segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Futuro de bispo alemão "amante do luxo" nas mãos do Vaticano


Na porta da catedral foram afixadas as 95 teses de Martinho Lutero, de 1517, como forma de protesto
AFP

Futuro de bispo alemão "amante do luxo" nas mãos do Vaticano

A forma como o Papa Francisco vai lidar com o caso do bispo Tebartz-van Elst é vista como um importante sinal de como tenciona promover a simplicidade da Igreja Católica.
Um bispo católico alemão criticado pelo estilo de vida luxuoso, e por alegadamente ter mentido sob juramento, viajou para o Vaticano, onde pode estar em discussão a sua permanência em funções.
Franz-Peter Tebartz-van Elst, bispo de Limburgo, no estado do Hesse, perto de Frankfurt, viajou, segundo a Reuters, num voo de baixo custo, na sequência de um escândalo a que deu origem na Igreja alemã, ao ter mandado construir um luxuoso complexo residencial diocesano. O novo Papa, Francisco, tem proclamado, pelo contrário, uma “Igreja pobre para os pobres”.
“O bispo deixou bem claro que qualquer decisão sobre o seu serviço como bispo está nas mãos do Santo Padre", informa um comunicado divulgado pela diocese no sábado. “O bispo está triste pela escalada da actual discussão. Vê e lamenta que muitos fiéis estejam a sofrer com a presente situação.”
Já esta segunda-feira, o chefe da Igreja Católica germânica, arcebispo Robert Zollistsch, disse que Tebartz-van Elst deve fazer "autocrítica". Questionado em Roma, confirmou que vai discutir o assunto com o Papa e que o caso não deve ficar "sem consequências".
Os resultados de um inquérito preliminar aos custos da sumptuosa residência diocesana, e do complexo de que faz parte, revelado após a visita de um enviado do Vaticano a Limburgo, em Setembro, indicam que foram gastos pelo menos 31 milhões de euros, seis vezes mais do que o previsto. O jornal Welt am Sonntag escreveu no domingo que o custo final pode chegar aos 40 milhões.

Prelado com "desejos extravagantes"
Para além da residência episcopal, o complexo inclui um museu, salas de conferências, capela e apartamentos privados. Inicialmente, os custos do projecto, decidido pelo antecessor do actual bispo, tinham sido estimados em 5,5 milhões de euros. O arquitecto que desenhou o projecto disse que o agravamento de custos se deve aos “desejos extravagantes” do prelado, conhecido na Alemanha como “Bispo do Luxo”.
Numa declaração ao diário Bild, Tebartz-van Elst disse: “Compreendo que o elevado custo de 31 milhões de euros assusta. Os que me conhecem sabem que não tenho um estilo de vida pomposo”.
O bispo, de 53 anos, descrito como autoritário, numa carta aberta sobre as despesas excessivas assinada por mais de 4400 fiéis, é também acusado de ter mentido sob juramento no caso de uma viagem de avião em classe executiva, quando se deslocou à Índia para um programa de luta contra a pobreza. Na semana passada, a Procuradoria de Hamburgo anunciou a intenção de o multar por falsas declarações à revista Der Spiegel sobre a viagem.
A conferência episcopal alemã nomeou uma comissão especial para investigar as finanças da diocese, a qual deverá apresentar o relatório antes do final do ano. O arcebispo Robert Zollistsch disse que as acusações ao bispo atingem todos os crentes e que discutiria o assunto esta semana em Roma, com o Papa. Depois da visita de representantes do Vaticano, o bispo pediu desculpa por “qualquer descuido ou erro de julgamento”.

A forma de Francisco lidar com o problema é vista como um importante sinal da forma como tenciona promover a simplicidade numa Igreja abalada por escândalos sexuais e por opacas operações financeiras.

Sem comentários: