terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Um quarto do planeta ficará mais seco mesmo que se cumpra Acordo de Paris


Um quarto do planeta ficará mais seco mesmo que se cumpra Acordo de Paris

Os cientistas que conduziram o estudo basearam-se em projecções de vários modelos climáticos.

LUSA 1 de Janeiro de 2018, 19:01

Pelo menos um quarto da superfície terrestre ficará "consideravelmente" mais seca, mesmo que seja atingido o objectivo de manter o aquecimento global abaixo dos 2º Celcius como prevê o Acordo de Paris, revela um estudo divulgado nesta segunda-feira.

Nos termos do Acordo de Paris, os Estados comprometeram-se a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2º C em relação à era pré-industrial e a continuar os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5º C.

No entanto, com base nos compromissos nacionais, o planeta ainda está em direcção a um aumento global da temperatura de 3° C.

Segundo o estudo, publicado na revista Nature Climate Change, um quarto do planeta, afectando mais de 25% da população mundial, viverá num estado de crescente desertificação se a temperatura terrestre aumentar 2º C.

Por outro lado, o estudo aponta que, se o aumento da temperatura global for de 1,5º C, isso iria reduzir significativamente o número de regiões do planeta afectados por este processo de seca progressiva, que é medido através da combinação dos valores de precipitação com a evaporação.

Se o alvo de 1,5° C fosse atingido, partes do Sul da Europa, África do Sul, América Central, costa australiana e Sudeste da Ásia (áreas que acolhem hoje mais de 20% da população mundial) evitariam uma aridez significativa", disse um dos autores do estudo, Su-Jong Jeong, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen, na China.

Os cientistas que conduziram o estudo basearam-se em projecções de vários modelos climáticos.

Segundo os cientistas, com um aumento das temperaturas de 2° C, entre 24% a 32% da superfície da Terra ficaria mais seca do que actualmente, situação que poderá verificar-se entre 2052 e 2070.

No entanto, se o objectivo de 1,5° C fosse atingido, apenas 8% a 10% da terra ficariam mais secos, disse Su-Jong Jeong.

À medida que os territórios se tornam mais secos, a degradação dos solos e a desertificação aceleram, assim como a perda de biodiversidade, incluindo as plantas e as árvores necessárias para absorver o CO2, responsável pelas mudanças climáticas.


Este processo aumenta também os fenómenos de secas e incêndios.

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