Reorganização da Câmara de Lisboa
avança com muitas críticas da oposição
Medina diz à oposição que escusa
de “acenar com os papões da privatização” e promete melhorias na higiene e
espaço público
Inês Boaventura /
29-4-2015 / PÚBLICO
A “despromoção”
de áreas como o saneamento e a protecção civil, a valorização da área do
património enquanto “serviço simplex para as negociatas imobiliárias e para os
vistos gold” e a potencial criação de “conflitos de competências” entre as
juntas de freguesia e os vários serviços da câmara são algumas das críticas da
oposição à reorganização orgânica do município.
A proposta de
reorganização dos serviços da câmara foi aprovada esta terça-feira na
Assembleia Municipal de Lisboa. PSD, MPT, CDS, PCP, PEV e BE votaram contra, o
PAN abstevese e PS, Parque das Nações Por Nós e Cidadãos por Lisboa votaram
favoravelmente.
Além da oposição,
as críticas à proposta camarária vieram do presidente do Sindicato dos
Trabalhadores do Município de Lisboa, que no período de intervenção do público
considerou que a externalização de serviços e a redução de postos de trabalho
são cenários expectáveis desta reorganização. Vítor Reis antecipou que também o
serviço à população decairá em termos de qualidade e lamentou o desinvestimento
“notório” da câmara no apoio social aos seus trabalhadores. Ao longo do debate
foram vários os deputados a lembrar que esta reorganização se segue a uma
outra, que teve lugar em 2011, e à reforma administrativa da cidade e
consequente transferência de competências e meios para as juntas de freguesia. Com
tudo isto, notou o deputado Modesto Navarro, os trabalhadores estão “em
constante sobressalto”.
O eleito do PCP
criticou também a “pouca importância dada à cultura”, patente nas “sucessivas
transferências de competências” para a Empresa de Gestão de Equipamentos e
Animação Cultural (EGEAC), e o facto de a Protecção Civil passar de direcção
municipal a serviço equiparado a departamento.
Essa
“despromoção” foi igualmente condenada por John Baker, do MPT, que também se
pronunciou contra o “desinvestimento” na área do saneamento, que passa de
departamento a divisão e cujos funcionários são “claramente escassos”.
A criação de uma
direcção municipal do património foi alvo de muitas críticas da oposição, tendo
o deputado José Casimiro considerado que está em marcha a criação de “um
serviço simplex para as negociatas imobiliárias e para os vistos gold”. Para o
BE, a câmara devia promover uma reorganização que servisse “o serviço público e
as pessoas” e não “os negócios, os interesses particulares”.
Pelo PSD,
Magalhães Pereira alertou para a possibilidade de a nova orgânica constituir um
“obstáculo administrativo” entre a câmara e as juntas e de levar a “conflitos
de competências”. Já Cláudia Madeira, do PEV, considerou que as
“reorganizações, reestruturações e reajustamentos” promovidos pelo PS nos
últimos mandatos “não têm significado mais e melhores recursos”. Para a
deputada, assiste-se sim a “uma redução sistemática dos serviços e
actividades”, com vista à sua “externalização”.
O presidente da
Câmara de Lisboa refutou as críticas da oposição, sublinhando que nada
justifica que se venha “acenar com os papões da privatização”. Fernando Medina
destacou que esta é “uma adaptação da estrutura orgânica da câmara”, e não “uma
reorganização profunda da sua estrutura”, promovida com dois motivos: “adaptar
a estrutura à profunda alteração de competências que a reforma administrativa
veio trazer” e “reforçar a forma como a câmara cuida da cidade”.
Segundo o autarca
socialista, a reorganização agora promovida vai permitir a “melhoria dos
serviços de higiene urbana” e um maior “cuidado” na manutenção do espaço
público. Quanto à nova direcção do património, Medina explicou que aquilo que
se pretende é promover “uma gestão activa do património”.
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