terça-feira, 16 de setembro de 2014

Um respaldo político ao Banco de Portugal. Bruxelas defende venda rápida do Novo Banco


EDITORIAL
Um respaldo político ao Banco de Portugal
DIRECÇÃO EDITORIAL 15/09/2014 / PÚBLICO

O Governo veio reconhecer nas Grandes Opções do Plano que a crise no BES irá ter um impacto negativo no crédito, no investimento e, logo, no crescimento da economia. Mas o caso BES, além de estragos económicos, poderá ter repercussões políticas. Este fim-de-semana, na rentrée do CDS-PP, Paulo Portas fez alguns reparos indirectos ao papel do Banco de Portugal, dizendo que o partido luta “há muitos anos” por uma supervisão eficiente. Já Passos Coelho foi mais claro, mas apontou num sentido diametralmente oposto. Teceu rasgados elogios ao governador do Banco de Portugal pelo seu papel no caso BES, acrescentando que o supervisor “teve 100% de apoio do Governo”. Com estas palavras o primeiro-ministro dá um respaldo político às decisões que têm sido tomadas por Carlos Costa. Mas também se coloca numa posição em que se alguma coisa correr mal será chamado a responder politicamente.


Bruxelas defende venda rápida do Novo Banco
LUSA 15/09/2014 - 14:22
Comissão sugere que a alienação poderá ser feita em partes.

A Comissão Europeia defende que o Novo Banco deve ser vendido o mais rapidamente possível e que a alienação do banco pode ser feita em partes a vários interessados.

"De forma a ser viável, [o Novo Banco] deve ser vendido e integrado num banco que seja capaz de continuar as suas actividades de maneira viável", disse hoje o porta-voz do comissário da Concorrência, Joaquín Almunia, na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia.

Já posteriormente, em resposta escrita à Lusa, a Comissão Europeia acrescentou que "quanto mais rápido a venda acontecer" melhor, uma vez que esta é a melhor maneira de "a viabilidade dos activos poder ser assegurada".

Sobre o modo como essa alienação pode acontecer, Bruxelas fez questão de explicitar que "os activos não precisam de ser vendidos em bloco a uma entidade", podendo ser tomada a opção de vender "em separado a várias entidades".

Ainda na conferência de imprensa, o porta-voz da Comissão não se pronunciou especificamente sobre situação do banco e a saída da equipa de gestão liderada por Vítor Bento, pouco mais de um mês após o Novo Banco ter sido criado, acrescentando apenas que Bruxelas está "confiante de que a nova equipa [de gestão] vai concretizar os compromissos" incluídos na decisão de Agosto da Comissão Europeia, que deu luz verde à medida de resolução do Banco Espírito Santo (BES).

Bento elogia sucessor
A administração do Novo Banco comunicou, na semana passada, ao Banco de Portugal a sua intenção de sair do Novo Banco, uma notícia avançada pelo semanário Expresso e que foi confirmada por Vítor Bento, José Honório e João Moreira Rato no sábado.

No domingo, o Banco de Portugal anunciou a nomeação de novos administradores para o Novo Banco, que será presidido por Eduardo Stock da Cunha e que incluirá ainda Jorge Freire Cardoso (administrador da Caixa Geral de Depósitos), Vítor Fernandes e José João Guilherme.

Uma das principais missões dos novos membros será a de criar "uma estrutura accionista estável", disse o Banco de Portugal, usando uma expressão já anteriormente utilizada.

O presidente demissionário do Novo Banco, Vítor Bento, escreveu hoje aos colaboradores e clientes da instituição, justificando a saída do conselho de administração e destacando o "profissionalismo" e "experiência" do seu sucessor.
"Estou convicto de que esta mudança ocorre no momento mais oportuno para o efeito", escreve Vítor Bento na comunicação interna aos colaboradores, a que a Lusa teve acesso, acrescentando que "estão praticamente resolvidas as questões mais complexas e desgastantes da transição do regime do banco".

Segundo Vítor Bento, "libertando a nova equipa daquele desgaste", a actividade do banco ganhará "um novo impulso".
Para Vítor Bento, lê-se nas cartas dirigidas aos trabalhadores e aos clientes, o novo presidente é "uma pessoa muito experiente no sector” e “um profissional reconhecido”.


A saída da equipa de Vítor Bento foi atribuída pelo Expresso à rejeição pelo banco central da estratégia de longo prazo apresentada por Vítor Bento, José Honório e Moreira Rato, que preferiam uma estratégia de longo prazo para a instituição, em vez de uma venda o mais rapidamente possível.

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