Freguesia de Belém disponível para assumir manutenção
do Jardim da Praça do Império
O tesoureiro da junta explica
que a intenção é travar “o atentado cultural” que seria a destruição dos
brasões das ex-colónias
Inês Boaventura /
10-9-2014 / PÚBLICO
A Junta de Freguesia de Belém dizse disponível para assumir
“desde já” a gestão do Jardim do Império, com o objectivo de travar “o atentado
cultural” que constituiria o fim das composições florais que reproduzem brasões
das ex-colónias. Para isso, o tesoureiro da junta sugere à Câmara de Lisboa que
transfira para a freguesia a responsabilidade de manutenção deste espaço e lhe
entregue a verba que tinha orçamentado para o efeito.
Numa intervenção na Assembleia Municipal de Lisboa, João
Carvalhosa sublinhou que o Jardim da Praça do Império “não é uma arma
ideológica ou revisionista”, mas sim “património cultural de todo um povo”.
“Querer alterar os símbolos ali existentes para colocar outros mais adaptados
ideologicamente é uma agressão intolerável ao património cultural”, acrescentou
o deputado municipal do PSD.
A proposta do vereador dos Espaços Verdes, José Sá
Fernandes, de lançar um concurso de ideias para a renovação do jardim, que
deverá ser discutida esta quarta-feira numa reunião privada da Câmara de
Lisboa, também não escapou à crítica de João Carvalhosa. “Lançamos-lhe aqui uma
ideia que terá o apoio unânime dos lisboetas e dos portugueses: reabilite o
jardim da Praça do Império com o desenho dos brasões que o ornamentavam, sem
vergonha da nossa história”, disse o autarca social-democrata.
O tesoureiro da Junta de Freguesia de Belém aproveitou
também para sublinhar “a vergonha que se passa nos Jardins da Praça Afonso de
Albuquerque, que estão escalavrados há meses com obras que não terminam, e nos
Jardins da Torre de Belém que, apesar de melhores, ainda estão num estado
lastimável”. A solução, sustentou, é passar para a alçada da freguesia a gestão
de todos esses espaços, que permaneceram nas mãos do município aquando da
reorganização administrativa da cidade por terem sido considerados
estruturantes.
Também António Arruda, do MPT, se pronunciou sobre o fim
anunciado dos brasões coloniais, considerando que este caso demonstrou a
existência de “falta de coordenação política” entre o presidente António Costa
e os seus vereadores. Já o lançamento de um concurso de ideias, disse, mais não
é do que “uma manobra de diversão”, que contribuirá para que o jardim fique “ao
abandono mais uns anos”.
Já o CDS, pela voz do deputado Ferreira Lemos, afirmou que
este episódio é prova de que “o presidente não se tem ocupado devidamente dos
assuntos de Lisboa”. As críticas dos vários partidos não tiveram resposta do
executivo camarário nesta reunião da assembleia municipal, que ficou marcada
pela ausência de António Costa e na qual o vereador José Sá Fernandes só esteve
presente durante algum tempo.
Outro dos pontos em debate nesta sessão foi o Relatório
Anual de 2013 da Comissão para a Promoção de Boas Práticas. Luís Barbosa, que
preside a esta entidade desde a sua criação, sublinhou na sua intervenção que
“propor boas práticas é muito mais simples do que pô-las em prática”.
Luís Barbosa apontou as áreas da criação de emprego, do
licenciamento urbanístico e dos sistemas informáticos como algumas daquelas em
que a câmara tem ainda um trabalho de monta a fazer. Pela positiva, o
presidente da comissão destacou o facto de os concursos públicos serem hoje
“muitos mais” do que no passado (comparativamente com os ajustes directos) e o
facto de o Plano Director Municipal em vigor ser “acessível”, permitindo às
pessoas que o consultam “perceberem mais facilmente o que podem fazer e o que
lhes está vedado”.
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