Rio e Rangel alvo de críticas dos militantes
Há no PSD quem defenda a recandidatura de Menezes ao Porto em 2017
A pesada derrota que o PSD sofreu no Porto não parece
ter esmorecido o partido, que já veio defender o nome de Luís Filipe Menezes
para encabeçar a candidatura social-democrata em 2017.
Num plenário de militantes do PS-Porto, onde foram ouvidas críticas a Rui
Rio, que amanhã passa o testemunho ao independente Rui Moreira, Luís Artur e
Pinto Ferreira defenderam a recandidatura de Menezes, que teve o pior resultado
de sempre do partido, no Porto.Mas um dos nomes que estiveram debaixo de fogo foi o de Rio, por ter feito campanha contra o candidato oficial. O autarca foi mesmo acusado pelo líder demissionário da concelhia, Ricardo Almeida, de querer destruir o partido na hora de ir embora.
"Rui Rio teve um papel muito activo na campanha e vários militantes responsabilizaram-no pelo maus resultado que o PSD teve", disse ao PÚBLICO Ricardo Almeida, que não poupou o eurodeputado Paulo Rangel. "Paulo Rangel ficará sempre para a posteridade como um militante do PSD recente, mas que tem como bandeira a divisão e a divisão entre militantes do seu próprio partido", atirou.
"Na hora de ir embora, Rui Rio achou que devia destruir o seu partido", afirmou Ricardo, sublinhando que a "campanha de Rio contra a candidatura do PSD começou com a publicação, em Novembro de 2012, de um parecer do constitucionalista Gomes Canotilho, que ninguém viu, sobre a Lei de Limitação de Mandatos na revista da câmara".
Segundo Ricardo Almeida, se Rio não tivesse aberto as hostilidades, "não teriam surgido comunicados dos vereadores Matilde Alves e Vladimiro Feliz contra Luís Filipe Menezes, e o resultado seria diferente".
Depois das críticas, Ricardo Almeida deixou um elogio ao presidente da Câmara do Porto: "Eu tenho um agradecimento muito grande a fazer ao doutor. Rui Rio, foi um bom presidente de câmara, o PSD tem muito orgulho no seu mandato. O PSD sempre esteve do seu lado, mas na hora de ir embora, o doutor Rui Rio achou que devia destruir o seu partido e, portanto, conseguiu." Almeida criticou o "folhetim que só envergonha os partidos, que é ver militantes do partido contra militantes do mesmo partido e quando os militantes perdem as eleições internas fazem candidaturas independentes." Margarida Gomes
PSD/Porto acusa Moreira de
trair confiança dos eleitores ao coligar-se com PS de Sócrates
Por Agência Lusa
publicado em 20 Out 2013 in (jornal) i online
O independente Rui Moreira e o socialista Manuel Pizarro
chegaram hoje a um acordo
O líder demissionário da concelhia do PSD/Porto acusou hoje
o presidente da Câmara do Porto de “trair” a confiança do eleitorado com o
acordo de Governo com o “PS de José Sócrates”, esperando o “pior” desta
coligação.
O presidente eleito da Câmara do Porto, o independente Rui
Moreira e o socialista Manuel Pizarro chegaram hoje a um acordo, com duração de
quatro anos, "para o governo da Cidade do Porto", atribuindo
"pelouros a vereadores eleitos pelo Partido Socialista".
Em declarações à agência Lusa, Ricardo Almeida considerou
que se trata de “fazer a ligação ao PS de José Sócrates é regredir no discurso
da campanha eleitoral e é trair aquilo que foi a confiança do eleitorado que
confiou em Rui Moreira”.
“Levar para a Câmara do Porto aqueles que destruíram o país,
acho que é um mau presságio e portanto esperamos o pior desta coligação”,
antecipou.
Ricardo Almeida – que integrou a lista de Menezes à Câmara
do Porto e vai assumir o cargo de vereador na tomada de posse de terça-feira –
garantiu que o “PSD nunca foi contactado por Rui Moreira para qualquer
entendimento”, considerando “relevante as pessoas saberem que Rui Moreira
apenas tentou negociar com o PS”.
“A opção foi para aqueles que arruinaram o país, aqueles que
estiveram no Governo de José Sócrates. Parece-me que é trair a confiança dos
eleitores que até há bem pouco tempo acreditaram num Porto de contas certas”,
reiterou.
Na opinião do líder demissionário da concelhia do PSD/Porto,
Manuel Pizarro - que foi secretário de Estado Adjunto e da Saúde no governo de
José Sócrates – “é o grande responsável do grande buraco que ainda hoje existe
na Saúde”.
“Levar uma pessoa com este currículo para o município do
Porto, parece-me que não é de bom e não me parece que seja um bom presságio”,
acusou.
Questionado sobre se o PSD estaria disponível para uma
coligação caso tivesse sido contactado por Rui Moreira, Ricardo Almeida disse
que o partido está sempre disponível “para colocar o interesse da população à
frente dos interesses meramente político-partidários”.
O independente Rui Moreira venceu as eleições para a Câmara
do Porto com maioria relativa, ficando a candidatura do PS, encabeçada por
Manuel Pizarro, em segundo lugar e a do PSD, liderada por Luís Filipe Menezes,
na terceira posição.
Moreira e Pizarro assinam acordo de governo no Porto
As dúvidas que a distrital do PS levantara sobre um
entendimento para a governação da Câmara do Porto desfizeram-se. O presidente
eleito, o independente Rui Moreira, e o socialista Manuel Pizarro fecharam na
noite de sábado um acordo pós-eleitoral que atribui pelouros a vereadores
eleitos pelo PS, garantindo um exercício de mandato com maioria absoluta.
O anúncio, feito através de um comunicado divulgado ontem pela candidatura de
Rui Moreira, acontece a dois dias da tomada de posse do novo executivo
municipal. Com este acordo, Rui Moreira consegue maioria absoluta para governar,
atribuindo pelouros aos três vereadores eleitos pelo PS (a candidatura
independente elegeu seis, o PSD outros três e o PCP-PEV um).Ao PÚBLICO, Manuel Pizarro fala num acordo "muito importante para a cidade", que resultou de um "diálogo muito leal e franco, mas também muito intenso, porque resultou de uma análise profunda das duas candidaturas". "A dificuldade estava em encontrar um consenso com vista a um acordo que fosse verdadeiramente programático", diz Pizarro, avançando ter sido "possível encontrar muitos contributos do programa do Partido Socialista" que permitiram estabelecer pontes entre as duas candidaturas.
O primeiro vereador eleito pelo PS na Câmara do Porto sublinha ainda que este acordo "é possível por causa da atitude do PS, que é de grande responsabilidade, mas também graças à abertura de quem venceu as eleições". Numa altura em que o país precisa de entendimento para resolver os problemas do país, "o Porto dá um sinal de que é possível encontrar consenso". "O PS fez um acordo que honra a sua história, colocando o interesse geral acima de quaisquer outras considerações sem deixar de respeitar os seus valores e os seus princípios", sublinha.
Num comunicado tornado público ontem pela candidatura de Rui Moreira, os dois signatários evidenciam pontos comuns de programa e o facto de o novo presidente não ter obtido maioria absoluta. Consideram que "será vantajoso que essa maioria possa ser alcançada através da celebração de um acordo de governo, ao serviço dos portuenses".
A distribuição exacta dos pelouros será ainda objecto de negociação entre as partes. Mas o PÚBLICO sabe que ao PS deverão ser atribuídos o Urbanismo, a Habitação e provavelmente também a Reabilitação Urbana. Do lado de Rui Moreira, que venceu a corrida à câmara com 39,25% dos votos, Paulo Cunha e Silva ficará com a Cultura e Guilhermina Rego - a única vereadora que transita do executivo anterior, liderado pelo social-democrata Rui Rio - ficará com a Educação, que poderá vir a acumular com a Acção Social e a vice-presidência.
A maioria garantida por este acordo será também extensível às juntas de freguesia onde Rui Moreira (cinco) e Pizarro (uma) saíram vencedores. A excepção é a Junta de Freguesia de Paranhos, que foi ganha pelo PSD.
Nas últimas semanas, o líder da federação distrital do PS, José Luís Carneiro, levantara dúvidas sobre os termos em que um entendimento poderia ser feito, mas a decisão do partido acabou por ir no sentido de um entendimento. Francisco Assis já defendera uma coligação pós-eleitoral, tal como Augusto Santos Silva.
Trocar o betão pelas patentes
Editorial/ PúblicoNuma altura em que o dinheiro é um bem escasso, as autarquias terão de se reinventar
O poder local está a atravessar um período de
turbulência. A começar pela reforma administrativa do território que levou à
extinção ou fusão de 1168 freguesias. A reforma das comunidades intermunicipais
de Miguel Relvas ficou pelo caminho. Leis estruturantes como a das Finanças
Locais ou a dos Compromissos vieram colocar um novo espartilho financeiro às
autarquias. O Orçamento também não trouxe boas notícias para os autarcas, que
vão receber em 2014 menos 70 milhões. Há mais de 100 câmaras à beira da
insolvência que estão a ser resgatadas pelo Governo e, por esse Portugal fora,
avolumam-se relatos de piscinas ou pavilhões que, por falta de pessoas ou de
dinheiro, tiveram de fechar. Mesmo a nível político, depois de os executivos
monocolores também terem ficado pelo caminho, o poder local está a ser
confrontado com novos fenómenos, como o recrudescimento dos independentes,
alianças e coligações improváveis e um aumentar do desinteresse dos munícipes,
bem patente no nível de abstenção.
É neste contexto que a generalidade dos dirigentes que foram eleitos a 29 de Setembro começa a tomar posse esta semana. Numa altura em que se avizinha o novo QREN, já se sabe que o dinheiro desta vez não irá para o betão ou obras faraónicas. Como tal, numa altura em que o dinheiro é um bem escasso, as autarquias terão de se reinventar e adaptar a gestão camarária aos dois eixos do novo quadro comunitário: competitividade e emprego. O Governo já mostrou disponibilidade para dar incentivos para que os municípios criem condições para a instalação de mais empresas nas suas regiões. Com um desemprego recorde, os autarcas sabem que, mais do que o betão, o sucesso dos seus mandatos será avaliado pelo nível de empresas, projectos e patentes que consigam atrair
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