quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Fogos florestais com a maior área ardida dos últimos oito anos. As Nações Unidas divulgaram futuro climático no Sul da Europa: seca criará mais pobres.Forte redução das chuvas, diminuição dos caudais dos rios na ordem dos 40% e avanço do mar são algumas das conclusões sobre o futuro climático em Portugal até final do século.


Fogos florestais com a maior área ardida dos últimos oito anos


Só 51 ocorrências consumiram mais de 60% do total queimado até 30 de Setembro, indica relatório do instituto das florestas
Desde o início do ano até 30 de Setembro, os incêndios florestais destruíram quase 135 mil hectares, a maior área ardida dos últimos oito anos, indica o mais recente relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O documento, com dados ainda provisórios, mostra que, na última década, a área ardida até final de Setembro só é ultrapassada pelos dois anos mais trágicos de sempre a nível dos fogos florestais: 2003 e 2005, que, no conjunto, destruíram perto de 765 mil hectares de espaços florestais, quase 9% da área total de Portugal continental. A área ardida deste ano fica ligeiramente acima da média registada entre 2003-2012, muito inflacionada por aqueles dois anos.
O relatório indica ainda que apenas 51 fogos, com área igual ou superior a 500 hectares, foram responsáveis pela destruição de 81.513 hectares, mais de 60% do total da área ardida. O maior fogo do ano teve início a 9 de Julho no local de Picões, no concelho de Alfândega da Fé, e consumiu quase 15 mil hectares, 11.980 dos quais em espaços florestais.
Mesmo assim, foi Agosto que contabilizou a área ardida mensal mais elevada do ano, com mais de 89 mil hectares, um valor 20% superior à média daquele mês na última década. Setembro ardeu muito menos em termos absolutos (23.517 hectares), mas numa percentagem superior à média mensal homóloga (mais 30%). "Agosto e Setembro de 2013 são, até à data, os únicos meses do corrente ano que registam valores, em número de ocorrências e correspondente área ardida, superiores às médias mensais do decénio anterior", lê-se no relatório.
Viseu é o distrito com mais área ardida, com 34.764 hectares de espaços florestais queimados, seguido de Vila Real e de Bragança, com 22.613 hectares e 21.010 hectares ardidos, respectivamente.
O número de ocorrências (18.850 até ao final de Setembro) diminuiu 7,5% em relação à média 2003-2012 (20.383) no mesmo período. O maior número de fogos registou-se nos distritos do Porto (5889), de Braga (2015) e de Viseu (1902).


“Relativamente a Portugal, a Quercus sublinha que, apesar dos dados à escala regional só serem conhecidos na próxima segunda-feira, os países do sul da Europa enfrentam perspetivas dramáticas.
“Menos chuvas, mas mais concentradas no tempo e associadas a cheias, mais fogos, custos mais elevados para combater a subida do nível do mar, menor produção agrícola, maior pobreza e uma enorme perda de biodiversidade”, diz a associação.
De acordo com os especialistas daquele painel das Nações Unidas, o relatório confirma, "ainda com mais certeza, que as alterações climáticas se devem à atividade humana.
Por outro lado, o documento mostra de forma inequívoca que o clima tem vindo a aquecer e os cientistas estão 95% seguros de que a atividade humana é a "causa dominante" do aquecimento global desde os anos 50 do século passado, um aumento de certeza em relação aos 90 por cento referidos no relatório de 2007.”

Ambiente: Quercus classifica dados como preocupantes

Seca ameaça rios

As Nações Unidas divulgaram futuro climático no Sul da Europa: seca criará mais pobres.

As culturas agrícolas devem diminuir entre 15% e 20% em toda a região mediterrânea

Forte redução das chuvas, diminuição dos caudais dos rios na ordem dos 40% e avanço do mar são algumas das conclusões sobre o futuro climático em Portugal até final do século. Os dados, avançados pelo Painel Intergovernamental de Cientistas para as Alterações Climáticas, das Nações Unidas, são para a Quercus "extremamente preocupantes".

Os impactos esperados para Portugal são uma diminuição da precipitação, com risco de chuva forte em curtos períodos de tempo, o que levará a um maior risco de inundações.

Consequência da falta de chuva é a redução estimada dos caudais dos rios em 40%. Nas estações quentes são também esperados mais episódios de seca e um aumento dos incêndios florestais.

As alterações climáticas levarão a uma redução na ordem dos 20% das culturas agrícolas. Os fenómenos climáticos extremos conduzirão a uma redução da segurança alimentar.

O aumento da temperatura, que poderá ser de 4,8º C, terá efeitos negativos na saúde animal, com a consequente redução da produção alimentar. Os cientistas acreditam que diminuirão as áreas de pastagem e também a produção de cereais.

A falta de alimentos conduzirá a um aumento da população subnutrida na ordem dos 90%. Devido à subida do mar, irá diminuir a disponibilidade de água potável e irão aumentar os níveis de salinização da mesma. O Produto Interno Bruto irá diminuir de 5 a 10% com os custos relacionados com as alterações climáticas. E 14%, se não for realizada uma adaptação de proteção da costa, devido à subida do nível do mar.

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