Vereadores e cidadãos lisboetas
desafiados a andar de cadeira de rodas em ruas da cidade
Por Agência Lusa
publicado em 17
Set 2014 in (jornal) i online
O coordenador do Plano de Acessibilidade Pedonal da Câmara de Lisboa, Pedro
Homem Gouveia, indicou que das ações previstas para o primeiro ano, a autarquia
já está a avançar com 43
Os vereadores dos
Direitos Sociais e das Obras da Câmara de Lisboa e alguns munícipes
experimentaram hoje as dificuldades de quem anda de cadeira de rodas, no âmbito
de uma ação de sensibilização para os perigos da calçada.
A iniciativa,
intitulada “Piso (Con)vida” foi organizada por várias associações como os
(d)Eficientes Indignados, a Associação Portuguesa de Deficientes , a Associação
dos Deficientes das Forças Armadas, pelo blogue Lisboa (in)Acessível e por
vários cidadãos, no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade.
O vereador João
Afonso, dos Direitos Sociais, foi o primeiro a aceitar o desafio.
“Nunca pensei que
fosse tão difícil”, admitiu o autarca, referindo que as principais dificuldades
foram os ressaltos encontrados quando se sai e entra no passeio e as
inclinações da via e do passeio.
A ação decorreu
na esquina da Avenida Elias Garcia, com a Avenida 5 de Outubro, numa zona onde
há cerca de um ano a câmara implementou um piso com blocos de cimento, um piso
tátil para invisuais (indica a direção) e um piso tátil picotado (sinaliza a
aproximação à passadeira).
O autarca com o
pelouro das Obras, Jorge Máximo, reconheceu, por seu turno, que “apenas a
ausência de duas pedras da calçada era o suficiente” para cair.
Miguel Teixeira,
José Cruz e Filipa Marques iam a passar quando lhes propuseram que
experimentassem andar de cadeira de rodas.
“Isto é
perigosíssimo”, salientou Miguel após as primeiras voltas de cadeira de rodas.
Já José afirmou
que “controlar a máquina foi mais complicado do que pensava”. Sendo pai, o
jovem também já se tinha confrontado com dificuldades na calçada quando anda
com o carrinho de bebé.
Filipa disse que
na calçada, em comparação com o piso de cimento, a cadeira “treme mais” e
sente-se mais as “irregularidades do piso”.
Estas
dificuldades são sentidas diariamente por Diogo Martins, do movimento
(d)Eficientes Indignados.
O responsável
referiu ainda que a calçada portuguesa provoca “um desagaste acentuado” nas
cadeiras, e agrava as “doenças relacionadas com a parte muscular, devido ao
esforço que têm de fazer”.
O coordenador do
Plano de Acessibilidade Pedonal da Câmara de Lisboa, Pedro Homem Gouveia,
indicou que das ações previstas para o primeiro ano, a autarquia já está a
avançar com 43.
Segundo o autor
do documento, a câmara está ainda “a definir quais são os pisos alternativos [à
calçada] para ir havendo uma substituição progressiva nas zonas onde ela é mais
necessária”.
Mas para isso,
defendeu que as entidades privadas, como as operadoras de subsolo, devem
participar no financiamento.
Os pisos
alternativos, semelhantes àquele existem na 5 de Outubro, já estão a ser
colocados na Avenida de Roma (entre o Areeiro e Alvalade), e nas freguesias de
Penha de França e Benfica, apontou o vereador João Afonso.
Deverá seguir-se
a Avenida da República, com uma empreitada entre Entrecampos e o Marquês de
Pombal, mas apenas num lado da avenida, custeada pelo Orçamento Participativo
deste ano.
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