Ricardo Costa
8:00 Terça feira, 15 de outubro de 2013 in Expresso online
No meio de tanta confusão à volta do Orçamento, poucos deram
importância à carta que a China Three Gorges enviou ao governo português. Os
responsáveis da elétrica chinesa mostraram o seu desagrado com o novo imposto
sobre a produção de eletricidade. Até aqui nada de mal. O problema é que a
carta insinua que o Estado português não é uma pessoa de bem e ameaça que esta
situação pode pôr em causa quaisquer futuros investimentos da China em
Portugal.
Porque é que esta carta é grave? Porque a China Three Gorges
comporta-se como aquilo que é. Uma poderosa companhia detida a cem por cento
por um Estado estrangeiro e que fala em nome desse Estado.
Quando a EDP foi privatizada, chamei várias vezes a atenção
para o facto de uma privatização a favor de um Estado estrangeiro ser, na
prática, uma renacionalização. Mas o nosso governo "liberal" olhou
para o cheque e esqueceu esta evidência. A escassez de capital e de
financiamento era tal, que só conseguiu olhar para os muitos resultados
positivos da venda.
O problema deste tipo de negócios só surge quando alguma
coisa corre mal. Só nesse momento é que o governo português percebe que,
afinal, não tem pela frente uma empresa estrangeira que comprou uma empresa
portuguesa, mas sim um Estado estrangeiro que comprou uma empresa portuguesa.
Um pormenor que faz toda a diferença e que o governo "liberal"
esqueceu quando entregou a EDP ao controlo de uma estado profundamente
antiliberal.
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