Fogos florestais com a maior área ardida dos últimos oito anos
Só 51 ocorrências consumiram mais de 60% do total queimado até 30 de Setembro, indica relatório do instituto das florestas
Desde o início do ano até 30 de Setembro, os
incêndios florestais destruíram quase 135 mil hectares, a maior área ardida dos
últimos oito anos, indica o mais recente relatório do Instituto da Conservação
da Natureza e das Florestas (ICNF).
O documento, com dados ainda provisórios, mostra que, na última década, a
área ardida até final de Setembro só é ultrapassada pelos dois anos mais
trágicos de sempre a nível dos fogos florestais: 2003 e 2005, que, no conjunto,
destruíram perto de 765 mil hectares de espaços florestais, quase 9% da área
total de Portugal continental. A área ardida deste ano fica ligeiramente acima
da média registada entre 2003-2012, muito inflacionada por aqueles dois anos.
O relatório indica ainda que apenas 51 fogos, com área igual ou superior a 500 hectares, foram responsáveis pela destruição de 81.513 hectares, mais de 60% do total da área ardida. O maior fogo do ano teve início a 9 de Julho no local de Picões, no concelho de Alfândega da Fé, e consumiu quase 15 mil hectares, 11.980 dos quais em espaços florestais.
Mesmo assim, foi Agosto que contabilizou a área ardida mensal mais elevada do ano, com mais de 89 mil hectares, um valor 20% superior à média daquele mês na última década. Setembro ardeu muito menos em termos absolutos (23.517 hectares), mas numa percentagem superior à média mensal homóloga (mais 30%). "Agosto e Setembro de 2013 são, até à data, os únicos meses do corrente ano que registam valores, em número de ocorrências e correspondente área ardida, superiores às médias mensais do decénio anterior", lê-se no relatório.
Viseu é o distrito com mais área ardida, com 34.764 hectares de espaços florestais queimados, seguido de Vila Real e de Bragança, com 22.613 hectares e 21.010 hectares ardidos, respectivamente.
O número de ocorrências (18.850 até ao final de Setembro) diminuiu 7,5% em relação à média 2003-2012 (20.383) no mesmo período. O maior número de fogos registou-se nos distritos do Porto (5889), de Braga (2015) e de Viseu (1902).
“Relativamente a Portugal, a Quercus sublinha que, apesar dos dados à
escala regional só serem conhecidos na próxima segunda-feira, os países do sul
da Europa enfrentam perspetivas dramáticas.
“Menos chuvas, mas mais concentradas no tempo e associadas a cheias,
mais fogos, custos mais elevados para combater a subida do nível do mar, menor
produção agrícola, maior pobreza e uma enorme perda de biodiversidade”, diz a
associação.
De acordo com os especialistas daquele painel das Nações Unidas, o
relatório confirma, "ainda com mais certeza, que as alterações climáticas
se devem à atividade humana.
Por outro lado, o documento mostra de forma inequívoca que o clima tem
vindo a aquecer e os cientistas estão 95% seguros de que a atividade humana é a
"causa dominante" do aquecimento global desde os anos 50 do século
passado, um aumento de certeza em relação aos 90 por cento referidos no
relatório de 2007.”
Ambiente: Quercus classifica
dados como preocupantes
Seca ameaça rios
As Nações Unidas divulgaram
futuro climático no Sul da Europa: seca criará mais pobres.
As culturas agrícolas devem
diminuir entre 15% e 20% em toda a região mediterrânea
Forte redução das chuvas, diminuição dos caudais dos rios na
ordem dos 40% e avanço do mar são algumas das conclusões sobre o futuro
climático em Portugal até final do século. Os dados, avançados pelo Painel
Intergovernamental de Cientistas para as Alterações Climáticas, das Nações
Unidas, são para a Quercus "extremamente preocupantes".
Os impactos esperados para Portugal são uma diminuição da
precipitação, com risco de chuva forte em curtos períodos de tempo, o que
levará a um maior risco de inundações.
Consequência da falta de chuva é a redução estimada dos
caudais dos rios em 40%. Nas estações quentes são também esperados mais
episódios de seca e um aumento dos incêndios florestais.
As alterações climáticas levarão a uma redução na ordem dos
20% das culturas agrícolas. Os fenómenos climáticos extremos conduzirão a uma
redução da segurança alimentar.
O aumento da temperatura, que poderá ser de 4,8º C, terá
efeitos negativos na saúde animal, com a consequente redução da produção
alimentar. Os cientistas acreditam que diminuirão as áreas de pastagem e também
a produção de cereais.
A falta de alimentos conduzirá a um aumento da população
subnutrida na ordem dos 90%. Devido à subida do mar, irá diminuir a
disponibilidade de água potável e irão aumentar os níveis de salinização da
mesma. O Produto Interno Bruto irá diminuir de 5 a 10% com os custos
relacionados com as alterações climáticas. E 14%, se não for realizada uma
adaptação de proteção da costa, devido à subida do nível do mar.
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