Monsanto e combate às cheias entre as prioridades do vereador Sá Fernandes
Vereador e o presidente da câmara
assinaram uma adenda ao acordo de 2013, que volta a prometer rede de bicicletas
partilhadas
Inês Boaventura /
16-4-2015 / PÚBLICO
Foi em dia de
aniversário e num miradouro com vista para o Jardim da Cerca da Graça, que “há
sete anos era um matagal e hoje está quase pronto”, que o vereador José Sá Fernandes
assinou, com o novo presidente da Câmara de Lisboa, um “acordo de trabalho”
para os dois anos e meio de mandato que faltam. Nesse período, o autarca quer
“arranjar” alguns jardins, “revitalizar” Monsanto e concluir “as ligações que
faltam” na estrutura verde da cidade.
Sá Fernandes e
Fernando Medina assinaram ontem, respectivamente enquanto representantes da
Associação Cívica Lisboa É Muita Gente e do PS, uma adenda ao “acordo político”
que tinha sido subscrito em 2013. Nela reforçam-se as “prioridades
programáticas” definidas na altura e manifesta-se a intenção de concretizar o
há muito prometido sistema de bicicletas de uso partilhado e de alargar a rede
ciclável da cidade.
Do documento
agora assinado consta também uma menção ao Plano de Drenagem, relativamente ao
qual se diz que devem ser assegurados os meios financeiros para a sua
concretização, “de forma a mitigar o impacto das alterações climáticas e de
fenómenos climatéricos cada vez mais extremos”. “Uma colherada num assunto
absolutamente essencial” que Sá Fernandes diz que não podia deixar de dar,
sendo ele vereador da Estrutura Verde e da Energia.
“É um acordo que
classifico como um acordo de trabalho”, disse o autarca, que considerou não
estar “a prometer nada de extraordinário”. “Estou a prometer aquilo que vamos
fazer para termos uma Lisboa melhor”, concluiu, num discurso feito na esplanada
do Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen.
Já o presidente
da Câmara de Lisboa disse que com este acto público pretendeu duas coisas:
“Sinalizar à cidade que temos um executivo estável, seguro, uma solução
governativa de confiança para o futuro” e “ao mesmo tempo” demonstrar que
existe “uma nova ambição de fazer mais, melhor e mais rápido”. Isto porque,
sustenta Fernando Medina, “aquilo que os lisboetas pedem” hoje é “muito
diferente do que pediam há sete ou há oito anos”, quando a cidade e a câmara
enfrentavam “uma situação caótica”.
Para o autarca,
Sá Fernandes teve “o mérito” de contribuir para que houvesse “uma nova visão da
cidade”, na qual “o espaço público é nuclear”. Como exemplo disso mesmo,
Fernando Medina manifestou a convicção de que não há um único lisboeta ou
turista que defenda o regresso dos carros ao Terreiro do Paço.
“Eu gosto muito
do Zé”, disse ainda o presidente, louvando a sua “energia, determinação e
alegria”. Quanto aos muitos projectos elencados por Sá Fernandes na sua
intervenção, Fernando Medina não resistiu a fazer uma graça: “O Zé acabou de
gastar três orçamentos da Câmara de Lisboa, com aquela leveza que o
caracteriza”, disse, admitindo que talvez não seja possível avançar ao “ritmo”
desejado pelo vereador.
Entre as obras
que Sá Fernandes quer concretizar estão o “arranjo” dos jardins de Avelar
Brotero (Alcântara) e do Campo Grande (zona Sul), Jardim Botânico e,
idealmente, da Tapada da Ajuda. Em Monsanto, o autarca quer “melhorar os
trilhos”, promover “acalmias de tráfego”, pôr autocarros eléctricos “a
distribuir as pessoas pelos equipamentos” e “recuperar” património que hoje não
é utilizado. No antigo campo de tiro, diz, “está a ser retirado algum chumbo” e
a ser feito “um levantamento”, que deverá culminar no lançamento de um concurso
público para a exploração de um restaurante. O presidente da Câmara de Lisboa
não é candidato à presidência do Conselho Metropolitano de Lisboa. O PÚBLICO
sabe que Fernando Medina já comunicou à Federação da Área Urbana de Lisboa
(FAUL) do PS a sua indisponibilidade para assumir o cargo, que justificou com o
facto de querer dedicar-se a 100% ao município.
A presidência do
Conselho Metropolitano, o órgão deliberativo da Área Metropolitana de Lisboa
(AML), era até aqui ocupada por António Costa. Com a sua renúncia à presidência
da Câmara de Lisboa, o cargo ficou vago, o que obrigará à realização de uma
nova eleição para encontrar o seu sucessor. Como vice-presidentes deverão
manter-se Hélder Sousa Silva e Paulo Vistas, respectivamente presidentes das
câmaras de Mafra e de Oeiras.
A questão que se
coloca agora está em saber se aquela renúncia, aliada ao facto de Fernando
Medina não pretender suceder-lhe na presidência do Conselho Metropolitano, vai
ou não abrir uma nova guerra neste órgão. Recorde-se que a questão da eleição
de António Costa só ficou pacificada em Fevereiro deste ano, depois de o
Supremo Tribunal Administrativo ter impugnado, por falta de quórum, a eleição
para o cargo que se tinha realizado no final de 2013.
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