quinta-feira, 16 de abril de 2015

Monsanto e combate às cheias entre as prioridades do vereador Sá Fernandes


Monsanto e combate às cheias entre as prioridades do vereador Sá Fernandes
Vereador e o presidente da câmara assinaram uma adenda ao acordo de 2013, que volta a prometer rede de bicicletas partilhadas

Inês Boaventura / 16-4-2015 / PÚBLICO

Foi em dia de aniversário e num miradouro com vista para o Jardim da Cerca da Graça, que “há sete anos era um matagal e hoje está quase pronto”, que o vereador José Sá Fernandes assinou, com o novo presidente da Câmara de Lisboa, um “acordo de trabalho” para os dois anos e meio de mandato que faltam. Nesse período, o autarca quer “arranjar” alguns jardins, “revitalizar” Monsanto e concluir “as ligações que faltam” na estrutura verde da cidade.
Sá Fernandes e Fernando Medina assinaram ontem, respectivamente enquanto representantes da Associação Cívica Lisboa É Muita Gente e do PS, uma adenda ao “acordo político” que tinha sido subscrito em 2013. Nela reforçam-se as “prioridades programáticas” definidas na altura e manifesta-se a intenção de concretizar o há muito prometido sistema de bicicletas de uso partilhado e de alargar a rede ciclável da cidade.
Do documento agora assinado consta também uma menção ao Plano de Drenagem, relativamente ao qual se diz que devem ser assegurados os meios financeiros para a sua concretização, “de forma a mitigar o impacto das alterações climáticas e de fenómenos climatéricos cada vez mais extremos”. “Uma colherada num assunto absolutamente essencial” que Sá Fernandes diz que não podia deixar de dar, sendo ele vereador da Estrutura Verde e da Energia.
“É um acordo que classifico como um acordo de trabalho”, disse o autarca, que considerou não estar “a prometer nada de extraordinário”. “Estou a prometer aquilo que vamos fazer para termos uma Lisboa melhor”, concluiu, num discurso feito na esplanada do Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen.
Já o presidente da Câmara de Lisboa disse que com este acto público pretendeu duas coisas: “Sinalizar à cidade que temos um executivo estável, seguro, uma solução governativa de confiança para o futuro” e “ao mesmo tempo” demonstrar que existe “uma nova ambição de fazer mais, melhor e mais rápido”. Isto porque, sustenta Fernando Medina, “aquilo que os lisboetas pedem” hoje é “muito diferente do que pediam há sete ou há oito anos”, quando a cidade e a câmara enfrentavam “uma situação caótica”.
Para o autarca, Sá Fernandes teve “o mérito” de contribuir para que houvesse “uma nova visão da cidade”, na qual “o espaço público é nuclear”. Como exemplo disso mesmo, Fernando Medina manifestou a convicção de que não há um único lisboeta ou turista que defenda o regresso dos carros ao Terreiro do Paço.
“Eu gosto muito do Zé”, disse ainda o presidente, louvando a sua “energia, determinação e alegria”. Quanto aos muitos projectos elencados por Sá Fernandes na sua intervenção, Fernando Medina não resistiu a fazer uma graça: “O Zé acabou de gastar três orçamentos da Câmara de Lisboa, com aquela leveza que o caracteriza”, disse, admitindo que talvez não seja possível avançar ao “ritmo” desejado pelo vereador.
Entre as obras que Sá Fernandes quer concretizar estão o “arranjo” dos jardins de Avelar Brotero (Alcântara) e do Campo Grande (zona Sul), Jardim Botânico e, idealmente, da Tapada da Ajuda. Em Monsanto, o autarca quer “melhorar os trilhos”, promover “acalmias de tráfego”, pôr autocarros eléctricos “a distribuir as pessoas pelos equipamentos” e “recuperar” património que hoje não é utilizado. No antigo campo de tiro, diz, “está a ser retirado algum chumbo” e a ser feito “um levantamento”, que deverá culminar no lançamento de um concurso público para a exploração de um restaurante. O presidente da Câmara de Lisboa não é candidato à presidência do Conselho Metropolitano de Lisboa. O PÚBLICO sabe que Fernando Medina já comunicou à Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS a sua indisponibilidade para assumir o cargo, que justificou com o facto de querer dedicar-se a 100% ao município.
A presidência do Conselho Metropolitano, o órgão deliberativo da Área Metropolitana de Lisboa (AML), era até aqui ocupada por António Costa. Com a sua renúncia à presidência da Câmara de Lisboa, o cargo ficou vago, o que obrigará à realização de uma nova eleição para encontrar o seu sucessor. Como vice-presidentes deverão manter-se Hélder Sousa Silva e Paulo Vistas, respectivamente presidentes das câmaras de Mafra e de Oeiras.

A questão que se coloca agora está em saber se aquela renúncia, aliada ao facto de Fernando Medina não pretender suceder-lhe na presidência do Conselho Metropolitano, vai ou não abrir uma nova guerra neste órgão. Recorde-se que a questão da eleição de António Costa só ficou pacificada em Fevereiro deste ano, depois de o Supremo Tribunal Administrativo ter impugnado, por falta de quórum, a eleição para o cargo que se tinha realizado no final de 2013.

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