quinta-feira, 23 de abril de 2015

Só com consenso se sairá da crise, diz Henrique Neto


Só com consenso se sairá da crise, diz Henrique Neto

Candidato reúne-se com o PSD e o PS na próxima semana para lhes apresentar o seu plano estratégico para o país

Maria Lopes / 23-4-2015 / PÚBLICO

Só com um consenso alargado entre os maiores partidos, em especial PSD e PS, Portugal conseguirá ultrapassar os obstáculos dos próximos dez ou vinte anos, considera Henrique Neto. E promover isso é um papel fundamental do Presidente da República. Perante uma plateia de meia centena de pessoas, num almoço do American Club, num hotel de Lisboa, o candidato defendeu que as forças políticas têm que trabalhar em conjunto pelo país e que o Presidente da República deve promover os entendimentos.
Caso seja eleito, promete uma aproximação não só aos partidos, mas a todos os sectores da sociedade, em especial aos empresários — com regularidade, em grupos relativamente pequenos, em vez de falar para centenas, como fazem actualmente Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho — para ouvir as suas opiniões. Enquanto candidato, vai começar pelos partidos: reunirá com o PSD dia 27 e com o PS no dia seguinte, adiantou ao PÚBLICO. Não para pedir apoio — ou auscultar sobre essa eventualidade —, mas para lhes descrever qual a sua visão estratégica para o país. “Os empresários são absolutamente essenciais. São eles que têm sensores no mundo inteiro e podem avaliar e antecipar o que se irá passar na economia, os novos processos de produção, as novas tecnologias”, descreveu. “Essas informações permitem ao primeiro-ministro e ao Presidente da República prever o que vai acontecer.”
Questionado pela audiência, o antigo empresário e ex-deputado socialista afirmou que, em Portugal, o Estado “tem um poder claramente excessivo, que abafa as instituições e a sociedade”, favorecendo por vezes alguns sectores com subsídios e privilégios, “enfraquecendo o país”. Sobre os partidos, disse que têm “interesse na manutenção da oligarquia” e que isso “é um problema legal do sistema político” que tem de ser revisto.
Sobre a sua estratégia de campanha, Henrique Neto disse ao PÚBLICO que irá começar a apresentar, de três em três semanas, a sua visão sobre temas fundamentais para o país. “Não é do âmbito do fait divers da política; são grandes frameworks de uma visão estratégica para o país a 10 ou 15 anos. Vou fazê-lo antes das legislativas” para “ver se têm eco nos partidos” e estes incluem as ideias nos seus programas eleitorais, adianta.

Depois das presidenciais, e se for eleito, o antigo empresário considera que passa a ter uma “autoridade acrescida para poder dizer ao futuro Governo ‘a orientação estratégica do país é esta, e é para cumprir’”, ressalvando que as políticas “terão que ser definidas pelo Governo autonomamente, mas não podem contrariar a estratégia definida”. No final da intervenção, Henrique Neto recebeu da directora do American Club, Anne Taylor, uma gravata com o símbolo do clube, com as bandeiras dos dois países. “Vai-lhe fazer falta quando for aos Estados Unidos ser recebido pela Hillary Clinton”, disse a anfitriã.

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