Menezes culpa Rio pelo "momento devastador" para imagem do PSD
31/10/2013 in Público
Candidato social-democrata à Câmara do Porto não poupa Paulo Portas
O social-democrata Luís Filipe Menezes culpa o
ex-presidente da Câmara do Porto Rui Rio (PSD) pelo "momento devastador para a
imagem" actual do partido em que milita. E responsabiliza o líder do CDS, Paulo
Portas, pela derrota do PSD nas autárquicas portuenses. Menezes critica Rio, os
seus vereadores e a "máquina" autárquica de "tudo" ter feito para derrotar a sua
candidatura, censura a "verdadeira cruzada" travada pela comunicação social e o
"CDS institucional e o seu líder". "Foi uma luta contra um momento político,
económico e social devastador para a imagem do partido em que milito há mais de
30 anos. Contra largos sectores da comunicação social e da opinião publicada,
que desenvolveram uma verdadeira cruzada contra a possibilidade do Porto mudar
da forma que preconizávamos", justifica. Numa mensagem em que agradece aos
apoiantes e reconhece "responsabilidades pessoais", o social-democrata alerta
ainda para a luta "contra um presidente de câmara em funções [Rui Rio], ainda
por cima militante da mesma maioria [PSD], que tudo fez, com os seus vereadores
e máquina da câmara municipal, para derrotar" a sua candidatura. "Foi uma luta
contra uma querela política-jurídica, que só foi esclarecida escassos 25 dias
antes do acto eleitoral! Contra alguns, poucos, mas mediaticamente protegidos,
conhecidos e influentes militantes do PSD", observou Menezes. "Uma eventual
candidatura de Rui Rio à liderança do PSD estará comprometida. O até agora
presidente da Câmara do Porto terá muitas dificuldades em explicar ao partido
por que é que esteve por detrás da candidatura [independente] de Rui Moreira
contra a candidatura oficial do PSD", afirmou, entretanto, Luís Artur,
responsável pelas secções temáticas do PSD-Porto. Luís Artur insurge-se contra a
postura do ex-secretário-geral dos sociais-democratas de "ter montado o apoio
público a Rui Moreira" e afirma mesmo que a sua estratégia "caiu muito mal no
partido, que tem história e que não perdoa a quem está contra ele próprio".
Luís Artur, que vai liderar a bancada social-democrata na Assembleia
Municipal do Porto, conclui, afirmando que "o partido não é um bando e que tem
regras e princípios e que as regras são para ser cumpridas". M.G. com
Lusa
O fundador do PSD Miguel Veiga foi um dos mais destacados
apoiantes de Rui Moreira
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Expulsão de históricos do PSD nas mãos do Conselho de
Jurisdição
MARGARIDA GOMES 31/10/2013 – in Público
Miguel Veiga espera pela sanção, mas vai dizendo que os
responsáveis pelo "péssimo resultado do PSD deveriam ter-se
demitido". Já Rui Rio e Paulo Rangel escapam ao escrutínio da jurisdição
do partido
Militantes históricos do PSD como Valente de Oliveira,
Miguel Veiga, António Capucho ou Arlindo Cunha podem deixar por estes dias de
fazer parte do partido ao qual sempre pertenceram e até ajudaram a fundar se o
Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) concluir que violaram os estatutos ao
terem apoiado ou participado em candidaturas opositoras às do partido.
Os nomes do ex-presidente da Câmara do Porto Rui Rio, que
muitos militantes e dirigentes do PSD acusam de ter patrocinado a candidatura
de Rui Moreira, e do eurodeputado Paulo Rangel, que é acusado de ter escrito um
artigo a defender a polémica Lei de Limitação de Mandatos, não constam da lista
que foi enviada aos órgãos do partido - Comissão Política Nacional e Conselho
de Jurisdição Nacional - por Luís Artur, do PSD-Porto, uma semana depois das
eleições autárquicas.
"Relativamente a Rui Rio e a Paulo Rangel há uma
censura política a fazer, mas do ponto de vista jurisdicional não é possível
abrir um processo contra eles, mas se alguém entender que sim que o faça",
afirma Luís Artur, frisando que "jurisdicionalmente não se julgam coisas
implícitas". "Não se trata de uma caça às bruxas e nem estive a olhar
para os nomes que coloquei na lista até porque não há militantes de primeira
nem militantes de segunda", declara o recém-eleito deputado municipal.
Em declarações ao PÚBLICO, o advogado portuense Miguel
Veiga, fundador do PSD, não evidencia qualquer tipo de preocupação por uma
eventual participação por ter apoiado publicamente a candidatura independente do
agora presidente da Câmara do Porto Rui Moreira.
"A mim tanto se me faz como se me fez, vamos ver como
isto se processa e espero ser ouvido", afirma Miguel Veiga, sublinhando
que "se houvesse o mínimo de vergonha, aqueles que foram responsáveis
pelos péssimos resultados que o PSD teve tinham-se demitido, deviam reconhecer
a sua inépcia, para além de outras faltas de qualidade".
Cáustico é também António Capucho, que acusa o partido de
"incompetência política" pela derrota eleitoral. O antigo presidente da
Câmara de Cascais, que há dois anos pediu a suspensão de militante, embora
reconheça que é uma figura que não existe nos estatutos do partido, fala de
"desastre eleitoral do PSD a nível concelhio, distrital e nacional" e
diz que "os que tiveram responsabilidades deviam ter-se demitido".
A performance neoliberal
Cabeça de lista à Assembleia Municipal de Sintra pela
candidatura independente de Marco Almeida e membro da Comissão de Honra de Rui
Moreira, o antigo autarca de Cascais entende que o "PSD teria tido
resultados fantásticos se tivesse apoiado os candidatos naturais", mas, em
vez disso, diz, "preferiu impor candidatos e perdeu por facciosismo dos
órgãos competentes". Capucho não poupa o agora ministro do Ambiente e
ex-coordenador permanente do PSD, Jorge Moreira da Silva, por ter
"pactuado com toda esta fantochada".
Quanto à eventual sanção do partido não se mostra preocupado
e promete reagir. A finalizar, lamenta que o "PSD tenha perdido a sua
matriz social-democrata" e diz que "com esta performance neoliberal,
o partido perdeu também a sua espontaneidade".
O antigo presidente do CJN Amorim Pereira, número dois na
lista de Luís Filipe Menezes, considera que "as pessoas que estiveram
envolvidas em listas adversárias às do partido deveriam ter a hombridade de
sair". E diz que o "procedimento não podia deixar de ser ao nível dos
órgãos máximos do partido. Se é purga ou não, não sei porque não tenho
conhecimento claro dos casos que estão a ser analisados pelo Conselho de
Jurisdição Nacional".
Para Amorim Pereira, "seria muito pior que se virasse a
cara para o lado e se fizesse de conta que nada aconteceu". "Isso -
argumenta - seria o princípio da descredibilização do partido enquanto
aglomeração e pessoas ligadas a determinados princípios". E conclui:
"O partido não pode demitir-se de apreciar os casos que são levados ao seu
conhecimento e de aplicar os estatutos. Não é bom que o partido passe para a
opinião pública a ideia de que reina a indisciplina e a libertinagem".
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