Autarcas criticam “movimento de
pânico financeiro”
Executivo do Syriza aprovou lei
que obriga entidades administrativas a cederem reservas de tesouraria ao banco
central
PÚBLICO /
24-4-2015
O Governo grego
abriu uma nova frente de combate, agora com o poder local. A ordem dada às
entidades do sector público para entregarem qualquer excedente orçamental para
os cofres do Estado foi muito mal recebida pelas associações de municípios
gregas.
A popularidade do
Governo de Tsipras parece estar a ceder
Bastou um dia
para que as críticas à iniciativa do Governo grego, liderado pelo partido de
esquerda radical Syriza, começassem a chover. O presidente da Associação das
Regiões da Grécia, Kostas Agosastos, descreveu a medida como “um movimento de
pânico financeiro” e alertou para o risco de “levar à paragem de obras
(estradas, hospitais, escolas) e do investimento”. Os pedidos para que o
executivo recue na decisão multiplicaram-se, com o presidente da Associação de
Autarcas da Grécia, Georges Patoulis, a alertar para o impacto de uma lei que
“põe em causa a planificação dos municípios, compromete o bom financiamento dos
seus serviços e danifica a sua capacidade de pagar os salários do pessoal nos
próximos meses”.
Grande parte dos
municípios gregos é gerida pelos partidos da oposição, pelo que, para o
Governo, as críticas já eram esperadas. “Antecipávamos que a oposição
utilizasse os autarcas (...) para nos contrariar neste dossier”, disse ao Le
Monde um responsável do Syriza.
O executivo
liderado por Alexis Tsipras aprovou na segunda-feira um diploma legislativo que
obriga as entidades administrativas a transferirem as suas reservas de
tesouraria para o banco central. De fora, ficam apenas os fundos da Segurança
Social, o que implica a inclusão nesta medida das autarquias e das regiões.
A medida estava
já prevista e o Governo de Atenas alega que esta é uma prática comum noutros
países da UE. “Leis semelhantes já existem na Holanda, Portugal ou Inglaterra”,
disse na semana passada o vice-ministro das Finanças, Dimitris Mardas, citado
pelo Wall Street Journal.
A Grécia está sob
pressão para encontrar os meios suficientes para poder cumprir as suas
obrigações perante os credores internacionais. Só em Maio há dois pagamentos
que têm de ser feitos ao Fundo Monetário Internacional — um de 195 milhões de
euros, que vence logo no dia 1, e outro de 745 milhões, para dia 12. O
presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, veio garantir que
Bruxelas exclui o cenário de abandono da zona euro pela Grécia, mas pediu mais
cooperação entre Atenas e as instituições financeiras.
Com o arrastar
das negociações com os credores e a indefinição quanto ao futuro da Grécia, a
popularidade do Governo parece finalmente estar a ceder. A taxa de aprovação do
executivo de Tsipras caiu de 72% em Março para 45,5% este mês, de acordo com
uma sondagem publicada no jornal Ekathimerini. Entre os cerca de mil inquiridos
é visível também um maior receio quanto a uma possível saída do país da zona
euro, com 56% a dizerem-se com “medo” perante esse cenário, contra 45,5% no mês
anterior.
Sem comentários:
Enviar um comentário