Trânsito cortado na Ribeira das
Naus em Lisboa por tempo indeterminado
MARISA SOARES
03/04/2014 - PÚBLICO
Automobilistas terão de usar as ruas do Arsenal e da Alfândega para
circular entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço. Passageiros da Carris
também vão ser afectados. A reabertura da zona em obras não tem data marcada.
O trânsito na
Avenida Ribeira das Naus, em Lisboa, vai estar cortado a partir desta
sexta-feira e por tempo indeterminado. A autarquia explica que o corte da
circulação é necessário para concluir a segunda fase da requalificação daquela
zona ribeirinha, que começou há cerca de um ano e já deveria estar pronta desde
o final do ano passado.
Segundo uma nota
da Carris, devido a "obras de reparação de pavimento" a avenida vai
estar encerrada à circulação automóvel a partir das 10h30. "Simultaneamente,
e por decisão da Câmara Municipal de Lisboa, a Travessa do Corpo Santo estará
também encerrada ao trânsito", lê-se no documento. Em alternativa, o
trânsito vai ser desviado para as ruas da Alfândega e do Arsenal, no topo norte
da Praça do Comércio, paralelas à Avenida Ribeira das Naus.
Devido a estes
condicionamentos, a carreira 25E da Carris vai funcionar apenas entre Santos e
Campo de Ourique com autocarro; a carreira 714 altera o percurso entre Santos e
Corpo Santo (só neste sentido), passando a circular pela Avenida 24 de Julho e
o Cais do Sodré; o serviço nocturno e de fim-de-semana da carreira 744
funcionará apenas entre Santos e a Rua Gomes Freire; e as carreiras 728, 735,
759, 794, 206 e 210 não param na Alfândega, na Avenida Infante D. Henrique, no
sentido da Praça do Comércio. A Carris prevê congestionamentos, com maiores
tempos de espera ou de viagem, em todo o trajecto das carreiras que circulam
naquela zona da cidade.
Em comunicado, a
Câmara de Lisboa apela à “compreensão de todos” e aconselha a que seja
utilizadas alternativas. Só não diz por quanto tempo. A nota não revela quando
é que o trânsito reabre e a assessora de imprensa da câmara, Luísa Botinas,
também não esclarece, dizendo apenas que "os trabalhos estão em fase de conclusão
e estarão prontos logo que possível".
Na semana
passada, o vereador com o pelouro do Urbanismo, Manuel Salgado, disse que as
obras estariam concluídas “nas próximas semanas”, sem adiantar uma data.
As obras de
requalificação foram divididas em duas fases. A primeira ficou concluída em
Março do ano passado, permitindo a peões e ciclistas usufruir de um novo
passeio e de uma rampa à beira Tejo, que evoca a praia que existiu no local. Nos
dias de sol, já é habitual encontrar dezenas de pessoas deitadas na rampa à
beira-rio – ou mesmo a tomar banho no Tejo. A zona requalificada foi inaugurada
a 23 de Março pelo presidente da câmara, António Costa, que na altura se
mostrou satisfeito por ficar finalmente restabelecido “com dignidade” o
percurso entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço.
Mas o pavimento
recém-inaugurado não tardou a abater: um dia depois depois eram já visíveis
buracos e rebaixamentos causados pela passagem de automóveis, pedras soltas e
passadeiras com a tinta quase apagada. António Costa garantiu então que o
empreiteiro assumiu a responsabilidade e iria reparar os buracos, o que
aconteceu. Mas este Inverno voltou a deixar marcas no piso (ali como noutras
zonas da cidade), que apareceu esburacado.
As obras da
segunda fase começaram a 25 de Março e deveriam ter ficado prontas até ao final
do ano – embora fonte da autarquia tenha dito à Lusa, nessa ocasião, que os
trabalhos poderiam ficar prontos no Verão, antes das eleições autárquicas. Porém,
o prazo foi derrapando.
A empreitada
inclui escavações arqueológicas para repor a antiga Doca da Caldeirinha e a
Doca Seca, onde eram antigamente recuperadas as naus utilizadas na época dos
Descobrimentos. Prevê ainda a criação de uma área ajardinada que vai recriar as
antigas rampas de varadouro. A autarquia está também a estudar a construção de
um Museu dos Descobrimentos no local, segundo declarações recentes do vereador
Manuel Salgado.
A requalificação
da Ribeira das Naus era uma das obras a cargo da Sociedade Frente Tejo, criada
pelo Governo socialista de José Sócrates para requalificar a frente ribeirinha
de Lisboa. No entanto, a sociedade foi extinta antes de avançar com os
trabalhos, que passaram para a alçada do município. Segundo os valores
divulgados pela autarquia, o encargo ronda os dez milhões de euros, dos quais
6,5 milhões são fundos comunitários.
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