Marinho e Pinto:
“PS quer “gastar primeiro e arranjar depois
dinheiro para pagar”
“O PS quando está
no poder é de direita, quando está na oposição é de esquerda”
|
Marinho e Pinto: PS quer “gastar
primeiro e arranjar depois dinheiro para pagar”
MIGUEL SANTOS / 27/4/2015,
OBSERVADOR
Marinho e Pinto acredita que o
cenário traçado pelos economistas do PS tem "aspetos muito
preocupantes" que podem colocar em causa todo o sistema. E a coligação
PSD/CDS? Estava "escrita nas estrelas".
O líder do
recém-criado Partido Democrático Republicano (PDR), Marinho e Pinto, tece duras
críticas ao cenário macroeconómico traçado pelos economistas do PS,
descrevendo-o como “muito preocupante” para o futuro do país. Em declarações ao
Observador, Marinho e Pinto dispara críticas também para a coligação PSD/CDS,
mas apesar dos tiros para os dois lados, não exclui coligações pós-eleitorais
nem com PS nem com a nova AD.
Sobre o cenário
apresentado pelos economistas do PS, e mesmo admitindo que o PDR ainda não
analisou a “fundo” todas as medidas inscritas no documento, Marinho e Pinto
começa por questionar os efeitos das propostas e diz mesmo que estas podem vir
a “pôr em causa a sustentabilidade da Segurança Social”. Em causa, está, sobretudo,
a redução da taxa de contribuição para a segurança social (TSU), que teria como
consequência a redução futura de algumas pensões (entre 1,2% e 2,6%) – uma
medida, de resto, contestada pela generalidade dos parceiros sociais e pelos
restantes partidos políticos.
Em relação à
receita proposta pela equipa liderada por Mário Centeno – investimento público
como caminho para o crescimento -, Marinho e Pinto mostra muitas dúvidas em
relação ao sucesso da fórmula:
“Parece que pode
ser mais um passo para gastar primeiro e arranjar depois dinheiro para pagar”,
defende, em declarações ao Observador.
“Nós não temos
soberania monetária. Portugal ou tem dinheiro para pagar as despesas ou não
tem. Claro que todos gostam de gastar dinheiro – é a forma de se ganharem votos
e de alargar clientela. Mas tal poderia ter graves consequências [para as
finanças do país]”, sustenta, para depois acrescentar que o documento do PS
“lembra um um bocadinho as propostas do Syriza na Grécia”.
Com quem quer casar Marinho e Pinto?
O anúncio da
coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS não surpreendeu Marinho e Pinto: “Isso
não é uma novidade. É uma pseudo-notícia. [Na verdade], nenhum deles
sobreviveria sem o outro, apesar de todos os ódios pessoais”. Mais: o líder do
PDR acredita que o motivou a união entre social-democratas e
democratas-cristãos foi o “medo de perder o poder”. Esse, diz, “é o cimento”
que une esta coligação.
Ainda assim, e
apesar das críticas ao PS e ao Governo, que, acusa, conduziu uma “política de
austeridade exagerada” além “do que exigiam os nossos credores”, Marinho e
Pinto não excluiu um cenário de coligação pós-eleitoral. “Nós, PDR, podemos e
desejamos contribuir para uma solução de governo. O que não seremos é muleta de
ninguém“, começou por explicar. O PDR só fará parte dessa solução “se os
anseios dos eleitores e as respostas para os problemas do país” estiverem
acautelados.
Mas,
eventualmente, a quem dará o braço o PDR? À esquerda ou à direita? Para o
ex-bastonário da Ordem dos Advogados essa questão não se coloca. “Essa
geometria política tradicional [entre esquerda e direita] hoje está posta em
causa. O PSD tem algumas pulsões social-democratas; o PS quando está no poder é
de direita, quando está na oposição é de esquerda; [e depois] que esquerda é
esta que se aliou à direita para derrubar o Governo socialista?”, questionou,
referindo-se à queda do Executivo de José Sócrates.
No fundo, afirmou
Marinho e Pinto, a preocupação do PDR é seguir “políticas que sejam benéficas
para o país”, que permitam “consolidar o orçamento”, “pagar a dívida” e
“assegurar o crescimento da economia”, ao mesmo tempo que se “erradica a
pobreza” e se fomenta a participação cívica, através de “novas formas de
democracia participativa”.
E quanto às
expectativas do PDR nas próximas eleições? Marinho e Pinto socorreu-se da
máxima celebrizada por um “grande pensador” português: “Prognósticos só no fim
do jogo”.
Sem comentários:
Enviar um comentário