quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Lisboa recupera um dos mais antigos centros comerciais

Foram gastos cinco milhões na actualização de um espaço que pretende manter a ligação ao bairro

Lisboa recupera um dos mais antigos centros comerciais


Reabre hoje o Centro Comercial de Alvalade, com 27 lojas, após dois anos de obras que mudaram um espaço inaugurado em 1976
Lisete Lopes, de 77 anos, e Maria de Lurdes Figueiredo, de 75, aproveitam a manhã para pôr a conversa em dia junto à rotunda de Alvalade. À sua frente têm o Centro Comercial de Alvalade e é dele que falam. "Para já consigo ver que há muita coisa que vai melhorar, como aquelas esplanadas e as lojas cá fora. Também não havia escadas rolantes e agora parece que há", observa Maria de Lurdes, que chegou a trabalhar numa loja de pronto-a-vestir naquele sítio há muitos anos.
A renovação do Centro Comercial de Alvalade, em Lisboa, que apresenta hoje as primeiras lojas, após a remodelação iniciada em Setembro de 2011, gerou diversas expectativas.
Segundo o presidente da Associação Portuguesa de Centros Comerciais, António Sampaio de Mattos, a recuperação deste género de espaços mais antigos pode ser uma tendência no futuro. "Por estarem desactualizados na arquitectura ou no tipo de comércio, estes espaços tentam actualizar-se", refere. Em 2012, não se abriram novos centros comerciais, com excepção de dois pequenos retail park na Grande Lisboa e na região centro. E no presente ano há a registar a expansão do AlgarveShopping, não estando prevista nenhuma abertura, segundo o relatório de Outono da imobiliária Cushman & Wakefield.
Quanto ao espaço de Alvalade, inaugurado em 1976, faz parte da primeira geração de centros comerciais de Lisboa, a par do Apolo 70 ou do Imaviz.
Na altura com 22 lojas, o sucesso que alcançou obrigou a diversas modificações. Chegou a ter duas salas de cinema e, mais tarde, passou a ter um total de 72 estabelecimentos, embora todos de pequenas dimensão.
Porém, foi perdendo comerciantes e, nos últimos anos, foram poucos os que se mantiveram no espaço. "Quando [a popularidade do centro] foi abaixo, senti saudades. Lembro-me que ao domingo não se podia entrar, não cabíamos, porque estava sempre cheio", conta Lisete Lopes, que vive no bairro desde os 13 anos. "Aqui havia de tudo: oculista, carpetes, ourives, lavandaria, loja de animais e cabeleireiros", relembra Maria de Lurdes.
A renovação custou cinco milhões de euros, financiado pela empresa Alrisa (do grupo Alves Ribeiro). "A arquitectura e a distribuição das lojas necessitou de uma grande readaptação, mas procurou-se manter um espaço que possa voltar a ser o centro de todas as pessoas que se identificam com o bairro", refere o director-geral do centro, Miguel Simão.
O espaço interior divide-se em dois pisos, nos quais se podem encontrar 27 lojas de marcas e serviços. Alguns mantêm-se, como a Caixa Geral de Depósitos, a Camanga, a Bilheteira de Alvalade e a Ana Wear. Outros voltam a abrir, como a Moy Aquários, a 5 à Sec e a Barreiros Faria Perfumarias. Mas também há estreantes, como a Prazeres Araújo Cabeleireiros, a Mercantina ou o Laboratório do Saber.
Para além disso, o novo Centro Comercial de Alvalade terá um supermercado da cadeia Pingo Doce, uma zona de restauração com esplanada e um parque de estacionamento pago com 163 lugares.
Na Avenida da Igreja, uma das que ladeiam o centro comercial, as opiniões dividem-se. Se para Saíra Mamade, proprietária da loja de lingerie Ardázia, a renovação "pode atrair pessoas mais jovens, que passem pela avenida e entrem nas lojas", para Filipe Batista, dono de um cabeleireiro um pouco mais à frente, "as pessoas que vão de propósito a centros comerciais vão ao Colombo ou às Amoreiras". "Não acredito que venha mais gente para aqui. Vai ficar tudo na mesma."

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