segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Visita a Lisboa, por António Sérgio Rosa de Carvalho.



Estas imagens foram tiradas do sótão onde fiquei instalado em Santa Catarina, muito próximo da Calçada do Combro e respectivos palácios transformados em condomínio.
 Independentemente das alterações dos Interiores para uma  clientela, muitas vezes satisfeita com um mero fachadismo / conforto urbano e pouco exigente nas questões da autenticidade, por todo o lado verifica-se a inserção e utilização do zinco nas mansardas. Embora isto constitua uma melhoria em relação ao que se fazia por vezes em "acrescentos" nos anos 70/80 ( ver exemplo em baixo / duas imagens )   a mesma tendência verifica-se no presente em todo o Património Pombalino, por exemplo na Rua da Miserircórdia  e constitui atentado aos arquétipos de Mardel.
Esta residência onde fiquei, constitui uma ilustração das milhares de residências temporárias que são oferecidas para aluguer em diversos "sites" especializados.
Ou seja um exemplo da famosa "Hotelaria Paralela" que disponibiliza milhares e milhares de habitações no centro histórico de Lisboa, constituindo nalguns casos um negócio sistemático e organisado, monopolizando várias habitações e diminuindo progressivamente o possível mercado habitacional para jovens e jovens famílias.
Por falar em jovens, como, perante a crise só ficam os que não podem partir, e esses mantém-se em casa dos pais até aos trinta, corre-se o risco que todo o centro histórico de Lisboa se transforme em termos de ocupação, numa área dominada/utilizada pela "gentrification" ou por residentes / turistas temporários .
Esta é aliás a política/visão/estratégia defendida e implementada por Manuel Salgado.
Ora para aquelas jovens famílias que se instalaram e investiram nos Bairros Históricos a vida tornou-se a partir de 5a feira num pesadelo de barulho e animação que se estende por todo o fim de semana, tal como eu pude comprovar, precisamente a partir deste sótão que ilustro, durante a minha estadia.




Se o que se pretendia no Jardim do Adamastor/ Santa Catarina era "elevar" sociológicamente o seu nível de ocupação, com a nova intervenção conseguiu-se Universalizar este princípio, pois as suas superfícies de mármore/ lioz que substituíram a bonita e adequada calçada portuguesa, tornaram esta plataforma devido à reflexão da luz, inabitável e insuportável mesmo por um período curto de tempo, sem óculos de sol.
Deitou-se assim, o "bébé fora com a água", em nome de assinatura pessoal do "Zé" em projecto abrilhantado por arquitecto que não resistiu à tentação de substituir também e desnecessáriamente  a bonita e adequada balustrada existente anteriormente.
Fica como factor positivo a consolidação do quiosque em linguagem uniforme de mobiliário.
De resto o processo de sujidade impregnada tranformando a brancura do lioz em superfície "colante/pegajosa/asquerosa" já se iniciou, e basta fazer uma comparação com o estado dos degraus envolventes do Largo de S.Paulo para ficarmos confirmados do que nos espera ...






 Jardim do Adamastor





Degraus envolventes do Largo de S. Paulo




Uma medida, sem dúvida, positiva e merecedora de elogio, constituiu o fecho ao Trânsito na Zona de Santa Catarina ...






Outra obra também bem conseguida, foi desenvolvida na primeira plataforma do elevador na colina do Castelo. Boa integração no edifício sem qualquer tipo de alteração na malha Pombalina ...











No entanto na Rua da Victória, Manuel Salgado afim de marcar hirárquicamente  o seu eixo axial/estratégico entre o Metro e o Elevador, não resistiu à tentaçào de desenvolver "passadeira"/"tapete de honra" pedonal, alterando assim o pavimento tradicional de Lisboa, e deixando assim "assinatura" e sacrificando a calçada.





Apesar da elevação de "cota" que ocupou a 50% a plataforma miradouro e obstruiu as respectivas vistas, a linguagem do elevador está perfeitamente integrada na Arquitectura do antigo Mercado, e o Elevador ao constituir uma segunda plataforma perante a colina, permite outro acesso e mobilidade.
Curiosa, aqui sim, a escolha da calçada portuguesa para revestir não apenas o Miradouro Restaurante, mas também e até o piso envolvente e interior do próprio Elevador ...











Este primeiro exemplo (em baixo)  constitui uma ilustração de uma intervenção correcta ou melhor um verdadeiro Restauro, então em 2007, ainda na linha das "Unidades de Projecto" / Restauro de Tipologias/Materiais/ Recria que mereceu o 3.º Prémio Recria em 2007 (Travessa da Condessa do Rio, 3-3C e Rua do Sol a Santa Catarina, 15-15A,
freguesia de Santa Catarina, Lisboa).
 Promotor: Armando Gomes Martins
Construtor:Qmoqui, Lda.
Projectista: Arq. Sérgio Bagulho Guerra







Outras intervenções também correctas que ilustram o imenso trabalho que ainda há a desenvolver nos Bairros Históricos e que esperemos, possam dominar este novo mandato de Costa/Salgado.





Esta intervenção no edifício da famosa Estrela da Sé, na grande tradição das Unidades de Projecto/Bairros Históricos, merece elogio. As janelas foram executadas em madeira.



No entanto edifícios e interiores com estas características / arquétipas de Interiores (em baixo) , continuam a apodrecer, até chegarem ao ponto da demolição total de Interiores tal como ilustrada na demolição do pequeno mas interessante edifício, justamente ao lado, na Travessa de André Valente.







Isto para não voltar a referir as traseiras do palácio/Hotel Belmonte no Castelo, que tiveram uma intervençào de "limpeza/ ruína", mas que voltaram a este estado vergonhoso e incompreensível de degradação. O Pátio de D. Fradique constituía um dos conjuntos mais pitorescos de "Bairro" junto a Palácio, e merecia concerteza uma reconstrução "clássica", integrada nas vistas do Palácio.




A Zona Ribeirinha entre Terreiro do Paço, promete sem dúvida se transformar e confirmar, com o terminar da Zona Verde / Lazer, no êxito que já é.
A escolha de continuar a linguagem declive do Cais das Colunas foi sem dúvida inteligente e conseguida .
O que é verdadeiramente incompreensível e surrealista é a colocação dos Mupis no Terreiro de Paço, ilustrando "vistas" cuja sua presença impede o usufruto "ao natural". Uma contradição absurda e inexplicável.




Esta plataforma foi bem conseguida, e constitui êxito de ocupação e de vivência do Horizonte


Já este quiosque, embora compreenda que pretenda garantir ocupação e presença humana na Praça do Municipio, deixa-me dúvidas em relaçào à "cacofonia/ saturação de objectos já presentes ...
Entre as esculturas / "baratas viscosas"/ insectos / bordeaux e o monolito de mármore/ frizo, o quiosque está "entalado". Todo este conjunto "saturado" afecta necessáriamente a "sacralidade' e "gravitas" deste espaço emblemático e simbólico de Lisboa. 
Há espaços em que só a "desocupação" garantem a sacralidade ... espaços, em que justamente a "desocupação" é garantia de qualidade de vivência/experiência.


Mesmo antes da minha partida, já há algum tempo apercebi-me também da instalação de mais este quiosque no Largo de S. Paulo ( ? )


Enquanto o famoso jornal inglês The Telegraph, oferece estas imagens promovendo Lisboa, a realidade é bem diferente ...
A primeira imagem de um elevador da Bica completamente "limpinho" foi publicada num artigo do mesmo Telegraph, onde a famosa Elizabeth McGovern que todos conhecemos de Downton Abbey tecia grandes elogios a Lisboa ...
Bem entre as ambiguidades dos "tags" e dos "Graffiti" , nas discussões sobre Arte Urbana entre Arte ou Vandalismo , não há dúvida que entretanto, apesar da Lei, os atentados ao Património continuam ...
Devido à ambiguidades da mensagem do "Zé" ? Proibindo por um lado e por outro lado promovendo ?
A "intervenção" na Avenida Fontes Pereira de Melo , como sempre afirmei constitui um atentado ao Património Arquitectónico que se pretende "reabilitar" e transmite mensagens ambíguas e paradoxais.
Os Elevadores Sào Monumentos Nacionais   ...
Ver em baixo artigo no Público de hoje referente a Nova York e Video ( na página anterior do blog) que tem sido divulgado sobre ataque Internacional das brigadas do Graffiti a Lisboa ...







A polícia nova-iorquina anda à procura de Banksy. Mas quem é Banksy?


Para o presidente da Câmara de Nova Iorque, o artista britânico é um vândalo.
Para uns, é arte; para outros, é vandalismo. É a velha questão da arte urbana e um tema ao qual nem Banksy, um dos nomes mais mediáticos nesta área, passa incólume. Em Nova Iorque a revelar uma obra todos os dias, o britânico começa a incomodar. “Get Banksy!” foi a capa do New York Post desta quinta-feira, que refere que a polícia está à procura do artista. Uma caça difícil, ou não fosse a identidade de Banksy uma incógnita.
Segundo o site The Atlantic Wire, a Polícia de Nova Iorque (NYPD) explicou no início da semana que está à procura do artista britânico, cujos stencils nas paredes de Nova Iorque lhe podem valer a acusação de vandalismo. Vândalo foi mesmo o adjectivo que o presidente da Câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg, utilizou em declarações ao jornal New York Post. “O graffiti estraga, sim, a propriedade das pessoas e é um sinal de decadência e de perda de controlo”, disse Bloomberg, garantindo que “não há maior apoiante das artes” do que o próprio. “Só acho que há alguns lugares para a arte e alguns lugares sem arte.”
Mas identificar o artista natural de Bristol, Inglaterra, não será uma tarefa fácil, visto que ninguém sabe como ele se parece. Nos últimos dias, a propósito da residência Better Out Than In, na qual Banksy todos os dias, durante o mês de Outubro, revela um novo trabalho nas ruas de Nova Iorque, têm surgido algumas fotos que apontam para Banksy, mas a verdade é que não se tem a certeza – a sua identidade é um dos maiores mistérios da arte urbana dos últimos anos.

Em resposta a tudo isto, Banksy publicou uma foto no seu site, transformado em diário desta residência artística, onde, por baixo da capa do New York Post, escreve: “Eu não leio aquilo em que acredito nos jornais”.

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