Menezes pondera regresso a Gaia
em 2017
MARGARIDA GOMES
29/04/2015 - PÚBLICO
Ex-autarca tem-se passeado pelo
concelho, conversado com antigos funcionários da autarquia e ouvido apelos para
regressar à câmara.
O PSD-Gaia já
sonha com o regresso de Luís Filipe Menezes e pensa nele para protagonizar uma
candidatura às eleições autárquicas de 2017. O ex-autarca social-democrata, que
está a ser investigado pela Polícia Judiciária por suspeitas de corrupção e
crime de enriquecimento ilícito nos tempos em que dirigia a Câmara de Vila Nova
de Gaia, abriu as hostilidades, criticando nas redes sociais a gestão do seu
sucessor, Eduardo Victor Rodrigues. O partido comunga das suas objecções,
apontando falhas ao actual presidente.
“Ao fim de
dezoito meses, houve uma quebra na iniciativa municipal e não se conhece qual é
o rumo e quais são as prioridades da actual câmara”, atira o líder da concelhia
social-democrata e vice-presidente da distrital do Porto, Firmino Pereira, afirmando,
que o “PS não tem uma equipa de vereadores com experiência e preparação
política para dirigir um município com a dimensão da Câmara de Gaia”.
O PSD local não
se conforma com o facto de o concelho ter perdido um autarca com dimensão
nacional e mostra-se muito empenhado em trabalhar numa solução que devolva a
Gaia um “presidente de câmara com visibilidade, arrojo, mas também com dimensão
nacional”. E embora ainda existam mágoas pela forma como o Menezes tratou Gaia
na hora de anunciar a sua candidatura à Câmara de Porto, que perdeu para o
independente Rui Moreira, o partido já anda no terreno, tentando perceber o que
pensa o eleitor anónimo de um eventual regresso do ex-autarca.
“O último mandato
de Luís Filipe Menezes na Câmara de Gaia não foi o melhor. Ele abandonou-nos e
na hora de anunciar a sua candidatura ao Porto disse que veio a Gaia fazer uma
comissão de serviço e isso nós não esquecemos”, lembrava ontem um ex-autarca do
partido ao PÚBLICO, sublinhando, contudo, não se opor ao seu regresso para
liderar uma candidatura.
Na altura, a
atitude de Menezes foi mal recebida e muito criticada por todos aqueles que
sempre estiveram a seu lado. Por isso, agora dizem que da próxima vez terá de
“haver um caderno de encargos”. “Não vamos estar subjugados a ninguém, vamos
querer um caderno de encargos onde tudo será negociado”, declarou a mesma
fonte, que solicitou anonimato.
O eventual
regresso a Gaia do actual conselheiro de Estado serviu já de pretexto para a
realização de jantares com presidentes de junta e líderes de opinião e, de
acordo com relatos feitos ao PÚBLICO, “há um sentimento favorável ao seu
regresso”.
“O PSD tem
fortíssimas possibilidades de ganhar a câmara e não considero que se trate de
um combate difícil” declarou, por seu lado, um ex-autarca com responsabilidades
partidárias, que não esconde o orgulho que sente pela obra deixada pelo seu
correligionário de partido.
Quanto ao facto
de o ex-presidente da Câmara de Gaia estar na mira da justiça, as mesmas fontes
afirmam: “Toda a gente tem a percepção que ele vai ficar livre dos problemas
que tem e que estão relacionados com o seu património”.
Enquanto a
justiça faz o seu caminho, Menezes faz o dele. E por estes dias, esteve no
concelho, que liderou durante quatro mandatos consecutivos, e cumprimentou
muita gente. O curioso é que escolheu as redondezas da câmara municipal para se
passear e contactar pessoas, tendo-se cruzado com muitos funcionários que já
estiveram sob a sua alçada. Nos contactos que fez na rua ou em cafés que
conhece bem, terá mesmo ouvido dizerem-lhe para que regresse.
O presidente da
comissão política concelhia do PSD, que afirmou que tem mantido contactos com
Menezes, já esqueceu as escaramuças que teve com o antigo presidente do partido
pelo facto de o ter impedido de apresentar uma candidatura ao município em
2013. “Fui preterido na candidatura à câmara, mas não tenho nenhuma motivação
pessoal contra Luís Filipe Menezes”, garantiu, mostrando-se disponível para
todos os apoios. "Em Vila Nova de Gaia há um núcleo fortíssimo de apoios,
que engloba ex-autarcas, dirigentes concelhios e muitos militantes”, sublinhou
Firmino Pereira.
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