Ambientalistas
denunciam remoção de árvores saudáveis na obra da Torre de Picoas
São novamente
pedidos esclarecimentos à Câmara de Lisboa em relação à obra da Torre de
Picoas, desta vez por causa da remoção de árvores na zona
MARIA WILTON 15
de Janeiro de 2018, 21:36
A Plataforma em
Defesa das Árvores denunciou na semana passada, na sua página de Facebook, a
remoção “indevida” de árvores de médio e grande porte na Av. 5 de Outubro por
causa das obras da Torre de Picoas. O grupo pediu esclarecimentos da situação à
Câmara Municipal de Lisboa (CML) por meio de uma carta aberta, no seguimento de
uma publicação online da Junta de Freguesia das Avenidas Novas que dava conta
das intervenções que seriam feitas no arvoredo.
O transplante,
autorizado pela câmara, foi divulgado na página da junta no dia 28 de Dezembro
e os motivos pelos quais foi aprovado noticiados no mesmo meio há cerca de uma
semana. Ficou assim a saber-se que 15 árvores (12 jacarandás e três
pseudo-plátanos) serão removidas do local onde se encontram na sequência da
construção da Torre de Picoas. “A apropriação por um particular destas árvores”
é uma das razões de indignação dos membros da plataforma, que questionam a
câmara e o vereador do urbanismo, Manuel Salgado, sobre o assunto.
Em resposta ao
PÚBLICO, a câmara defende que na zona haverá uma requalificação do espaço
público. Além disso, foi realizada uma vistoria pela Direcção Municipal de
Estrutura Verde, Ambiente e Energia (DMEVAE), onde se avaliou “minuciosamente”
o estado das árvores existentes no local da futura praça que nascerá entre a
Maternidade Alfredo da Costa, a Rua Pinheiro Chagas e a Rua Latino Coelho,
integrando a Casa Museu Doutor Anastácio Gonçalves e estendendo-se até à
avenida Fontes Pereira de Melo.
Com vista “à
preservação e incremento dos exemplares arbóreos existentes no local”,
acrescenta a autarquia, foi determinado o abate de sete árvores, por mau estado
fitossanitário, e o transplante de 15 outros exemplares. A câmara contrapõe
ainda que está prevista para a área a plantação de cerca de 60 árvores novas.
Quando
questionada acerca do destino das árvores transplantadas, a autarquia esclarece
que apenas pode ter certeza dessa informação quando se iniciar o transplante.
A Torre da Cidade
— S.A., conhecida por Torre de Picoas, é um novo edifício de escritórios e
comércio já em construção num gaveto entre a Av. Fontes Pereira de Melo e Av. 5
de Outubro. O projecto foi apresentado em 2014, na sequência de um concurso de
ideias lançado pela Câmara Municipal de Lisboa.
O edifício tem
sido alvo de muitas polémicas, desde as críticas à sua volumetria até à
colocação ilegal, em 2016, de estacas em terreno municipal pelo promotor da
obra. Este processo acabou por ser arquivado em 2017.
O projecto prevê,
além da construção de uma torre, a intervenção no espaço envolvente onde será
criada uma praça que se pretende “um espaço de estar e lazer”, ladeada a Norte
por um bosque com “plantação luxuriante” e diversa. O novo espaço verde
acolherá um conjunto de espécimes de folha caduca e perene que pretende
“reforçar a estrutura ecológica municipal”.
Face a esta
intenção, a Plataforma em Defesa das Árvores salienta a incongruência dos
pedidos de autorização de transplante de árvores já que a convivência das
existentes com as novas deveria ser não só “possível como desejável”.
A missão da
plataforma passa por denunciar a “onda de intervenções radicais e devastadoras
que as árvores de Lisboa têm sofrido”, a que acrescem as que são derrubadas em
obras. Por isso, os activistas crticam o processo de discussão pública de
projectos, que dizem “não prever ou dar a conhecer” a priori a situação da
flora circundante às obras.
A denúncia já
tinha sido feita no grupo do Facebook de “Vizinhos das Avenidas Novas”, que
acrescentavam outras preocupações em relação à nova torre, nomeadamente ao
nível do trânsito.
Texto editado por Ana Fernandes
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