Trump recorre ao
calão para diminuir o Haiti e países africanos — ou, como lhes chama, “shithole
countries”
Os comentários
do Presidente dos EUA numa reunião na Casa Branca terão deixado os
congressistas presentes chocados, noticiam vários órgãos norte-americanos.
PÚBLICO 11 de
Janeiro de 2018, 23:19 actualizada às 7:09
Numa reunião na
Sala Oval da Casa Branca com alguns congressistas, foi proposto a Donald Trump
um acordo para a imigração que protegesse pessoas originárias do Haiti e de
vários países africanos. O Presidente norte-americano terá então questionado
por que é que os Estados Unidos deveriam receber pessoas de “países merdosos”
[“shithole countries”, no original] e se não seria preferivel abrir as portas a
cidadãos de países como a Noruega.
A informação foi
avançada por diversos órgãos de comunicação social norte-americanos, que citam
fontes com conhecimento directo desta conversa. De acordo com essas
informações, os congressistas presentes na reunião, alguns deles democratas,
ficaram chocados com os comentários do Presidente.
A discussão
centrava-se na necessidade de um acordo bipartidário para conceder estatuto
legal a imigrantes que entraram ilegalmente, ainda crianças, nos EUA. Mas,
quando Trump ouviu a sugestão de incluir haitianos, perguntou: “Porque é que
queremos aqui pessoas do Haiti?”, cita o New York Times. Depois, terá
questionado, segundo o Washington Post: “Porque é que temos todas estas pessoas
de países merdosos a virem para cá?”, referindo-se não só ao Haiti mas também a
países africanos, acrescentando que os EUA deveriam receber cidadãos de países
como a Noruega.
Numa resposta
escrita enviada ao New York Times, Raj Shah, porta-voz adjunto da Casa Branca,
não confirmou nem desmentiu este relato: “Certos políticos de Washington
escolhem lutar por países estrangeiros, mas o Presidente Trump vai sempre lutar
pelo povo americano”. “Tal como outros países que têm uma política de imigração
baseada no mérito, o Presidente Trump está a lutar por soluções permanentes
para tornar o nosso país mais forte ao receber quem pode contribuir para a
nossa sociedade, fazer crescer a nossa economia e assimilar-se na nossa grande
nação”, acrescentou.
Trump “sempre
rejeitará as medidas temporárias, débeis e perigosas que ameacem as vidas dos
norte-americanos que trabalham duro, e que prejudiquem aqueles imigrantes que
procuram uma vida melhor nos Estados Unidos através de uma via legal”,
acrescentou o mesmo porta-voz.
O Presidente dos
Estados Unidos recorreu ao calão, com a expressão “shithole countries”, depois
de dois senadores lhe terem apresentado um projecto de lei migratório ao abrigo
do qual seriam concedidos vistos a alguns cidadãos de países que foram
recentemente retirados do Estatuto de Protecção Temporária (TPS, na sigla em
inglês), como El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão.
O TPS é um
benefício concedido pelos Estados Unidos a imigrantes indocumentados, que não
podem regressar aos países devido a conflitos civis, desastres naturais ou
outras circunstâncias extraordinárias, permitindo-lhes trabalhar no país com
uma autorização temporária.
O projecto de lei
negociado por seis senadores de ambos os partidos, republicano e democrata,
prevê a eliminação da chamada “lotaria dos vistos”, programa electrónico que
selecciona aleatoriamente imigrantes de países com baixas taxas de migração
para os Estados Unidos.
Anualmente, cerca
de 50 mil pessoas entram no país através desse programa que abre caminho à
cidadania norte-americana e que beneficia maioritariamente países de África.
Fonte do Senado,
que pediu o anonimato, indicou à agência de notícias espanhola EFE, que metade
desses vistos seria consignada aos que até agora estavam protegidos ao abrigo
do TPS e que a outra metade estaria reservada a imigrantes com qualificações
profissionais que merecem entrar nos Estados Unidos, o famoso “mérito”
defendido por Trump. com Lusa
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