescentou que
"quanto mais rápido a venda acontecer" melhor, uma vez que esta é a
melhor maneira de "a viabilidade dos activos poder ser assegurada".
Sobre o modo como
essa alienação pode acontecer, Bruxelas fez questão de explicitar que "os
activos não precisam de ser vendidos em bloco a uma entidade", podendo ser
tomada a opção de vender "em separado a várias entidades".
Ainda na
conferência de imprensa, o porta-voz da Comissão não se pronunciou
especificamente sobre situação do banco e a saída da equipa de gestão liderada
por Vítor Bento, pouco mais de um mês após o Novo Banco ter sido criado,
acrescentando apenas que Bruxelas está "confiante de que a nova equipa [de
gestão] vai concretizar os compromissos" incluídos na decisão de Agosto da
Comissão Europeia, que deu luz verde à medida de resolução do Banco Espírito
Santo (BES).
Bento elogia
sucessor
A administração
do Novo Banco comunicou, na semana passada, ao Banco de Portugal a sua intenção
de sair do Novo Banco, uma notícia avançada pelo semanário Expresso e que foi
confirmada por Vítor Bento, José Honório e João Moreira Rato no sábado.
No domingo, o
Banco de Portugal anunciou a nomeação de novos administradores para o Novo
Banco, que será presidido por Eduardo Stock da Cunha e que incluirá ainda Jorge
Freire Cardoso (administrador da Caixa Geral de Depósitos), Vítor Fernandes e
José João Guilherme.
Uma das
principais missões dos novos membros será a de criar "uma estrutura
accionista estável", disse o Banco de Portugal, usando uma expressão já
anteriormente utilizada.
O presidente
demissionário do Novo Banco, Vítor Bento, escreveu hoje aos colaboradores e
clientes da instituição, justificando a saída do conselho de administração e
destacando o "profissionalismo" e "experiência" do seu
sucessor.
"Estou
convicto de que esta mudança ocorre no momento mais oportuno para o
efeito", escreve Vítor Bento na comunicação interna aos colaboradores, a
que a Lusa teve acesso, acrescentando que "estão praticamente resolvidas
as questões mais complexas e desgastantes da transição do regime do
banco".
Segundo Vítor
Bento, "libertando a nova equipa daquele desgaste", a actividade do
banco ganhará "um novo impulso".
Para Vítor Bento,
lê-se nas cartas dirigidas aos trabalhadores e aos clientes, o novo presidente
é "uma pessoa muito experiente no sector” e “um profissional reconhecido”.
A saída da equipa
de Vítor Bento foi atribuída pelo Expresso à rejeição pelo banco central da
estratégia de longo prazo apresentada por Vítor Bento, José Honório e Moreira
Rato, que preferiam uma estratégia de longo prazo para a instituição, em vez de
uma venda o mais rapidamente possível.
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