Paulo Morais está na corrida a
Belém e dispara contra Passos e Sócrates
MARGARIDA GOMES
18/04/2015 - PÚBLICO
O antigo vice-presidente da
Câmara do Porto tornou-se o segundo candidato a formalizar a sua candidatura.
Fê-lo a partir do Café Piolho de onde de ouviu um feroz ataque ao
primeiro-ministro, que acusou de ser "mentiroso"
Disparou em todas
as frentes e assestou baterias às grandes sociedades de advogados do país
“verdadeiras irmandades, que constituem hoje o símbolo maior da mega central de
negócios em que se transformou a política nacional”.
Paulo Morais, o
agora candidato à Presidência da República, declarou que as eleições
presidenciais se transformaram em "concursos para a escolha do maior
mentiroso", garantindo que se for eleito demitirá o Governo que não cumpra
as promessas eleitorais. "Os partidos do poder transformaram os processos
eleitorais em circos de sedução em que acaba por ganhar quem é mais eficaz a
enganar os cidadãos. As eleições transformaram-se assim em concursos para a
escolha do maior mentiroso. E o troféu em jogo neste concurso é a chefia do
Governo", disse.
Num discurso
recheado de críticas ao Governo e também ao Presidente da República, o candidato presidencial denunciou
a “lista de negócios perdulário celebrado pelos governos, desde a Ponte Vasco
da Gama, que Cavaco Silva, ofereceu à Lusponte, às actuais privatizações da
electricidade e da recolha de lixos, conduzidas pro Passos Coelho, passando
pelas ruinosas parcerias público-privadas rodoviárias de José Sócrates”.
Foi a partir do
Café Piolho, um dos mais emblemáticos da cidade do Porto e com uma grande
tradição republicana, que Paulo Morais tornou pública a sua candidatura às
eleições de 2016, que tem na corrupção o seu grande combate. “Foi a corrupção
que nos trouxe a crise e a pobreza”, declarou, afirmando que. “o próximo
Presidente da República tem de liderar uma estratégia global de combate ao
fenómeno de forma transversal, envolvendo o poder legislativo, o executivo e o
judicial e toda a sociedade”.
O antigo vereador
do Urbanismo pediu tréguas na “promiscuidade que transformou o Parlamento numa
central de negócios, com os deputados a usarem o cargo em benefício dos grupos
económicos que lhes garantem tenças generosas” e advogou que “as leis mais
importantes não poderão ser elaboradas nas grandes sociedades de advogados, em
função dos grandes interesses instalados”.
Denunciando que
“a corrupção é a marca do regime e que a sua maior consequência é a depreciação
das contas públicas”, o candidato presidencial, explicou depois que “a
corrupção representa, assim, a acusa maior dos problemas do orçamento e
indirectamente a razão maior dos nossos males”. “Surge da mais absoluta
promiscuidade entre negócios e política. Verdadeiramente, já nem se consegue
distinguir entre a política e negócio”, declarou.
O tema ocupou uma
boa parte do seu discurso e o ex-militante do PSD deteve-se em explicar que a
corrupção é em Portugal um “fenómeno crónico e reveste características
preocupantes”. “Os casos de corrupção sucedem-se e são conhecidos: desvio de
dinheiros do Fundo Social Europeu para formação, prejuízos na Expo 98, gastos
desmesurados e injustificados no Euro 2004, a que se somam os escândalos no mundo da
finança, do BPP ao BPN ou ao BES”.E daqui partir para a lista de “negócios
perdulários”, que atingem tanto Passo Coelho como José Sócrates.
Paulo Morais
haveria de voltar a criticar o desempenho do ex--primeiro-ministro socialista e
do actual chefe do Governo que, acusou de enquanto “candidato nas últimas
eleições prometeu o céu. Mas remeteu-nos ao inferno”. ”Ao fim de pouco mais de
um ano de mandato do actual Governo, concluiu-se que Passos Coelho aplicou
medidas precisamente opostas às que tinha prometido, tendo aumentado impostos,
reduzindo os salários, as pensões e reformas e retirando subsídios. Mentiu-nos,
numa atitude em que foi acompanhado pelo seu parceiro de coligação”.
“O antecessor de
Passos Coelho, José Sócrates, fez exactamente o mesmo. Prometendo não aumentar
impostos não tardou em fazê-lo quando subiu ao poder. Mais
um mentiroso”. criticou
Morais reconhece
que a caminhada que ontem começou com a apresentação da sua candidatura – a
segunda a ser tornada pública, depois de Henrique Neto – é “difícil, mas não é
impossível”. A recolha de assinaturas começou imediatamente a seguir à
apresentação da candidatura e enquanto
as pessoas se organizavam havia quem aproveitasse o momento para brindar à
futura vitória do antigo vereador do Urbanismo da Câmara do Porto.
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