quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O poder dos Petrodólares ...Faixas negras no Príncipe Real contra obras na embaixada dos Emirados Árabes


Faixas negras foram colocadas ontem no edifício vizinho
“Há cerca de quatro anos a Embaixada dos Emirados Árabes Unidos mudou-se para o prédio contíguo, depois de fazer algumas polémicas alterações na sua fachada” ... note-se alteração do revestimento da fachada / de reboco para mármore/lioz / acrescento de pórtico pós-moderno com respectiva águia ...
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http://ovoodocorvo.blogspot.nl/2013/09/o-poder-dos-petrodolares.html

Faixas negras no Príncipe Real contra obras na embaixada dos Emirados Árabes


O advogado José Miguel Júdice sublinha que está em causa uma ofensa da propriedade privada e do património da cidade
A contestação às obras realizadas na Embaixada dos Emirados Árabes Unidos, na Praça do Príncipe Real, em Lisboa, continua. Ontem de manhã o palacete vizinho acordou coberto de faixas negras, numa das quais se pode ler: "Embaixada dos Emirados Agride Património de Lisboa."
As faixas foram colocadas por ocasião da visita a Portugal de Al Qasemi, o xeque de Sharjah, um dos sete Estados que compõem os Emirados Árabes Unidos. A expectativa dos responsáveis por esta acção de protesto, entre os quais se incluem vários agentes ligados à área cultural, é que o governante se aperceba da contestação e trave o "abuso de poder" em curso.
No centro da discórdia estão um conjunto de obras realizadas nos últimos meses pela embaixada, no palacete que ocupa no Príncipe Real, incluindo a instalação de um elevador de acesso à cave e de um barracão de metal. Acontece que esses equipamentos tapam janelas e uma porta do edifício vizinho, cujo dono reclama, aliás, ser proprietário do espaço ocupado.
Acresce que tanto a Câmara de Lisboa como o Ministério dos Negócios Estrangeiros consideram ilegais os trabalhos executados, desde logo por não ter sido solicitado à autarquia o prévio licenciamento. "Somos uma entidade que respeita as leis do país onde está", reagiu uma funcionária da embaixada, sem prestar esclarecimentos.
Foi também criada uma página no Facebook, intitulada "Em defesa do Príncipe Real", na qual podem ser vistas fotografias dos trabalhos executados pela embaixada, incluindo um até aqui não noticiado: a colocação de elementos de ferro na fachada. Em breve deverá ser lançada uma petição, destinada a recolher assinaturas contra aquilo que se diz ser uma situação de "abuso de poder, desrespeito e transgressão".
A galerista Cristina Guerra, o crítico de arte e curador Alexandre Melo, o artista plástico José Loureiro, o engenheiro João Appleton, o historiador e olissipógrafo José Sarmento de Matos e o cineasta João Botelho são alguns dos nomes envolvidos nesta causa.
Também José Miguel Júdice, que representa o proprietário do palacete vizinho da embaixada, sublinha que está aqui em causa mais do que uma questão particular.
"O Príncipe Real é uma das zonas mais preservadas de Lisboa", diz o advogado, defendendo que aquilo a que se assiste neste momento é a "uma ofensa da propriedade privada", mas também a algo que "em termos patrimoniais não se pode fazer".
O PÚBLICO perguntou à Câmara de Lisboa como vai proceder, face à denúncia enviada por José Miguel Júdice, na qual se pede à autarquia que determine "com carácter de urgência" a demolição dos trabalhos executados. Uma assessora de imprensa do presidente António Costa respondeu que o "Ministério dos Negócios Estrangeiros esclarece em exclusivo sobre o assunto".

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