Estrangeiros compraram 25% das casas vendidas em 2017
"Em Lisboa, o metro quadrado até pode passar para 7000 euros, há
estrangeiros que pagam"
Foram vendidas 152 mil casas, uma subida de 25% a 30%. Franceses e
brasileiros são os estrangeiros que mais compram
11 DE JANEIRO DE 2018
01:28
Ana Margarida Pinheiro
https://www.dn.pt/dinheiro/interior/estrangeiros-compraram-25-das-casas-vendidasem-2017-9038828.html
Brasileiros, mas sobretudo franceses, são os grandes compradores
estrangeiros de casa em Portugal. "Os estrangeiros já valem 25% do
mercado, ou seja, um quarto das casas foram compradas por estrangeiros",
admite Luís Lima, presidente da APEMIP, a associação que representa os
imobiliários e promotores. Britânicos e chineses, estes a aproveitarem os
vistos gold, também estão a ajudar ao boom do mercado. E à subida meteórica dos
preços.
No ano passado, as vendas de casas subiram entre 25% e 30%, admite Luís
Lima. Isto significa que, a cumprir-se a expectativa da APEMIP, deverão ter-se
vendido mais 23 500 casas do que em 2016 pelas imobiliárias e promotoras. São
mais de 152 mil imóveis transacionados.
"É um aumento dentro do que prevíamos e que permite antecipar que,
neste ano, o imobiliário irá crescer novamente", prevê Luís Lima,
detalhando que em regiões como Lisboa a subida do preço por metro quadrado
ainda está longe de afastar os estrangeiros mais endinheirados, que vêm atrás
de qualidade de vida, segurança, bom clima e preços que ainda estão abaixo dos
praticados noutros países.
De fora destes números estão 30% de vendas que são feitas diretamente entre
particulares e que deverão fazer os números catapultar para 215 mil imóveis
vendidos para habitação ao longo de 2017.
"Os ativos imobiliários valorizaram o país. O imobiliário está a ser a
árvore das patacas, mas tem de haver investimento no combate à escassez da
oferta para a classe média portuguesa", destaca Luís Lima, lembrando que
os preços em Lisboa começam a tocar valores que não estão ao alcance de
qualquer bolsa.
E pior, na perspetiva da APEMIP, é que a escalada dos preços está a tornar
o mercado tão apetecível que estão a multiplicar-se as imobiliárias que atuam à
margem da lei.
Em Lisboa, o preço por metro quadrado fixou-se, em dezembro do ano passado,
em 2796 euros, segundo o Índice de Preços da Habitação medido pelo Idealista. É
uma subida de 36,92% em relação a dezembro de 2016 e representa a maior subida
registada no país. Mas basta uma rápida pesquisa pelas ofertas online para
encontrar imóveis à venda por bem mais do dobro. Segundo este índice, os preços
avançaram 23,67% num ano no Porto, tendo subido mais de 18% em Faro. No geral,
o preço do imobiliário avançou 25,09%.
"Em Lisboa, o metro quadrado até pode passar para 7000 euros, há
estrangeiros que pagam", observa Luís Lima, que apela ao Estado e às
autarquias para criarem "não habitações sociais, mas habitações para a
classe média", que se vê cada vez com menos opções para viver nos grandes
centros urbanos. A conduzir estas subidas, acrescenta, estão os estrangeiros
que "estão disponíveis para pagar acima do que uma família portuguesa
poderia".
Os dados do SIR - Reabilitação Urbana, apurados pela Confidencial
Imobiliário, confirmam: entre janeiro de 2016 e junho de 2017 não houve uma
única freguesia de Lisboa que tenha ficado de fora do investimento estrangeiro.
E, em média, estes investidores pagaram mais 94 mil euros por uma casa na
capital do que os portugueses.
De todas as nacionalidades, "os brasileiros são os que estão sempre
disponíveis para pagar mais", sublinha Luís Lima, lembrando que, tal como
os franceses, os brasileiros estão a investir um pouco por todo o país.
"Estive agora no Rio de Janeiro e eles querem sair, estão a deixar o
Brasil", adianta o presidente da APEMIP.
"A maioria dos brasileiros estão a fugir do Brasil e é muito por uma
questão de segurança... Neste momento não dá para sair à rua. Conheço muitas
famílias a escolher Cascais e Lisboa para viver", admite, por sua vez,
Mariah Rangel, cuja filha também já se mudou para Lisboa.
Mas também há classes médias estrangeiras a mudarem-se. "A grande
maioria dos franceses que compram casa em Portugal são de classe média",
refere Cecile Gonçalves, administradora da promotora Maison au Portugal. A
maior procura vem de reformados, que beneficiam de condições fiscais muito mais
vantajosas, ou de empresários que querem investir em Portugal. A preferência
vai para o Litoral, Algarve, Lisboa e Porto.
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