PSD acusa Fernando Medina de
“maquilhar” contas da EPUL
Em causa, explica Margarida
Saavedra, está o facto de a Câmara de Lisboa ter valorizado em 30,7 milhões de
euros terrenos que, segundo uma avaliação externa, feita em 2012, valem 185,9
milhões de euros
Inês Boaventura
/22-4-2015 / PÚBLICO
O PSD garante
que, “ao contrário do que tem sido dito quer por António Costa quer por
Fernando Medina”, a extinção da Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL)
foi uma operação “bastante vantajosa” para a Câmara Municipal de Lisboa (CML). O
partido acusa a maioria de “maquilhar as contas” da empresa para fazer parecer
o contrário, através de uma “desvalorização propositada dos terrenos” que
transitaram para a propriedade da câmara.
“A extinção da EPUL, ao contrário do que tem
sido dito, foi uma operação vantajosa” para a CML, diz PSD
Estas acusações
foram feitas ontem por Margarida Saavedra, deputada do PSD na Assembleia
Municipal de Lisboa (AML) e representante do partido na comissão liquidatária
da EPUL, que foi extinta a 31 de Dezembro de 2014. A autarca falava numa
conferência de imprensa, na qual marcaram também presença os vereadores
Fernando Seara e António Prôa e o líder da bancada social-democrata na AML,
Sérgio Azevedo.
Na conferência,
Margarida Saavedra deu conta do seu “desagrado” com o facto de o presidente da
câmara ter anunciado que, na sequência da extinção da EPUL, tinham sido
transferidos para o município activos no valor de 66,9 milhões de euros e
passivos no valor de 83,1 milhões, perfazendo um saldo negativo de 16,2
milhões.
Para a autarca,
Fernando Medina cometeu uma “enorme deslealdade”, que “o PSD não pode deixar
passar”. E porquê? Porque os números tornados públicos fazem parte de um
relatório que ainda não foi aprovado, nem pela comissão liquidatária que
integra, nem pela câmara. Relatório em relação ao qual, nota Margarida
Saavedra, havia “o compromisso e a obrigatoriedade legal” de ser apresentado
“até 15 de Fevereiro”.
Quanto aos
números divulgados pelo autarca socialista, a deputada municipal diz que se
assistiu a “uma desvalorização propositada” de um conjunto de terrenos que eram
propriedade da EPUL e que transitaram para a câmara. Isto porque, explica
Margarida Saavedra, os activos em causa foram agora transferidos por 30,7
milhões de euros quando uma avaliação externa realizada em 2012 (“numa altura
em que o mercado imobiliário se encontrava em baixa”) lhes atribuiu “um valor
comercial próximo dos 185,9 milhões”.
Como exemplo
disso mesmo, a deputada que integra a comissão liquidatária aponta dois casos. O
primeiro é o de um terreno no Restelo, com mais de 92 mil m2, que transitou
para a câmara por 2,154 milhões de euros, valor que fica aquém dos 31,630
milhões atribuídos pela avaliação de 2012. O segundo exemplo é o de um terreno
no Paço Lumiar, com 5800 m2 ,
que a câmara recebeu por 125 mil euros e que foi avaliado em 6,918 milhões.
Para Margarida
Saavedra, esta “desvalorização propositada” pode ter um de dois objectivos: ou
visa “acautelar algum interesse privado alheio ao município”, ou “é propositado
para ser mais tarde vendido pelo seu valor real como se de um grande negócio
para o município se tratasse”. Seja como for, sublinha, aquilo a que se
assistiu foi a uma “forma de maquilhar as contas”. Face a isto, a autarca
social-democrata conclui que “a extinção da EPUL, ao contrário do que tem sido
dito quer por António Costa quer por Fernando Medina, se traduziu numa operação
bastante vantajosa para a câmara”.
Confrontado com
as acusações do PSD, o vereador das Finanças da Câmara de Lisboa transmitiu,
através de fonte do seu gabinete, que recusa entrar numa “chicana política”. João
Paulo Saraiva faz saber que está a analisar “de um ponto de vista técnico” as
questões que foram levantadas por aquele partido, acrescentando que após
concluir essa análise responderá “com a profundidade necessária para esclarecer
cabalmente qualquer dúvida”.
Além de Margarida
Saavedra, integram a comissão liquidatária da EPUL Luís Natal Marques (actual
presidente da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa),
Jorge Oliveira e António Júlio de Almeida (recentemente afastado da presidência
da Emel). Segundo a deputada municipal do PSD, foi agendada para hoje uma
reunião desta comissão, com o objectivo de apreciar o relatório de liquidação. Uma
reunião que a autarca considera que não tem “condições” para se realizar, dado
que a documentação que nela vai ser discutida só lhe foi entregue na
segunda-feira.
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