Sampaio da Nóvoa critica
"lógica de resignação e de lamúria"
PÚBLICO e LUSA
19/04/2015 - PÚBLICO
Futuro candidato à Presidência
lamentou "o enorme desperdício de jovens qualificados obrigados a partir
para o estrangeiro".
Pouco depois de
ter anunciado que vai ser candidato à Presidência da República, António Sampaio
da Nóvoa avançou algumas ideias gerais sobre os caminhos que o país deve
seguir. Em primeiro lugar, diz, é preciso "romper com uma lógica de
resignação e de lamúria" e acabar com "a postura caritativa".
Numa conferência
sobre o Estado social e a democracia, promovida pelo movimento Mais Democracia,
o antigo reitor da Universidade de Lisboa afirmou que "o pior de Portugal
é a sua atitude de resignação ou de crítica sistematicamente pessimista, que não
liberta para pensar de outras maneiras". Para Sampaio da Nóvoa, é preciso
"pensar fora dos enquadramentos habituais e ir mais longe no
pensamento".
"Não há
Estado social sem democracia, nem democracia sem Estado social", afirmou,
para depois sublinhar a necessidade de esta ideia estar "mais clara em
tempos de crise". "[Nesta altura] é quando essa convicção é mais
necessária porque é quando nos protege da deriva", afirmou.
Criticando o
raciocínio de que "não há dinheiro e se acabou a ideia de que pode haver
tudo para todos" – porque esse raciocínio parte "do pressuposto de
que em algum momento houve em Portugal um Estado social consolidado e a
funcionar" –, Sampaio da Nóvoa disse: "O que nos falta são ideias e
políticas."
O futuro
candidato lamentou "o enorme desperdício de jovens qualificados obrigados
a partir para o estrangeiro", depois de o Estado ter investido na sua
formação.
"Na altura
em que são mais produtivos, são emprestados aos países mais desenvolvidos, onde
vão fazer um percurso de 10, 20 ou 30 anos, até que os seus custos se tornam
mais caros e são devolvidos a Portugal", criticou o professor catedrático.
"A questão não é de economia nem de dinheiro; é mais funda e obriga-nos a
pensar o país, a pensar a Europa e a pensar o futuro."
Ainda a nível
social, Sampaio da Nóvoa disse que se impõe acabar com "a postura
caritativa" e "romper com uma lógica de resignação e de
lamúria", para se afirmarem "novas formas de vida para o século
XXI".
No âmbito do
território e das diferenças entre o litoral e o interior, classificou como
"completamente erradas" as políticas adotadas ao longo dos anos, por
terem sido "baseadas em critérios de eficiência ao nível mais redutor do
termo".
"Há muita
coisa que se tem que fazer neste domínio, mas a partir de critérios que tenham
por base a qualidade de vida das pessoas e não de critérios economicistas que,
às vezes, acabam por não poupar grande coisa", concluiu.
A candidatura de
Sampaio da Nóvoa ainda não foi formalizada, mas o antigo reitor da Universidade
de Lisboa reafirmou, no sábado à noite, que irá apresentá-la "até ao final
de Abril".
Nóvoa, que já tem
o apoio de vários socialistas e pode vir a ter o apoio formal do PS, deverá
fazer a apresentação oficial no dia 29. "Não tenho o apoio de ninguém
porque não o pedi. Antes de haver uma carta de princípios e um programa de
candidatura, não seria legítimo estar a colocar esse tipo de questões",
acrescentou.
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