Depois de “esforço sem
precedentes” no corte da dívida, câmara vai investir
Medina destacou a dívida a fornecedores de “praticamente zero” e o prazo de
pagamento de quatro dias, considerando que com estes indicadores a câmara
transmite “uma mensagem de apoio à economia”
O passivo, de 2013 para 2014,
caiu 16%, para 1195,6 milhões de euros, A dívida baixou de 641,3 para 618,3
milhões de euros
Inês Boaventura /
21-4-2015 / PÚBLICO
Acelerar o
programa de investimentos do município e prosseguir as políticas de alienação
de activos e de redução da dívida são os objectivos traçados pelo presidente da
Câmara de Lisboa para este ano. Quanto a 2014, Fernando Medina sublinha que,
naquele que foi “um ano de uma enormíssima exigência”, se assistiu a uma
redução do passivo, da dívida global e da dívida a fornecedores, sendo esta
última de “praticamente zero”.
“A câmara mostrou
que está numa situação sólida e mais bem preparada para os desafios do futuro”,
afirmou o autarca socialista, numa conferência de imprensa que se realizou
ontem com o objectivo de dar a conhecer as contas de 2014. Nela Fernando Medina
notou que a “solidez” de que fala se estende ao universo empresarial da câmara
que é hoje constituído por três empresas e uma sociedade de reabilitação
urbana.
A redução “muito
significativa” do passivo, que de 2013 para 2014 caiu 16%, para 1195,6 milhões
de euros, foi o primeiro aspecto destacado pelo autarca. Quanto à dívida,
Fernando Medina informou que baixou de 641,3 para 618,3 milhões de euros, algo
que considerou ser reflexo de “um esforço sem precedentes”.
O presidente da
câmara fez questão de sublinhar que a redução alcançada nesses indicadores
teria sido superior, se não fossem a extinção da Empresa Pública de Urbanização
de Lisboa (EPUL) e a celebração do acordo com a Bragaparques, ao abrigo do qual
o município aceitou pagar à empresa 101,6 milhões de euros.
Outro indicador
destacado pelo autarca foi o da dívida a fornecedores, que caiu de 459 milhões
de euros em 2006 para 5,9 milhões no ano transacto, sendo hoje “praticamente
zero”. “Este é porventura o maior contributo que a câmara pode dar à economia e
à cidade”, afirmou, acrescentando depois a esse dado um outro: o facto de o
prazo de pagamento aos fornecedores ser actualmente de quatro dias.
“Estamos numa
situação de pronto pagamento. Não há muitas instituições no país que façam o
mesmo”, fez notar. Com isto, concluiu Fernando Medina, a câmara está a
transmitir “uma mensagem política muito forte de apoio à economia”, mensagem
essa que o autarca quer que se mantenha agora que a pasta das Finanças
transitou para o vereador João Paulo Saraiva, dos Cidadãos por Lisboa.
Para os
resultados apresentados, o presidente da câmara considerou que contribuíram não
só “uma forte contenção de custos”, mas também “bons resultados do lado das
receitas”. Sobre este último aspecto Fernando Medina declarou que em 2014 o
município recebeu mais 51 milhões de euros de imposto municipal sobre as
transmissões onerosas de imóveis (IMT) do que no ano anterior, e mais 7,6
milhões de imposto municipal sobre imóveis (IMI).
O sucessor de
António Costa não se conforma com a extinção anunciada do IMI, que segundo diz
representa perto de 120 milhões de euros. “Estamos na disposição de dialogar,
de encontrar alternativas. Mas não temos nenhuma receptividade a aceitar de
forma passiva que se coloque em risco cerca de 20% do orçamento, quando temos
as contas em ordem”, disse, numa crítica dirigida ao Governo.
Quanto às
empresas municipais, Fernando Medina sublinhou que “estão numa situação
saudável”: “Não só têm uma situação financeira sólida, como têm modelos de
financiamento adequados à sua actividade.”
Em relação à
EPUL, o autarca defendeu que o processo relativo à sua extinção “correu muito
bem”, prometendo para breve a apresentação do relatório final da empresa. Para
já, Fernando Medina revelou que foram transferidos para a câmara activos no
valor de 66,9 milhões de euros e passivos no valor de 83,1 milhões de euros, o
que perfaz um saldo negativo de 16,2 milhões de euros.
Já depois de
terminada a conferência de imprensa, os vereadores do PCP e do CDS não tinham
ainda recebido da maioria os documentos de prestação de contas de 2014. “É uma
total falta de respeito, de consideração. É uma prática absolutamente
condenável”, afirmou o comunista Carlos Moura, criticando que informações como
estas cheguem primeiro à comunicação social e só depois aos vereadores da
maioria.
“Primeiro há a
conferência de propaganda”, disse, por sua vez, o centrista João Gonçalves
Pereira, condenando que a câmara esteja “mais preocupada com a propaganda do
que com o cumprimento dos prazos legais”. Isto porque, lembrou, as contas
deveriam ser aprovadas pela câmara e pela assembleia municipal até ao final de
Abril.
Já o
social-democrata António Prôa não hesitou em dizer, depois de uma primeira
leitura dos documentos que recebeu, que “António Costa tem andado a enganar as
pessoas”. “Não é verdade que tenha reduzido a dívida do município em 40%”,
acusou o vereador, segundo o qual a redução alcançada foi de 25% entre 2007 e
2014, “graças à venda dos terrenos do aeroporto”. Se essa venda não tivesse
acontecido, concluiu, a dívida “teria sido agravada em 3%”
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