terça-feira, 8 de abril de 2014

Nacionalista austríaco renuncia a candidatura europeia por causa de declarações racistas

Andreas Mölzer (esquerda) aperta a mão ao líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, numa conferência em Viena
Nacionalista austríaco renuncia a candidatura europeia por causa de declarações racistas
RITA SIZA 08/04/2014 - PÚBLICO
Andreas Mölzer disse que o Parlamento Europeu se tinha transformado num "conglomerado de negros". FPÖ distancia-se das palavras do cabeça-de-lista às eleições.

O cabeça de lista do partido nacionalista austríaco FPÖ às eleições para o Parlamento Europeu, Andreas Mölzer, acaba de retirar-se da corrida depois de perder a confiança dos seus correligionários, na sequência de comentários racistas e comparações com o regime nazi.

O afastamento de Mölzer já tinha sido solicitado pelo Presidente da Áustria, Heinz Fischer, depois de virem a público declarações do candidato de extrema-direita sobre o “conglomerado de negros” em que se tinha transformado o Parlamento Europeu, e o “caos absoluto” do funcionamento da instituição, “onde só os alemães e os austríacos começam a trabalhar às 9 horas”.

Em Fevereiro, o candidato do Partido da Liberdade também tinha dito que a “regulação agressiva” da União Europeia fazia “o Terceiro Reich parecer quase informal e liberal, em comparação”.

Com a pressão a aumentar por causa das suas declarações, Andreas Mölzer emitiu um pedido de desculpas pelos seus comentários racistas, sem qualquer menção aos apelos à demissão vindos dos líderes dos outros partidos, nomeadamente dos representantes da coligação de centro-direita no poder. As suas palavras, disse, eram uma “expressão de pensamentos inconformistas”.

Hoje, o candidato de 61 anos explicou à agência Austria Press que tinha decidido afastar-se “não por causa da pressão dos media politicamente correctos, do cínico ultraje do sistema político ou do isco da extrema-esquerda que busca uma acusação criminal contra mim: é a óbvia perda de confiança do meu partido que me impele”, assegurou.

O líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, distanciou-se das declarações de Mölzer, dizendo aos jornalistas que “toda a gente na comunidade do Partido da Liberdade sabe que tem de prestar atenção particular ao tipo de vocabulário que utiliza”.

O FPÖ, terceira maior força política na Áustria, pretende consolidar a sua posição nas europeias de Maio: segundo as sondagens sobre as intenções de voto, o partido está acima dos sociais-democratas e dos conservadores, com 27%. Mas as declarações de Andreas Mölzer poderão reacender as desconfianças do eleitorado com o extremismo do partido.


Muitos especialistas estimam que o sufrágio resultará num fortalecimento da bancada de extrema-direita no Parlamento Europeu. O FPÖ austríaco assinou um acordo político com a Frente Nacional da França, o Vlaams Belang (nacionalistas flamengos) da Bélgica e os Democratas Suecos para a formação de uma nova coligação chamada Nova Aliança Europeia para a Esperança.

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