Rússia não planeia dar ajuda
financeira à Grécia
Edgar Caetano / 3/4/2015,
OBSERVADOR
Alexis Tsipras visita
Moscovo numa semana decisiva em que a Grécia poderá ter grandes dificuldades em
pagar a dívida ao FMI. Mas fontes próximas garantem que não se falará em ajuda
financeira.
A Rússia não está a
preparar qualquer assistência financeira para a Grécia, antes da visita do
líder grego a Moscovo . Três fontes citadas pela Bloomberg garantem que
Vladimir Putin e Alexis Tsipras não irão discutir qualquer alívio para as
dificuldades que a Grécia enfrenta, neste momento, na sua tesouraria pública.
Poderá, contudo, aliviar algumas das restrições russas à importação de produtos
alimentares gregos, restrições que foram aplicadas como retaliação da Rússia às
sanções económicas da União Europeia ligadas ao conflito na Ucrânia.
Um porta-voz do Kremlin,
Dmitry Peskov, disse em teleconferência com jornalistas que “as relações entre
a Rússia e a União Europeia serão discutidas [no encontro da próxima semana] à
luz das sanções aplicadas pela União Europeia e a posição fria da Grécia em
relação a estas sanções”. O governo grego já manifestou a sua oposição às
sanções económicas aplicadas à Rússia pelo seu papel no conflito ucraniano e no
alegado apoio aos rebeldes separatistas na Ucrânia.
As três fontes citadas
pela Bloomberg garantem, contudo, que a discussão ficará por aí. Ou seja, não será
negociado qualquer pacote de assistência financeira para a Grécia. O Estado
está a enfrentar dificuldades de tesouraria muito graves, recorrendo já a
operações complexas com liquidez de entidades públicas como universidades e
hospitais. Isto enquanto não se chega a um acordo entre Atenas e os
representantes dos credores para um plano de reformas que desbloqueie a tranche
financeira que está suspensa (a última do segundo resgate, de 7,2 mil milhões
de euros). Os progressos nesse sentido estão, contudo, a ser muito lentos e o
clima é de grande tensão, com o governo a garantir que irá pagar os salários da
Função Pública e as pensões.
Na quarta-feira, Panos
Skourletis, ministro grego do Trabalho, tinha feito uma declaração enigmática a
propósito da visita de Tsipras a Moscovo: “Nós gostaríamos de permanecer no
navio chamado Europa, mas se o capitão nos empurra para o mar, temos de tentar
nadar”, afirmou, citado pela agência Reuters.
Duas das três fontes
citadas pela Bloomberg admitem, contudo, que desta reunião podem sair algumas
alterações às limitações aplicadas pela Rússia à importação de produtos
alimentares da Grécia. Em discussão poderá estar, também, a proposta de
cooperação feita pela Grécia ao governo russo relativamente à construção de um
novo gasoduto que se estenderá da Turquia à Rússia, passando pelo Mar Negro.
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