quarta-feira, 22 de abril de 2015

Autarcas criticam “movimento de pânico financeiro”


Autarcas criticam “movimento de pânico financeiro”

Executivo do Syriza aprovou lei que obriga entidades administrativas a cederem reservas de tesouraria ao banco central

PÚBLICO / 24-4-2015

O Governo grego abriu uma nova frente de combate, agora com o poder local. A ordem dada às entidades do sector público para entregarem qualquer excedente orçamental para os cofres do Estado foi muito mal recebida pelas associações de municípios gregas.
A popularidade do Governo de Tsipras parece estar a ceder
Bastou um dia para que as críticas à iniciativa do Governo grego, liderado pelo partido de esquerda radical Syriza, começassem a chover. O presidente da Associação das Regiões da Grécia, Kostas Agosastos, descreveu a medida como “um movimento de pânico financeiro” e alertou para o risco de “levar à paragem de obras (estradas, hospitais, escolas) e do investimento”. Os pedidos para que o executivo recue na decisão multiplicaram-se, com o presidente da Associação de Autarcas da Grécia, Georges Patoulis, a alertar para o impacto de uma lei que “põe em causa a planificação dos municípios, compromete o bom financiamento dos seus serviços e danifica a sua capacidade de pagar os salários do pessoal nos próximos meses”.
Grande parte dos municípios gregos é gerida pelos partidos da oposição, pelo que, para o Governo, as críticas já eram esperadas. “Antecipávamos que a oposição utilizasse os autarcas (...) para nos contrariar neste dossier”, disse ao Le Monde um responsável do Syriza.
O executivo liderado por Alexis Tsipras aprovou na segunda-feira um diploma legislativo que obriga as entidades administrativas a transferirem as suas reservas de tesouraria para o banco central. De fora, ficam apenas os fundos da Segurança Social, o que implica a inclusão nesta medida das autarquias e das regiões.
A medida estava já prevista e o Governo de Atenas alega que esta é uma prática comum noutros países da UE. “Leis semelhantes já existem na Holanda, Portugal ou Inglaterra”, disse na semana passada o vice-ministro das Finanças, Dimitris Mardas, citado pelo Wall Street Journal.
A Grécia está sob pressão para encontrar os meios suficientes para poder cumprir as suas obrigações perante os credores internacionais. Só em Maio há dois pagamentos que têm de ser feitos ao Fundo Monetário Internacional — um de 195 milhões de euros, que vence logo no dia 1, e outro de 745 milhões, para dia 12. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, veio garantir que Bruxelas exclui o cenário de abandono da zona euro pela Grécia, mas pediu mais cooperação entre Atenas e as instituições financeiras.

Com o arrastar das negociações com os credores e a indefinição quanto ao futuro da Grécia, a popularidade do Governo parece finalmente estar a ceder. A taxa de aprovação do executivo de Tsipras caiu de 72% em Março para 45,5% este mês, de acordo com uma sondagem publicada no jornal Ekathimerini. Entre os cerca de mil inquiridos é visível também um maior receio quanto a uma possível saída do país da zona euro, com 56% a dizerem-se com “medo” perante esse cenário, contra 45,5% no mês anterior.

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