Só com consenso se sairá da
crise, diz Henrique Neto
Candidato reúne-se com o PSD e o
PS na próxima semana para lhes apresentar o seu plano estratégico para o país
Maria Lopes /
23-4-2015 / PÚBLICO
Só com um
consenso alargado entre os maiores partidos, em especial PSD e PS, Portugal
conseguirá ultrapassar os obstáculos dos próximos dez ou vinte anos, considera
Henrique Neto. E promover isso é um papel fundamental do Presidente da
República. Perante uma plateia de meia centena de pessoas, num almoço do
American Club, num hotel de Lisboa, o candidato defendeu que as forças
políticas têm que trabalhar em conjunto pelo país e que o Presidente da
República deve promover os entendimentos.
Caso seja eleito,
promete uma aproximação não só aos partidos, mas a todos os sectores da
sociedade, em especial aos empresários — com regularidade, em grupos
relativamente pequenos, em vez de falar para centenas, como fazem actualmente
Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho — para ouvir as suas opiniões. Enquanto
candidato, vai começar pelos partidos: reunirá com o PSD dia 27 e com o PS no
dia seguinte, adiantou ao PÚBLICO. Não para pedir apoio — ou auscultar sobre
essa eventualidade —, mas para lhes descrever qual a sua visão estratégica para
o país. “Os empresários são absolutamente essenciais. São eles que têm sensores
no mundo inteiro e podem avaliar e antecipar o que se irá passar na economia,
os novos processos de produção, as novas tecnologias”, descreveu. “Essas
informações permitem ao primeiro-ministro e ao Presidente da República prever o
que vai acontecer.”
Questionado pela
audiência, o antigo empresário e ex-deputado socialista afirmou que, em
Portugal, o Estado “tem um poder claramente excessivo, que abafa as
instituições e a sociedade”, favorecendo por vezes alguns sectores com
subsídios e privilégios, “enfraquecendo o país”. Sobre os partidos, disse que
têm “interesse na manutenção da oligarquia” e que isso “é um problema legal do
sistema político” que tem de ser revisto.
Sobre a sua
estratégia de campanha, Henrique Neto disse ao PÚBLICO que irá começar a
apresentar, de três em três semanas, a sua visão sobre temas fundamentais para
o país. “Não é do âmbito do fait divers da política; são grandes frameworks de
uma visão estratégica para o país a 10 ou 15 anos. Vou fazê-lo antes das
legislativas” para “ver se têm eco nos partidos” e estes incluem as ideias nos
seus programas eleitorais, adianta.
Depois das
presidenciais, e se for eleito, o antigo empresário considera que passa a ter
uma “autoridade acrescida para poder dizer ao futuro Governo ‘a orientação
estratégica do país é esta, e é para cumprir’”, ressalvando que as políticas
“terão que ser definidas pelo Governo autonomamente, mas não podem contrariar a
estratégia definida”. No final da intervenção, Henrique Neto recebeu da
directora do American Club, Anne Taylor, uma gravata com o símbolo do clube,
com as bandeiras dos dois países. “Vai-lhe fazer falta quando for aos Estados
Unidos ser recebido pela Hillary Clinton”, disse a anfitriã.
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