Assembleia
Municipal unida contra fecho dos CTT de Olaias, Junqueira e Socorro
POR SAMUEL ALEMÃO
• 17 JANEIRO, 2018 •
Juntos pela
manutenção em funcionamento de todas as actuais estações dos correios de Lisboa,
incluindo as das Olaias (Areeiro), da Junqueira (Alcântara) e do Socorro (Santa
Maria Maior). É unânime a opinião dos deputados municipais da capital quanto ao
anunciado encerramento destas lojas dos CTT, parte de um mais alargado plano
nacional de reestruturação da rede comercial da empresa: contra. A totalidade
dos eleitos na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) manifestou, nesta
terça-feira (16 de janeiro), a total discordância com o corte no serviço
anunciado pela administração liderada por Francisco Lacerda. E fê-lo através da
votação de cinco moções apresentadas por outras tantas forças políticas. PS,
PSD, PCP, BE e PEV viram aprovadas as alíneas desses documentos, nas quais se
pede a reversão de uma medida por todos considerada altamente lesiva do
interesse da comunidade. Ninguém tem dúvidas que – e apesar das diferentes
avaliações sobre as causas da actual situação – a população destes bairros vai
ficar a perder, se a medida se concretizar.
A moção do PS, partido com maioria absoluta na
assembleia, recebeu o voto favorável de todos os deputados municipais nos seus
dois pontos. Intitulada “Pela defesa do serviço dos CTT enquanto serviço
público e universal”, a moção não só expressa o seu “veemente desacordo” pelo
previsto encerramento das três estações dos correios, como pede à ANACOM que se
pronuncie sobre o fecho das mesmas e ainda sobre “o adequado cumprimento da
garantia da oferta de um serviço público postal universal na cidade de Lisboa”.
Criticando o que considera ser a clara degradação do serviço postal a nível
nacional, a moção dos socialistas lembra, nos seus considerandos, que tal
serviço é em grande medida relacionado com a recepção de encomendas bem como
com o pagamento e recebimento de vales postais. “Destes serviços usufrui na sua
maioria a população mais envelhecida do país, que vê nesta empresa a única
forma de receber a sua pensão, ou pagar as suas contas”, salienta o texto.
Também consensual foi a votação nos principais
pontos da moção apresentada pelo PSD, defendida pelo presidente da Junta de
Freguesia do Areeiro, e apenas referente à estação dos correios das Olaias.
Fernando Braancamp confessou não entender a lógica de fechar serviços de
manifesto interesse público comunitário para apenas garantir melhores
resultados financeiros. Os três pontos da moção a merecer unanimidade entre
eleitos da AML foram os que se expressaram “contra a tomada de decisão
unilateral da administração dos CTT” e pedem “que a estação das Olaias se
mantenha ao serviço da população”, que a Câmara de Lisboa “manifeste o seu
protesto e procure intermediar no sentido da continuidade desta estação” e
ainda a solicitação de um parecer da ANACOM. Já a proposta para que “CTT
apresentem um conjunto de compromissos, caso mantenham esta decisão unilateral”
foi também aprovada, mas com votos contra do PCP, PEV e Bloco. Nos
considerandos, os social-democratas notam que “as estações mais próximas não
têm capacidade de resposta e o tempo de espera para atendimento ultrapassa em
larga medida 40 minutos”.
Também as moções apresentadas por PCP, PEV e
BE, apesar de menos consensuais quer nos considerandos quer em algumas das suas
exigências, viram aprovadas pela assembleia no seu todo o inequívoco pedido de
manutenção do funcionamento das lojas dos CTT agora ameaçadas de extinção. Algo
que levou, no final da votação dos cinco documentos, Helena Roseta, presidente
da Assembleia Municipal de Lisboa, a assinalar ser esta uma “clara posição”
daquele órgão sobre o assunto. Não deixa, contudo, de ser assinalável o facto
de o PSD ter sido o único partido que votou contra – tendo CDS e MPT abstido-se
– o ponto 2 da moção do PCP, que exige da administração dos CTT “que mantenha
em funcionamento as estações do Socorro, da Junqueira e das Olaias”, depois de
ter votado a favor de igual reivindicação nas moções do PS, PEV e Bloco.
Texto: Samuel Alemão
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