segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Chuva forte causou inundações em vários pontos do país. Dilúvio em Lisboa põe António Costa em xeque

“O vereador da Protecção Civil da Câmara de Lisboa acusou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) de não ter previsto tanta chuva, acrescentando que a cidade se teve de preparar “à última da hora”.

“Houve uma grande precipitação. As informações que nós tínhamos do IPMA não iam nesse sentido, portanto a cidade teve de se prevenir à última da hora, uma vez que não tinha sido lançado aviso laranja para o distrito de Lisboa”, disse Carlos Castro que falava aos jornalistas numa conferência de imprensa convocada devido ao mau tempo.

“Estamos em estado de alerta e vamos continuar a acompanhar a situação”, assegurou.”

(...) “Por seu lado, o vereador do PSD na câmara de Lisboa António Prôa anunciou que vai pedir responsabilidades, na reunião do executivo de quarta-feira, sobre as inundações  registadas na cidade.

Apesar de admitir que “choveu bastante”, o vereador considerou que “não foi uma tromba de água à antiga” e estas inundações “só se suscitam porque, à semelhança do que aconteceu com a recolha do lixo, a câmara não calculou bem as consequências da transferência de competências” para as juntas de freguesia na qual perdeu muitos trabalhadores.

“A câmara não adequou os seus serviços para fazer face à prevenção desta situação, como a desobstrução de sumidouros”, acrescentou. Para António Prôa, “é normal que comece a chover” nesta altura do ano, “o que não é normal é que a câmara não antecipe o facto e não assegure condições para evitar que Lisboa fique alagada logo nas primeiras chuvas”.

O vereador lamentou, ainda, que o plano de drenagem do município esteja há sete anos por concretizar.”
PÚBLICO

“Já a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e o IPMA garantem que a autarquia foi avisada. O adjunto nacional de operações, Miguel Cruz, conta ao i que o distrito de Lisboa foi posto, de manhã, em alerta amarelo. Mais tarde, à hora de almoço, o meteorologista de serviço no IPMA telefonou para a ANPC, alertando para a possibilidade de chuvas fortes. "De imediato, e como habitualmente, os serviços municipais foram avisados da possibilidade de cheias rápidas", garante a Protecção Civil. Uma meteorologista do IPMA confirmou ao i que a ligação à Protecção Civil foi feita às 13h22, embora o aviso laranja só tenha sido colocado no site do instituto às 15h19. Fonte da ANPC contou ao i que as declarações do vereador da câmara caíram mal na sede nacional. "Assistimos à conferência de imprensa pela televisão e as pessoas ficaram de queixo caído. A informação passou e foi recebida pelos serviços municipais."
JORNAL I online

Chuva forte causou inundações em vários pontos do país
LUSA e PÚBLICO 22/09/2014 - PÚBLICO
Vereador da Câmara de Lisboa acusou o IPMA de não ter previsto tanta chuva.

A chuva forte que caiu na noite de domingo e nesta segunda-feira provocou várias inundações e deixou estradas intransitáveis em vários pontos do país. A linha azul do Metropolitano de Lisboa esteve com perturbações na circulação desde as 14h18 até às 15h45 devido a uma inundação causada pela forte chuva e o trânsito na Praça dos Restauradores, também em Lisboa, foi desviado devido às inundações registadas na zona da baixa, principalmente no Rossio

“A linha azul está com perturbações. Está com um atraso de meia hora entre a passagem dos comboios”, disse o Metropolitano de Lisboa. Este atraso deveu-se a uma inundação que ocorreu na estação do Jardim Zoológico. As composições não estavam a parar nesta estação, onde entrou muita lama, segundo a mesma fonte, mas a situação ficou normalizada às 15h45. A linha azul do metro liga Santa Apolónia à Amadora.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) agravou o nível de aviso do estado do tempo para os distritos de Lisboa, Leiria, Santarém, Setúbal e Évora até às 21h00, devido a aguaceiros muito fortes, acompanhados de trovoada. Nestes cinco distritos o aviso é agora laranja, o segundo mais grave numa escala de quatro.

Para os distritos de Bragança, Viseu, Porto, Guarda, Faro, Vila Real, Viana do Castelo, Beja, Castelo Branco, Aveiro, Coimbra, Portalegre e Braga, o IPMA mantém o aviso amarelo (o terceiro mais grave) até às 21h00.

Em declarações à agência Lusa, Joana Sanches, do IPMA, informou que o estado do tempo em Portugal continental vai continuar instável, com chuva e sol, pelo menos até dia 28 (domingo).

Nas Caldas da Rainha, várias habitações ficaram nesta segunda-feira inundadas. A trovoada que se faz sentir desde cerca das 7h30 afectou com "bastante intensidade" o concelho, onde foram registados "vários pedidos de auxílio devido a inundações em habitações e garagens na cidade e em algumas freguesias rurais", disse à Lusa o comandante dos bombeiros das Caldas da Rainha, Nelson Cruz. Segundo este responsável verificaram-se também inundações nalgumas estradas da cidade, sobretudo em rotundas nas zonas mais baixas.

Fonte do Comando de Operações de Socorro (CDOS) de Leiria disse que houve também inundações em S. Martinho do Porto, no concelho de Alcobaça.

Na capital, o Regimento Sapadores de Lisboa (RSL) registou 121 ocorrências entre as 14h00 e as 16h00, devido às inundações. "Há o registo no dia de hoje de 156 ocorrências, 121 das quais relativas a inundações que aconteceram na cidade de Lisboa a partir das 14h00, hora a que se verificou o maior pico de chuva", adiantaram os sapadores. Foram mobilizados para o terreno todos os elementos e equipas do RSL

Uma das zonas mais afetadas pelo mau tempo foi  a baixa de Lisboa, com várias ruas completamente submersas de água.

A chuva intensa obrigou ao desvio do trânsito na Praça dos Restauradores, em Lisboa, devido às inundações registadas na zona da baixa, principalmente no Rossio.

De acordo com os bombeiros, as inundações verificaram-se na Rua República da Bolívia e na Rua Carolina de Michaelis de Vasconcelos, em Benfica, na Calçada de Carriche (Santa Clara), na Rua Prof. Pulido Valente (Lumiar), na Rua de Alcântara (Alcântara) e na Calçada de Palma de Baixo e na Rua Tomás da Fonseca (São Domingos de Benfica) e na Rua Visconde de Seabra (Alvalade).

Entre a Calçada da Palma de Baixo e a Estrada das laranjeiras, na zona de São Domingos de Benfica, uma testemunha disse que a água naquela zona deveria alcançar cerca de meio metro de altura. A mesma fonte, além de notar a interrupção da circulação automóvel, testemunhou que um peão atravessava a estrada com a água pelos joelhos. Uma outra testemunha disse à Lusa que, na Avenida de Berna, a água já dificultava o trânsito automóvel.

A circulação era feita com dificuldade no Largo das Fontainhas, em Alcântara, Praça de Espanha e Calçada de Carriche devido a “lençóis de água”. No eixo Norte-Sul, a PSP reportou haver, também, dificuldades de circulação devido à chuva.

O vereador da Protecção Civil da Câmara de Lisboa acusou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) de não ter previsto tanta chuva, acrescentando que a cidade se teve de preparar “à última da hora”.

“Houve uma grande precipitação. As informações que nós tínhamos do IPMA não iam nesse sentido, portanto a cidade teve de se prevenir à última da hora, uma vez que não tinha sido lançado aviso laranja para o distrito de Lisboa”, disse Carlos Castro que falava aos jornalistas numa conferência de imprensa convocada devido ao mau tempo.

“Estamos em estado de alerta e vamos continuar a acompanhar a situação”, assegurou.

O comandante do Regimento dos Sapadores Bombeiros (RSB), Pedro Patrício, considerou que a situação era impossível de evitar, mas neste momento [às 18h10] está “estabilizada”.

Por seu lado, o vereador do PSD na câmara de Lisboa António Prôa anunciou que vai pedir responsabilidades, na reunião do executivo de quarta-feira, sobre as inundações  registadas na cidade.

Apesar de admitir que “choveu bastante”, o vereador considerou que “não foi uma tromba de água à antiga” e estas inundações “só se suscitam porque, à semelhança do que aconteceu com a recolha do lixo, a câmara não calculou bem as consequências da transferência de competências” para as juntas de freguesia na qual perdeu muitos trabalhadores.

“A câmara não adequou os seus serviços para fazer face à prevenção desta situação, como a desobstrução de sumidouros”, acrescentou. Para António Prôa, “é normal que comece a chover” nesta altura do ano, “o que não é normal é que a câmara não antecipe o facto e não assegure condições para evitar que Lisboa fique alagada logo nas primeiras chuvas”.

O vereador lamentou, ainda, que o plano de drenagem do município esteja há sete anos por concretizar.

População sem água
Na Lourinhã, a chuva forte deixou 400 alunos sem aulas. Daniel Neves, da Protecção Civil municipal, afirmou que, em resultado da chuva intensa, várias ruas do centro da vila ficaram com 20 a 30 centímetros de altura de água, que também entrou na Igreja de Santo António. Como a chuva caiu à hora da entrada dos alunos na escola básica do primeiro ciclo e jardim-de-infância da sede do concelho, os acessos ficaram inundados e cerca de 400 alunos foram mandados para casa e estão sem aulas, disse Pedro Damião, director do Agrupamento de Escolas D. Lourenço Vicente.

No concelho, segundo a Proteção Civil, registaram-se cerca de 25 ocorrências relacionadas com deslizamentos de terras, sobretudo na freguesia de Atalaia e Lourinhã. Algumas estradas continuavam ao início da tarde condicionadas ao trânsito, destacando-se várias ruas do centro da vila e a Estrada Nacional 361-1, na freguesia de Miragaia.

No concelho de Felgueiras, em Lixa, cerca de 10.000 habitantes estão há horas sem água, prevendo a câmara local que nas próximas horas possa ser restabelecido o fornecimento. Segundo João Sousa, vice-presidente do município, o restabelecimento está previsto para o final desta tarde, mas não permitirá regularizar definitivamente a situação, porque vai ser assegurado graças ao apoio dos bombeiros.

O autarca explicou que autotanques das corporações da Lixa e de Felgueiras já estão a transportar água, a partir de uma boca de incêndio no vizinho, no Alto da Lixa, no concelho de Amarante, para os reservatórios que abastecem a zona afetada pela falta de água. Estão a ser afectadas as três freguesias da área urbana da Lixa, além de outras contíguas, como Refontoura, Vila Verde, Santão e Aião.

À Lusa, João Sousa frisou que, às 13h30, tudo estava a ser feito para minimizar o impacto na população. Os serviços do município, acrescentou, estão a tentar fazer chegar à Lixa a água do depósito de Pinheiro, situado a alguns quilómetros de distância, recorrendo à instalação de geradores. A situação actual foi causada pela ruptura de duas condutas de abastecimento, em Airães, provocada pelo mau tempo de domingo à tarde. A Câmara de Felgueiras espera normalizar a situação na terça-feira, quando for reparada a ruptura nas condutas. A ligação, por estrada, entre Airães e a cidade da Lixa está interrompida no local da ruptura.

Dilúvio em Lisboa põe António Costa em xeque
Por Kátia Catulo
publicado em 23 Set 2014 in (jornal) i online
Vereador acusa instituto de não ter lançado alerta com antecedência. Protecção Civil diz que câmara foi avisada

Bastou pouco mais de hora e meia de chuva intensa ao início da tarde de ontem para os estragos virem à tona em Lisboa. Houve ruas da Baixa interditas ao trânsito, uma estação de metro encerrada e o vereador da Protecção Civil, que se diz apanhado desprevenido, atacou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) por não ter alertado para os imprevistos com mais antecedência, obrigando a câmara a reagir em cima do acontecimento.

"Houve uma grande precipitação. As informações que tínhamos do IPMA não iam nesse sentido, portanto a cidade teve de se prevenir à última hora, uma vez que não tinha sido lançado aviso laranja para o distrito de Lisboa", criticou Carlos Castro durante a conferência de imprensa convocada devido ao mau tempo, adiantando ainda que a autarquia vai continuar em "estado de alerta", mas que o caos na capital poderia ter sido minimizado.

Já a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e o IPMA garantem que a autarquia foi avisada. O adjunto nacional de operações, Miguel Cruz, conta ao i que o distrito de Lisboa foi posto, de manhã, em alerta amarelo. Mais tarde, à hora de almoço, o meteorologista de serviço no IPMA telefonou para a ANPC, alertando para a possibilidade de chuvas fortes. "De imediato, e como habitualmente, os serviços municipais foram avisados da possibilidade de cheias rápidas", garante a Protecção Civil. Uma meteorologista do IPMA confirmou ao i que a ligação à Protecção Civil foi feita às 13h22, embora o aviso laranja só tenha sido colocado no site do instituto às 15h19. Fonte da ANPC contou ao i que as declarações do vereador da câmara caíram mal na sede nacional. "Assistimos à conferência de imprensa pela televisão e as pessoas ficaram de queixo caído. A informação passou e foi recebida pelos serviços municipais."

INUNDAÇÕES E CAOS
A confusão aconteceu um pouco por toda a cidade, mas o episódio mais dramático ocorreu junto ao Colégio D. Maria Pia, na Rua Madre Deus. Um muro de suporte de terras da escola da Casa Pia ruiu e chegou a pensar-se que três crianças estariam desaparecidas. Horas mais tarde, as autoridades concluíram que o incidente não provocou vítimas. Ainda assim, foram mobilizadas uma VMER e várias ambulâncias para o colégio. Segundo a Protecção Civil, foi ainda accionada a Unidade Cinotécnica do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa e o presidente do INEM esteve no local toda a tarde.

A chuva intensa provocou várias inundações e perturbações na circulação do metro. A Praça de Espanha e a zona de Sete Rios foram as mais afectadas, com a água a entrar na estação do Jardim Zoológico, que teve de fechar. Outra das áreas com problemas foi São Domingos de Benfica, onde vários lençóis de água impediram a passagem dos automóveis e criaram engarrafamentos.

Entre a Calçada da Palma de Baixo e a Estrada das Laranjeiras, a água chegou a alcançar cerca de meio metro de altura. A chuva intensa obrigou ainda ao desvio do trânsito na Praça dos Restauradores, tendo a circulação dos carros ficado interrompida em várias artérias da Baixa.

Apesar do caos, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera considerou os valores de precipitação entre as 13h e as 15 de ontem dentro dos limites normais para um aviso amarelo. De acordo com valores provisórios revelados pelo instituto, o valor de precipitação mais elevado foi registado na estação meteorológica na Gago Coutinho, em Lisboa, com uma precipitação de 18,7 milímetros (correspondente à queda de 18,7 litros por metro quadrado).


O certo é que foi uma tarde bastante agitada para os bombeiros da região de Lisboa. A Protecção Civil registou 221 ocorrências pelo país desde a meia-noite até perto das 17 horas. E 84 dos pedidos de socorro concentraram-se no distrito de Lisboa. "Há o registo de 156 ocorrências, 121 das quais relativas a inundações que aconteceram na cidade de Lisboa a partir das 14h00, hora a que se verificou o maior pico de chuva", explicou à Lusa fonte dos sapadores, adiantando que foram mobilizados para o terreno todas as equipas. Com Rosa Ramos

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