Um quarto do planeta ficará mais seco
mesmo que se cumpra Acordo de Paris
Os cientistas que conduziram o estudo
basearam-se em projecções de vários modelos climáticos.
LUSA 1 de Janeiro de 2018, 19:01
Pelo menos um quarto da superfície terrestre ficará
"consideravelmente" mais seca, mesmo que seja atingido o objectivo de
manter o aquecimento global abaixo dos 2º Celcius como prevê o Acordo de Paris,
revela um estudo divulgado nesta segunda-feira.
Nos termos do Acordo de Paris, os Estados comprometeram-se a
reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para manter o aumento da
temperatura média global abaixo dos 2º C em relação à era pré-industrial e a
continuar os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5º C.
No entanto, com base nos compromissos nacionais, o planeta
ainda está em direcção a um aumento global da temperatura de 3° C.
Segundo o estudo, publicado na revista Nature Climate
Change, um quarto do planeta, afectando mais de 25% da população mundial,
viverá num estado de crescente desertificação se a temperatura terrestre
aumentar 2º C.
Por outro lado, o estudo aponta que, se o aumento da
temperatura global for de 1,5º C, isso iria reduzir significativamente o número
de regiões do planeta afectados por este processo de seca progressiva, que é
medido através da combinação dos valores de precipitação com a evaporação.
Se o alvo de 1,5° C fosse atingido, partes do Sul da Europa,
África do Sul, América Central, costa australiana e Sudeste da Ásia (áreas que
acolhem hoje mais de 20% da população mundial) evitariam uma aridez
significativa", disse um dos autores do estudo, Su-Jong Jeong, da
Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen, na China.
Os cientistas que conduziram o estudo basearam-se em
projecções de vários modelos climáticos.
Segundo os cientistas, com um aumento das temperaturas de 2°
C, entre 24% a 32% da superfície da Terra ficaria mais seca do que actualmente,
situação que poderá verificar-se entre 2052 e 2070.
No entanto, se o objectivo de 1,5° C fosse atingido, apenas
8% a 10% da terra ficariam mais secos, disse Su-Jong Jeong.
À medida que os territórios se tornam mais secos, a
degradação dos solos e a desertificação aceleram, assim como a perda de
biodiversidade, incluindo as plantas e as árvores necessárias para absorver o
CO2, responsável pelas mudanças climáticas.
Este processo aumenta também os fenómenos de secas e
incêndios.
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