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O maior problema do PSD
“São - mais um do que o outro - programas feitos à medida de
um concurso de Miss Universo.
Amanhã, no primeiro dos duelos televisivos, Santana e Rui
Rio vão ter a primeira das últimas oportunidades para nos convencerem de que
isto é mais do que um concurso de beleza. E de que há mesmo uma alternativa. Sabendo
eles que a alternativa a isso é terem esperança curta até às legislativas.”
Esse tem sido o grande erro de Rio e Santana: acharem que o
seu segundo teste, a seguir às directas, será apenas em 2019. Na verdade, vai
chegar poucas semanas depois.
David Dinis
3 de Janeiro de 2018, 6:30
Foram quase três meses de martírio. A campanha pela
liderança do PSD está mesmo a chegar ao fim quase sem ter começado. Foram três
meses de um deserto de ideias, três meses passados a discutir se havia debates
ou não, três meses na estrada a tentar convencer os militantes apenas com uma
diferença de tom ou de fidelidade internas.
A partir de amanhã, restam a Santana Lopes e a Rui Rio dez
dias para cumprirem o seu verdadeiro desafio: convencer o país de que o PSD
viverá outra vez. Eu sei, os dois parecem achar que lhes basta nesta fase
convencer os militantes do PSD (subitamente renascidos para a quotização) de
que terão um líder. Mas não é verdade: qualquer dos dois, seja qual for o
eleito, não terá a menor hipótese de ser líder se não convencer muitos outros
para além desses.
Esse tem sido o grande erro de Rio e Santana: acharem que o
seu segundo teste, a seguir às directas, será apenas em 2019. Na verdade, vai
chegar poucas semanas depois, quando chegarem as primeiras sondagens. Ou alguém
acredita que uma má primeira impressão dará lugar a uma segunda oportunidade?
Reconheça-lhe o mérito: Pedro Santana Lopes arriscou mais. A
moção de estratégia que ontem apresentou à liderança do PSD tem mais ideias do
que aquelas que Rui Rio já tinha apresentado. Na nova economia, nas cidades, no
interior, na floresta, também na Segurança Social e Trabalho, há pelo menos uma
tentativa de ir ao concreto. Mesmo que com pouco risco.
Anote-se o problema: sendo mais detalhada, a moção de
Santana Lopes também entra mais vezes em contradição (com ela própria). Em 53
páginas, consegue dizer-se - simultaneamente - que o país não pode corrigir em
poucos anos os desequilíbrios de muitos e garantir um “reforço das políticas de
contenção orçamental”. Ou dizer-se que o Estado tem que ser mais pequeno e
dizer também que “não se discute o Estado pelo tamanho, mas pela eficácia”.
Mas perdoe-se a confusão, face ao mínimo de ousadia
assumida. Até porque há um problema bem maior, comum aos dois candidatos: a
esmagadora maioria das suas propostas podiam ser subscritas por António Costa.
Ou mesmo pelo CDS. Ou, em larga medida, até pelo PCP e Bloco de Esquerda. São -
mais um do que o outro - programas feitos à medida de um concurso de Miss
Universo.
Amanhã, no primeiro dos duelos televisivos, Santana e Rui
Rio vão ter a primeira das últimas oportunidades para nos convencerem de que
isto é mais do que um concurso de beleza. E de que há mesmo uma alternativa.
Sabendo eles que a alternativa a isso é terem esperança curta até às
legislativas.
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